Capítulo 50 — Vá embora
Levei Cris pra casa e em seguida fui pra minha.
Deitei na cama sem trocar de roupa, meus pensamentos iam longe, eu julgava Marjorie como uma pessoa ruim que estava meio perdida e mal orientada e que tinha chance de recuperação, mas Carla havia feito tudo aquilo consciente, e tinha seguido a vida sabendo que a irmã estava destruída. Minha principal duvida era se esse tempo toda Carla sabia ou não sabia do que estava acontecendo.
Acordei de manhã com meu telefone tocando
— Alô — Atendi sem ver quem era
Era Carla
— Amor, estou aqui no hospital, pode vir me buscar?
— Pede um táxi Carla, te espero aqui — Respondi bruscamente e desliguei o telefone,
Me virei e atrás de mim estava Gabi, dormia pesado,e também vestida, parecia que tinha saído para alguma balada, estava encolhida então eu a cobri com um cobertor e ela se aconchegou em mim.
Me virei para ela e fiquei observando-a, passaram-se alguns minutos e ela tentou me ligar de novo, eu não atendi, tentei dormir mas não consegui, me levantei e fui tomar banho, fiquei distraído na banheira, de olhos fechados, até que senti alguém na porta
— Fê, Você ta bem? — Gabi apareceu na porta com cara de sono e a maquiagem borrada
— Estou sim querida, volte a dormir, você chegou tarde né?
— Cheguei, to cheia de soninho — Ela respondeu meiga
— Eu já vou, estou só descansando um pouquinho
Ela saiu do banheiro e voltou menos de um minuto depois só de calcinha, era grande parecia uma cueca boxer, veio em direção à banheiro e tirou-a também, ficou nua, seu pau estava pequenino, ela entrou na aguá e me abraçou sonolenta
— Vou dormir aqui ta? — Perguntou fofinha
— Ta bom — Sorri, era muito bom ficar perto dela, senti o cheio do perfume e relaxei.
Adormeci junto a ela, minha cabeça fervilhava, acordei um tempo depois com passos pesados na escada e depois a porta se abrindo bruscamente.
Carla entrou no banheiro em Fúria
— Ah eu sabia que era essa pirralha, caralho meu — Saiu batendo a porta do banheiro e fazendo Gabi acordar num pulo.
Saí da banheira e me sequei
— Gabi, Fica quietinha aqui ta, eu já volto — Ela ainda de olhos fechados concordou comigo.
Saí e Carla estava emburrada na cama deitada, me aproximei e ela me olhou em fúria
— Antes era aquela puta da Fernanda, agora é essa aí, meu, nem mulher de verdade ela é — Falava mais baixo para Gabi não ouvir.
Me aproximei e peguei em seus cabelos
— Ai ai ai — Ela reclamou
Puxei-a fazendo-a se sentar
— Ta loco? — Ela reclamou quando eu soltei
Fui até a gaveta e abri, tirei alguns papéis eram as cartas que Cris havia me dado, entreguei pra Carla.
Ela pegou e olhou confusa
— O que é isso? — Ela olhou os papeis analisou e olhou pra mim sorrindo — Ah Fe, sério que ela te deu isso, francamente.
Carla se levantou e me devolveu os papeis, tirando os brincos e se preparando pra tirar a roupa, observei-a enquanto ela falava, ela mudou de assunto, falou do pai e do hospital, eu apenas a observei de um lado pro outro, ela ficou de calcinha apenas e parou na porta do banheiro
— Nem tomar banho eu posso né? Ta ocupado — Falou se referindo à Gabi.
Continuei imóvel apenas seguindo-a com a cabeça, ela andou pelo quarto falando mais algumas coisas e percebeu que eu estava imóvel, resolveu me confrontar
— Tá, o que foi que aquela pirralha te falou
O Jeito que ela agia apenas corroborava com a situação, fazia tudo ficar mais verídico.
— Você fez isso mesmo com sua irmã? Se correspondeu com ela como se fosse eu?
— Amor, era uma brincadeira, todo mundo achou engraçado
— Todo mundo quem Carla? — Perguntei azedo
— Eu, ela, todo mundo que sabia
— Sua irmã passou quase uma década indo em psicologo, em psiquiatra e tomando remédio por causa disso
— Não, ela tem depressão e não foi por causa disso, não cai nessa, ela é uma cobra!
