Capítulo 43 — Encontro com Alicia

O Segredo de Fernanda

Capítulo 43 — Encontro com Alicia

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— O que foi querido, está preocupado com o que? — Fernanda me perguntou acariciando meu cabelo.
Estava deitado na cama, estávamos assistindo um filme, havíamos tido uma sessão de sexo minutos antes e estávamos todos juntos assistindo. Todos Exceto Gabi.
A dias notei que Gabi estava diferente comigo, distante, dispersa e deixando suas obrigações do Harém de lado.
Ela veio me procurar e contar suas aflições, um namorado que ela gostava muito é o que a afligia, ele havia insistido para transar com ela mas ela não queria por que isso obviamente revelaria sua condição de transexual.
Particularmente eu nunca estudei muito sobre a transexualidade me vale mais a cabeça da própria pessoa do que as regras escritas por filósofos e demagogos dos sexos que só sabem assistir porno e se masturbar.
Se Gabi dizia que era mulher e pra sua felicidade e sobrevivência precisa se vestir como mulher e modificar seu corpo para isso, para mim basta, mas faço questão que tudo seja feito com cuidado.
Minha preocupação é que nem todos os homens pensam assim, a maioria esmagadora tem medo desse assunto, pois acham que homens que acham Mulheres Transexuais bonitas, mesmo sem saber que são Transexuais, automaticamente são Gays. E não é assim, O Homem Gay admira a figura do Homem, a figura Masculina. Já o homem que admira a figura da Mulher Trans admira uma figura feminina e simplesmente não liga para o detalhe físico do sexo, para alguns é uma diferença que agrada mais.
Enquanto o filme passava eu nem prestava atenção, apenas pensava em como o cara iria reagir ao segredo de Gabi, se ele seria violento ou se seria amável, se iria terminar o namoro e partir o coração dela ou se iria continuar, será que ele podia mentir para prejudicá-la depois?
Comecei a me arrepender de deixar ela ir sem saber mais sobre o rapaz, eu devia saber mais, muito mais. Isso me fazia falhar com meu deve de mestre e protetor dela, era minha obrigação mantê-la a salvo
— Mestre? — Fernanda me cutucou — Fê? — Continuou a cutucar até que eu olhei para ela
— Oi! Eu! O que foi? — Perguntei sem ter certeza do que ela havia falado
— Você está distante, o que foi?
— Foi a Gabi né? — Marcia falou de um ponto onde eu não podia vê-la
— Sim, to pensando em uma coisa
Humpf — Marjorie deu de ombros
— Ela é louca, o cara vai é socar a cara dela, bem feito — Marjorie debochou
— Bem feito por que Marjorie, ta louca? — Carla tomou as dores
— Ela tem que se colocar no lugar dela e não ficar trazendo problemas
— E qual é o lugar dela? — Carla respondeu erguendo o corpo e se ajoelhando
Todas elas estavam nuas, usando coleiras com correntes penduradas. Eu havia pedido aquele acessório mas mentalmente a noite foi bem turbulenta pra mim
— Gente, gente, isso não ajuda — Paula chamou a atenção de todas — Olha a cara do Mestre, ele ta quietinho, algo não ta certo
— Obrigado Paulinha — Respondi — Estou preocupado, eu não quero falhar com nenhuma de vocês
— Falhar? Olha em volta, você construiu um bunker de guerra pra nós — Marcia falou rindo
Todas riram e eu também
— Não quero prender ninguém, e minhas obrigações com vocês vão muito além do que fazermos sexo aqui e irmos embora, quero proteger vocês, quero ter a certeza que estão bem mesmo não estando comigo. Entendo que não posso controlar a vida de todas, e nem vou tentar isso, mas quero que vocês sempre se sintam seguras e amadas.
Falei o que estava na minha mente.
Fernanda deitou mais para perto de mim e agarrou meu braço direito, abraçando-o. Do lado esquerdo Carla fez o mesmo. Paula se aninhou atrás de Carla colocando a mão no meu peito, Marcia estava esticou a mão e começou a acariciar meu cabelo, Marjorie abraçou Fernanda e com o dedinho ficou desenhando na minha barriga.
Todas juntas de mim, abraçadas, um calor humano de amor e de corpos em chamas indescritível.
— Obrigado por existirem meninas! — Falei sussurrando
Elas me apertaram ainda mais e continuamos em silêncio a ver o filme. Então começou um comercial e eu não estava prestando atenção de verdade até que as meninas começaram a falar
— Para
— Volta
— Ali ali
— Pega o controle!
Não entendi o que elas estavam tentando dizer
Fernanda pegou o controle da TV e pausou, depois voltou um pouco, era um comercial, um trailer de um filme de Super Heróis o nome era \”Fantástica\”.
— Pausa — Marcia falou!
— Péra, já já
O Trailer passava mostrava umas explosões, um bombeiro e uma garota voadora vestida num colante azul e de mini saia.
— Ali! — Fernanda gritou e pausou a TV
Na tela apareceu o rosto da personagem chamada de \”Fantástica\”, sua expressão era severa
— Aí, parece com quem Fê? — Carla perguntou
— Com quem? Sei lá? Parece um pouco a Marjorie com a cara cumprida — Falei meio sem prestar muita atenção — Com essa cara de brava
— Passa mais uma cena, essa aí ta com a cara da Marjorie mesmo! — Paula falou com a voz divertida — Cara de Vilã
Marjorie apenas respirou fundo e não disse nada
Fernanda foi pausando até chegar em uma cena onde a heroína flutuava e a câmera se aproximava dela e seu semblante estava tranquilo e eu mesmo falei
— Caraca, parece a Gabi!
Todas riram!
— Isso, parece a Gabriela! — Marcia falou
— Nossa, que estranho, parece demais ein…
— Aí amor, falei pra você, pare você e a parece a Gabi, vocês são parecidas — Fernanda falou passando passando a mão na mão de Marjorie.
Meu celular tocou, do outro lado da sala. Fiz menção de me levantar mas Paulinha correu e se levantou primeiro
— Eu pego — Correu até o celular e pegou — Toma, é a Gabi!
Peguei o celular
— Alô? — Perguntei levando o celular ao ouvido
— Oi — A voz era baixa e desanimada
— Você está bem Gabi? — Perguntei em alto e bom tom
A resposta não veio, apenas silêncio e uma respiração pesada
— Aonde você está? Estou indo agora te buscar.
— Estou no shopping, no estacionamento.
— Estou indo agora, me espera ok?
— Ta bom…
Ela desligou o aparelho e eu me levantei.
Expliquei para as meninas que o tom de voz não era agradável, coloquei uma roupa e todas queriam ir comigo, mas eu não deixei, mandei elas terminarem de ver o filme que eu iria buscar ela, e pelo jeito teria uma longa conversa com ela.
Depois de muito protesto consegui me vestir e ir. Peguei meu carro novo, maior e fui pega-la.
O Estacionamento do Shopping estava fechado, recebi uma mensagem no celular.
\”Eu vi você passar, estou na outra entrada, já está fechado\” — A Mensagem era de Gabi
Dei a volta no shopping, estava aflito e ela estava parada encostada na grade, uma perna apoiada e a outra no muro, olhava para baixo, cabisbaixa e as mãos estavam para trás.
Parei o carro e dei uma buzinada, ela erguei o olhar lentamente e se aproximou, abriu a porta e sentou, mal respirava.
Olhei para ela e não vi nenhum machucado aparente, apenas uma bochecha bem vermelha, mas acho que era o vento frio que fazia.
Peguei no braço dela e estava gelado
— Você está bem? — Perguntei
Ela colocou as duas mãos no meio das pernas tentando se esquentar e não me respondeu. O Lugar que ela estava era perigoso aquele horário, liguei o aquecedor do carro e arranquei com ele para fora dali.
Fiz algumas perguntas no caminho mas ela não respondia, fui então para a minha casa, onde não havia ninguém, o portão se abriu com o botão do controle remoto e eu entrei.
Parei o carro na garagem e dei a volta, peguei-a no colo e ela abraçou meu pescoço, entrei em casa e coloquei ela sentada no sofá. Deixei as luzes baixas e sentei ao lado dela.
— Gabi, me fala, o que houve?
Ela virou a cabeça devagar para mim, seu rosto estava pálido, apenas a bochecha esquerda estava vermelha.