— Você nunca falou disso pra ela? — Perguntei apático
— Dar cartas? Pra que? Não tava na cara?
— Carla, ela ainda achava que era eu que tinha escrito isso
Carla se enfureceu
— E é culpa dela por ser idiota, o que ela esperada? Queria roubar o marido da irmã, isso é coisa que se faça, isso é coisa para uma mulher pensar ou se fazer? é um absurdo Fe, vê bem.
A Voz de Carla era alta, Gabi apareceu na porta do banheiro e eu fiz um sinal pra ela voltar. Ela voltou pro banheiro sem falar nada, apenas fechou a porta.
— Culpa dela? — Falei me aproximando — Idiota? Mulher?
Quando cheguei bem perto de Carla segurei ela pelo pescoço, ela agarrou minha mão com as duas mãos
— Você acreditou nela? Ela é uma vadia que queria tira você de mim
Soltei o pescoço dela e segurei seus ombros
— Ela era uma criança Carla, tinha sonhos de princesa, você destruiu os sonhos dela e humilhou-a — Carla ficou apreensiva me olhando — Você sabia disso?
— Sabia, eu fiz por que eu queria dar uma lição nela
— Que lição Carla? Pra uma adolescente boba e inocente?
— Que inocente que nada, desde jovem eu já via a maldade nela!
Empurrei Carla com força, minha intenção era ela apenas ir para trás, mas ela caiu no chão batendo os cotovelos e protestando
— Ai, doeu
Tentou levantar mas eu coloquei o pé na sua barriga
— Fica aí — Fui até a gaveta e peguei uma coleira, a dela ela de prata e linda, a que eu peguei era simples e tinha um F também, joguei nela com força e bateu no peito dela — Coloca essa merda.
Ela pegou e sua cara era de choro
— Essa não é a minha, essa é descartável
— Essa é a sua agora, acostume-se
Ela colocou a coleira e se levantou
Apontei pra cama
— Deite — Eu não tinha expressão, estava triste, tinha que me controlar para não me exceder.
Ela sentou na cama, me olhava desconfiada
— Deita de bruços e enfia a cara no travesseiro.
Ela me obedeceu.
Tirei o cinto da minha calça e olhei para ela, nua, segurei a fivela do cinto na minha mão. Seu corpo era brinquinho e perfeito, seu cabelo tingido de loiro descia nas costas. Segurei sua calcinha enfiada no bumbum e arranquei com violência.
Ela protestou com a voz abafada.
Ergui a mão no ar e o cinto zuncou no ar atingindo-a nas costas, ela urrou de dor.
— Ai Fe!
Levantei a mão de novo e bati novamente, com mais força, dessa vez pegou no bumbum, e antes que ela pudesse reclamar de novo dei outra que pegou no meio de suas costas, todas as marcas estavam vermelhas,
— W ! — Ela gritou pronunciando a letra \”dábliu\”, era sua palavra de segurança— Para, ta doendo!
Ignorei o que ela disse e batei mais algumas vezes, ela se virou colocando as mãos para se proteger e eu continuei batendo, nos braços , nos seios, na barriga, nas coxas, estava em fúria, ela havia acabado com a vida da irmã, tinha despedaçado uma pessoa apenas por egoísmo.
Levantei a mão novamente e senti um tranco, era Gabi
— Para Fê, para! por favor! — Gabi estava molhada e me agarrava segurando minha mão.
Olhei no canto da cama, entre o criado mudo e o guarda roupas Carla se escondia com marcas e cortes sangrando, encolhida e chorando apavorada.
Gabi correu e entrou nua na frente de Carla abrindo os Braços
— Chega Fê!
Olhei para ela e meio que despertei, havia exagerado. Não consegui fazer nada, apenas peguei uma calça e uma camiseta, saí e entrei no meu carro.
Comecei a dirigir a esmo até que o telefone tocou, era Marcia
— Amor? Você ta bem?
— Não sei Japa
— O que houve? — Ela perguntou preocupada
— Eu acho que perdi a mão, bati na Carla
— É eu sei, to no harém, quer vir aqui pra conversar?
Pensei um pouco, precisava falar
— Sim, to indo — Respondi
— Estou te esperando ta, beijinho
Desliguei o telefone, mas ele tocou em seguida, era Paula
— Querido, onde você está? — A Voz dela era preocupada
— Já sabe o que houve né?