Sua expressão facial era nula, não sorria nem ria. Assim que nossos olhos se encontraram vi as lágrimas descerem, sua testa se enrugou e sua boca arqueou para baixo, ouvi um chiado fino então ela soluçou começando a chorar, fiz um sinal puxando a mão dela pra mim e ela me abraçou se agarrando meu meu pescoço
Começou a chorar alto, soluçando, parecia um choro de desespero, fiquei bem preocupado, aproveitei para apalpar o corpo dela como barriga, braços, pernas, pescoço, procurando machucados.
O processo de choro continuou por cerca de cinco minutos, então ela diminuiu o ritmo, consegui fazer ela soltar meu pescoço e afastei-a.
Ela respirava e a cada puxada de ar seu corpo magro tremia.
— Você está com frio? — Perguntei preocupado
Ela fez que não com a cabeça, as lágrimas ainda desciam do seu rosto molhando sua camiseta. Levantei rápido e fui até o banheiro, peguei papel e dei para ela, sequei seu rosto em seguida e ela pegou o papel de mim, olhou para ele e estava preto da maquiagem borrada.
Assim que olhou o papel entortou o canto da boca e fez que não com a cabeça, reprovando a maquiagem borrada.
Coloquei o dedo no queixo dela e levantei ele fazendo-a olhar pra mim
— O que houve?
Ela se levantou me encarando e deu um passo em minha direção, sentou na minha perna, ajeitei para que ela ficasse confortável no meu colo. Ela abraçou
— Ele não me quer mais — Falou como em sussurro no meu ouvido.
— Ele te machucou?
— Não — As respostas demoravam a vir, era como se cada palavra gerasse dor.
Coloquei a mão em sua cabeça e cocei seu couro cabeludo, ela suspirou com o cafuné.
— Me conta, o que houve
— Ta bom — Ela respondeu
**** VISÃO DE GABRIELA ****

  — Por isso você não deixava eu pegar em você! — Fabio falou em voz alta
Não pude evitar o canto da minha boca se contorcer e minhas sobrancelhas se arquearem em desespero.
— Não! — Repondi sem bem saber o que estava falando
— Era por que então? — Ele perguntou transtornado, seu rosto estava vermelho
— Era, era por isso, mas eu não queria te fazer mal?
— Se não queria me fazer mal por que não me falou antes?
— Eu tinha medo de você não aceitar — Respondi rápido
— E você achou que se levasse a mentira bastante tempo eu ia aceitar melhor ser enganado
— Não! eu nunca quis enganar você — Meu peito doía, eu sabia que estava tudo ruindo
— Mas você enganou, cara, um mês você me enganou esse tempo todo, eu levei você em casa, te apresentei meu pai, minha irmã, que traição!
— Não foi traição eu, eu, eu estou apaixonada por você — Tentei remediar a situação
Ele me olhou e sua cara era de nojo e reprovação
— Você, você é um cara, você me enganou fingindo que era uma mulher, você é um traveco, você me fez beijar um cara, me fez querer transar com um cara
— Eu sempre quis fazer amor com você, mas eu não sabia como contar o que eu sou — Eu estava nervosa e não consegui conter minha lágrias
Os olhos de Fabio também soltavam lágrimas
— Eu não acredito Gabriela, não acredito
Ela parou um segundo
— Aliás, Gabriela não né, Daniel, você é o tal do Daniel da academia, era tipo uma piada né? Os caras mandam os outros caras pra ficarem com você e você pega os caras e depois riem da situação.
Fiquei extremamente ofendida
— Não, você foi o primeiro cara que eu fiquei com o intuito de namorar, nunca fiquei com ninguém da academia!
— Você cobra pra transar com os caras é isso? — Fabio falou de maneira dura, imagino que a intenção dele era apenas me ofender
— Eu não sou prostituta! — Gritei batendo na mesa da praça de alimentação, muitas pessoas olharam para nós.
— Nem prostituta você é, você é um cara vestido de mulher com uma peruca
— Eu não uso peruca seu babaca! — Falei puxando meu cabelo num tranco forte
— Você não tem peito, não tem curvas, tem as mãos grandes, pés grandes, aposto que seu pau é maior que o meu!
Eu comecei a chorar, isso tudo realmente me ofendia, não teria impacto se fosse outra pessoa, mas ele? Logo ele que eu queria namorar, planejava dividir minha vida. Aquilo bateu fundo em mim.
— Para! — Falei com a voz embargada
Ele ia falar algo mas desistiu, olhou para um lado e para o outro, parecia querer falar algo mas estava em conflito.
— Você não gostou de ficar comigo? — Perguntei quase implorando a resposta positiva
Ele me olhou com fúria
— Não acredito…. olha, você…você…
Ele pegou o celular e se levantou
— Não vai embora, espera — Segurei na mão dele.
Ele deu um tranco e soltou minha mão
— Não encosta em mim — Ele gritou
Em poucos segundos um segurança se aproximou.
— O que está acontecendo aqui moça? — Um homem branco e grande me perguntou se aproximando — Ta tudo bem com você?
— Moça? Não é uma mulher, é um cara! — Fabio falou se preparando pra sair.
O Segurança me olhou de cima embaixo e ficou em silêncio
— Não, está tudo bem — Respondi olhando para o segurança
Ele se afastou um pouco mas ficou de olho em nós.
— Beleza, Daniel né? Mano — Ele esticou a mão para mim, e eu peguei — Não foi um prazer te conhecer, você conseguiu me enganar mesmo, parabéns, amanhã você vai rir muito disso, espero que você não fique bem e desejo nunca mais te ver.
Ele soltou minha mão puxando bruscamente e girou nos calcanhares saiu pisando duro, fui em direção á ele mas senti uma mão no ombro me segurando.
— Espera um pouco, por favor — o Segurança me segurou e em seguida apertou o comunicador — Atenção aí na 14, homem loiro calça jeans azul, camisa polo azul visivelmente alterado saindo, apenas atenção.
— Localizado, ação em cima? Algum problema — A Voz do outro lado do radio perguntou
— Negativo, sem ação, briga de namorados, estou com a mulher aqui — Ele respondeu
— Positivo, conte cinco minutos e libere.
— Positivo.
— Moço, deixa eu ir atrás dele.
— Não, espera um pouco, ele esta alterado, quando ele sair daqui de dentro eu vou com você até la na porta, não quero ele causando problemas aqui no meu turno.
Fiquei em silêncio esperando um pouco, estava aflita e preocupada com ele, então o segurança me perguntou
— Você é mesmo homem?
— O que? — Perguntei indignada
— O seu namorado falou que você era homem
— Olha pra mim, você vê um homem em mim? — falei da maneira mais grossa que eu conseguia
— Você faz programa? — Ele me perguntou disfarçadamente
— Programa do que?
— Se faz, me da seu telefone! — Ele falou cheio de malicia
Serrei meus punhos com ódio, abaixei minhas mãos e fiquei na ponta dos pés tentando ficar da altura dele, olhando bem nos seus olhos
— Vai tomar no seu cu! — Gritei!
Sai andando atrás de Fabio e o segurança não veio atrás. Eu usava uma rasteirinha que estava machucando meu pé, mas não liguei corri pelo corredor procurando ele nas lojas, mas vi as placas do estacionamento então saí na parte de fora do shopping.
Já não haviam muitos carros e eu localizei ao longe o carro de Fabio, e ele ainda caminhava até o carro.
Resolvi correr para tentar alcançá-lo, quando cheguei perto ele chamei
— Fabio, me espera
Ele parou, consegui alcança-lo, o rosto dele estava sem expressão, corri na frente dele e parei de frente
— Fabio, me desculpa por favor, eu, eu, eu acho que te amo, eu falo tudo sobre mim, eu conto tudo, faço o que você quiser
Ele me olhava com o olhar entristecido, mas não esboçava reação
— Fabio, amor, fala comigo
Agarrei seus dois braços que estavam abaixados, ainda assim sem reação, apenas seus olhos me observavam. Eu precisava de uma reação dele, qualquer reação.
Ma aproximei dele e peguei sua cabeça com as duas mãos, dando um beijo, mas sua boca continuou fechada, vi ele piscando o olho e a lágrima descer, seu rosto se contorceu em um choro contido.
Puxei ele pela mão e ele veio comigo, chegamos até o carro dele, eu peguei o controle no bolso dele e aproveitei pra dar um abraço, provavelmente seria o ultimo abraço que eu daria nele.
Abri o carro e ele foi para o banco do motorista, mas eu puxei e coloquei-o no banco de trás, fechei a porta e dei a volta, entrando do outro lado.