— Já sim, e eu sei que a Carla é uma vaca e provavelmente mereceu, mas eu quero saber onde você ta, quero te encontrar
— Estou indo para o Harém, pode ir para lá se quiser
— Ta bom, eu vou agora
Desliguei o telefone
Alguns minutos depois Gabi ligou
— Fê, onde você está? — Ela perguntou assim que atendi
— Estou indo pro Harém, parem de me ligar!
Desliguei a ligação. Mandei uma mensagem no grupo do Harém
\”Estou indo pro Harém, não me liguem\”
Desliguei o telefone, e cheguei no Harém, apenas o carro de Marcia estava lá.
Cheguei na porta e Marcia veio me receber, seu cabelo ainda estava curo mas crescia rápido, seus machucados haviam sumido. Usava um vestidinho roxo até as canelas, era soltinho.
— Oi amor — Ela me abraçou, eu abracei de volta — Que bom te ver.
Ela me puxou pela mão e me levou para dentro do harém. As luzes estavam apagadas e o cheiro era perfumado e agradável, estava quente e gostoso.
Ela me conduziu para a cama e tirou meus sapatos, me deitou e me abraçou
— Quer falar o que houve?
Acariciei o cabelo dela encontrei o que havia acontecido.
Ela ouviu atentamente e quando terminei falou
— Olha, tenho algumas considerações — Ela esperou minha autorização mas eu não falei nada, então ela continuou — O que ela fez com a irmã não se faz, isso faz dela realmente uma vagabunda pior que a Marjorie, mas você também perdeu a mão batendo nela demais, mesmo depois da palavra de segurança dela.
Concordei com a cabeça.
— E o que você espera em fazer agora? — Ela perguntou me encarando.
— Agora? Agora eu quero ficar aqui e pensar no que fazer, pensar se expulso a Carla do Harém e peço o divórcio
— Você acha que o caso é para isso?
A Porta se abriu, era Paula, ela tirou os sapatos e veio em minha direção, usava uma calça Jeans minusculo e bem apertado, em cima um top preto. Deitou do meu lado e me abraçou
— Você ta bem Fê? A Gabi me falou o que houve.
Seguei Paula de um lado e Márcia do outro, alguns minutos depois chegou Fernanda
— Onde está Marjorie? — Perguntei assim que a vi
— Ela está fazendo um curso, no centro. — Acho que ela vem já já.
Fernanda vestia uma camiseta branca e uma saia jeans, se aproximou e me abraçou na altura da cintura, ficou quietinha.
As meninas ficara comigo, falando trivialidades, tentando me distrair, eu percebi que ela falavam por mensagem o tempo todo.
Elas fizeram pipoca e colocaram um filme, vimos e depois de mais de duas horas a porta se abriu, Gabi e Marjorie entraram juntas.
Marjorie se aproximou e se sentou do meu lado
— Oi — Falou tímida
Gabi voltou e puxou Carla, seus olhos estavam vermelhos, e ela usava uma roupa de manga cumprida.
Olhei para ela e a chamei, ela veio devagar e Márcia saiu do meu lado, ela se deitou do meu lado, Gabi ficou nos meus pés.
— Por que Carla? Por que fez isso? — Perguntei
— Me desculpa, eu mereci a surra, eu sou muito mal
— Você não está arrependida Carla, por que você quis destruir a vida da sua irmã?
Ela começou a chorar?
— Eu não queria destruir a vida dela, eu só queria ensinar uma lição para ela.
— Você entende que sua irmã perdeu grande parte da vida devido a sua atitude?
— Entendo
Eu não vou perguntar se você se arrepende por que isso esta claro pra mim, você não se arrependeu.
Ela ficou em silêncio.
— Carla, vai embora! — Falei sem olhar pra ela.
As meninas se olharam assustadas
— Embora pra onde? — Carla perguntou em pânico
— Por hora, vá pra casa, vou pensar no que fazer com você
Ela se levantou e eu segurei no braço dela
— Não tire mais a coleira, e na minha presença você vai andar de quatro.
Ela olhou para as meninas, que desviaram o olhar, ela então se ajoelhou e caminhou de quatro até a porta.
— Fê eu te amo, não esquece. — Ela falou na saída olhando para trás
— Saia! — Falei ríspido.
Ela abaixou a cabeça e saiu.
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