Ficamos nós dois no banco de trás do carro.
— Fabio, fala comigo, por favor.
Ele parecia em choque e não respondia
— Me perdoa por isso por favor, você não precisa nunca mais olhar na minha cara, nem falar comigo, mas você precisa saber.
Ainda sem reação, resolvi então falar, ele estava escutando, só não queria esboçar nenhuma reação, estava em choque
— Eu nunca tive a intenção de te enganar, eu nunca tive a intenção de enganar ninguém. Eu não queria namorar até eu estar completamente transformada em mulher. 
Tomei folego
— Foi você quem me procurou e me chamou para sair, e foi culpa sua você ser fofo e maravilhoso e ganhar meu coração — não sei se isso estava soando bem, mas eu precisava falar do jeito que eu estava pensando, eu estava chorando muito e ele apenas ouvia quieto
Então ouvi um telefone tocando.
Não era o meu, e ele também não esboçou reação, apenas me olhava com cara de decepção, puxei do bolso dele o celular, dizia:
\”Alicia Cabeção\”
Era a irmã dele, e foto dos dois abraçados, era muito unidos, falei com ela apenas por alguns segundos.
Peguei o telefone e atendi
— Alo — A Voz do outro lado era fina e suave
— Oi Alice, é a Gabi
— Gabi? A namorada do Fabio?
— Sim, eu mesma — Fiquei aliviada por ela se lembrar de mim, então ele havia falado realmente que eu era namorada dele.
— Por que você atendeu o celular do meu irmão? — Ela parecia ríspida
— Ele não está bem — Respondi falando com cuidado
— Não está bem? O que aconteceu com ele? — Ela perguntou aflita
— Tivemos uma conversa e ele, bem, ele não aceitou tão bem a conversa
— Como assim? O que você falou pra ele?
— Foi uma conversa sobre nós? — Tentei me defender — Coisa de namorado
— Você brigou com ele foi? — Alicia estava visivelmente irritada
— Não briguei com ninguém! — Respondi tentando me defender
— Ele está bem? — Alicia parecia preocupada
— Sim, esta bem, estamos no carro dele, no banco de trás, mas ele não quer falar comigo
— Da o telefone pra ele, ele vai falar comigo — Alicia falou visivelmente irritada
Estiquei o telefone para ele
— Fá, pega, é a Alice, sua irmã, ela quer falar com você — Ele não pegou o telefone, então coloquei no ouvido dele e falei mais alto — Ta no ouvido dele Alicia, pode falar
Ela falou com ele, tentou perguntar algo e ter resposta e as lágrimas apenas desciam dos olhos dele, ele não respondia, peguei o telefone de volta
— Alicia, ele não responde, não ta funcionado
— Ta bom, onde vocês estão agora?
— No Shopping novo aqui perto da casa dele
— Eu sei onde é, estou indo aí
— Estamos no estacionamento na Saída do Boliche
— Chego aí em dez minutos — Alicia desligou o telefone
Fique falando com ele e percebi melhoras na expressão, falei pra ele da minha vida, expliquei como eu me tornei o que sou, como arrumei o emprego mas omiti toda a parte do Harém, achei que isso seria pesado demais.
Contei pra ele que nunca me interessava por homens e sempre por mulheres e ele foi o primeiro cara que me chamou a atenção, não falei do Fernando por que tive que omitir totalmente o Harém.
Ouvi então batidas na janela do carro, era Alicia, abri a porta e saí
Assim que saí vi como estava, usava um vestido preto com as laterais transparentes, tinha um corpo lindo e era muito bonita de rosto, além de ser bastante alta com peitões
Ela me puxou com força da frente e colocou a cabeça dentro do carro para falar com o irmão, sentou no banco e falou com ele, passou a mão no rosto e ele abraçou ela.
Continuou a falar coisas pra ele e depois por vários minutos até que saiu do carro me olhando com fúria.
— Cadê a chave do carro? — Falou sem nem me cumprimentar
Entreguei a chave do carro para ela, ela fechou a porta do carro com ele lá dentro.
Virou em minha direção e cutucou meu peito com força
— Vai falando sua zinha, o que você fez com o meu irmão?
Dei um passo para trás assustada
— Eu não fiz nada! — Me defendi
— Impossível você não ter feito nada e ele ter ficado em choque assim
Ela se aproximava de mim se inclinando, eu andei para trás até encostar na grade do shopping
— Eu não fiz nada! — Falei em tom mais baixo
— A ultima vez que ele ficou assim foi quando minha mãe morreu
Eu não sabia o que dizer, não conseguia pensar em nada, então ela colocou as duas mãos nos meus ombros e me apertou contra a grade
— Vai desembuchando vadia, o que diabos você falou pra ele.
— Me solta! — Peguei nas mãos dela e a empurrei com força, ela deu dois passos para trás e tropeçou no rodapé do poste de iluminação batendo de costas na porta do carro — Meu Deus!
Corri para ela e dei a mão
— Desculpe Alicia, não queria fazer isso! — ela pegou minha mão e eu a puxei — Mil perdões
Ela se levantou novamente e eu vi o quanto era alta
— Me fala exatamente o que aconteceu, mesmo que você não tenha feito nada ele não pode ter ficado assim por nada.
Cruzei os braços, era a muito contragosto mas tinha que contar, o assunto já era aberto.
— Olha, o que eu vou falar não é fácil pra mim — Comecei devagar
— Eu não ligo, fala logo — Ela estava irritada e grossa
— Seu irmão e eu estávamos namorando a mais ou menos um mês
— Eu sei, prossiga — Ela falou fazendo um gesto com a mão para que eu me apressasse
— E ainda não tínhamos transado — Continuei
— Hmmm, e? — Foi grossa e pediu para eu continuar
— Acontece que eu não queria transar com ele por que eu tenho um problema.
— Que problema? Você tem uma DST? é isso? Você não passou nada pro meu irmão não né?
— Não, não tenho doença nenhuma — Me expliquei
— Ufa, ainda bem — Ela colocou a mão no peito e respondeu aliviada em seguida cruzou os braços colocando as mãos embaixo das axilas, devido ao frio
— Acontece que eu não sou biologicamente uma mulher, eu não sou uma mulher de verdade — Dei um tempo para ele entender a situação, ela ficou me encarando sem expressão por uns dez segundos, os olhos dela pareciam um scanner, me olhava de baixo em cima me analisando — Eu falei isso pra ele e ele não aceitou bem.
Sem que eu visse de onde veio senti um forte tapa no meu rosto, foi dor e rápido fazendo um barulho alto, dei um passo pra trás colocando a mão no rosto.
— O que você queria que eu fizesse? Mantivesse o problema e deixasse ele descobrir pro si só?
Ela fez que não com a cabeça e apontou pra mim com o dedo
— Você não devia nem ter começado essa história sua falsidade ambulante. — Ela falou de maneira severa
Ela deu as costas e começou a contornar o carro
— Nunca mais chega perto do meu irmão sua vadia travesti! — ela estava irritada.
— O seu irmão decide a vida dele — Falei desafiando-a
Ela voltou como uma fera pra cima de mim
— Escuta aqui sua vadiazinha, sua puta falsa, você nem é mulher suficiente para o meu irmão, toma vergonha nessa sua cara e entende que meu irmão é quer você, se ele gostasse de você de verdade ele teria te aceitado, se ele ficou em choque assim quer dizer que você destruiu o mundo dele.
Fiquei acuada, minha respiração estava ofegante
— Não adianta chorar eu não tenho pena de você! — Ela gritou comigo vendo meus olhos vermelhos — Se precisar eu quero essa sua cara para te mostrar o que é uma mulher de verdade fui clara?
Fiquei apenas olhando para ela com muito medo, mas ela avançou mais
— Fui ou não fui clara? — Ela perguntou em fúria
Fiz que sim com a cabeça, tinha medo de apanhar e eu não queria mais prolongar aquilo.
Ela deu a volta e entrou no carro e as janelas abaixaram, ela ligou ele e andou um pouco devagar, não conhecia aquele carro.
Olhou para mim e falou
— Vagabunda
Mostrou o dedo do meio e arrancou com o carro.
— Peguei o telefone e liguei para o Fê… 

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Rafaela Khalil é Brasileira, maior de idade, Casada. Escritora de romances eróticos ferventes, é autora de mais de vinte obras e mais de cem mil leitores ao longo do tempo. São dez livros publicados na Amazon e grupos de apoio. Nesse blog você tem acesso a maioria do conteúdo exclusivo.

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