Capítulo 95 — Fala pra mim
Não respondi a mensagem de Rosa. Faltei no hospital por dois dias seguidos, não respondi as mensagens de Rosa.
Entrei normalmente e sem falar com ninguém, trabalhei até quase o fim da tarde, fui chamada para fazer plantão até de madrugada, eu estava descansada, podia fazer, Rosa não ficava de madrugada então seria uma ótima.
Fiz o plantão, trabalhei normalmente e não encontrei nem Rosa nem Kelly.
Eu havia levado um vestido limpinho para poder colocá-lo sem ir ao vestiário, ele era cumprido e amarelo claro, eu gostava dele por que a saia era dividida em duas partes embaixo e tinha pano duplo, em cima tinha um decote comportado, parecia uma roupa de princesa da Disney em tons mais modestos.
Peguei meu carro e fui para casa, estava exausta, quando cheguei na porta do condomínio eu vi Rosa, estava em pé de braços cruzados na porta, assim que eu a vi ela me viu também.
Parei o carro ao lado dela e abri o vidro
— Você vai parar de fugir de mim ou não? — Rosa falou severa
— Não quero falar com você
— Deixa de ser infantil! — Rosa deu a volta no carro e pegou na maçaneta puxando, estava trancado, ela bateu no vidro — Abre a porta Fernanda!
Resisti por uns segundos e ela deu um grito e um soco no vidro, abri a porta, não queria escândalo.
Ela entrou e eu dei ré com o carro, ela não colocou o sinto, ficou sentada de lado, virada de frente pra mim com os braços cruzados, andei uns quarteirões, entrei em uma rua cheia de arvores e deserta, parei o caro e olhei pra ela.
— O que você quer de mim? — perguntei seca
— Que você fale — Ela falou irritada
— O que você quer que eu fale
— Por que você está me ferindo tanto assim, o que eu fiz pra você? Por que você me odeia tanto assim?
— Eu não te odeio
Ela fez que não com a cabeça
— Olha, eu já não tenho mais lágrimas para chorar por você
— Eu não quero que você chore
— Cala a porra da boca! — Rosa gritou
— Olha, se você for ficar descontrolada eu vou embora
Rosa se precipitou e tirou a chave do carro
— Vai embora porra nenhuma!
— Eu ainda posso sair e pegar um taxi! — Falei sendo lógica
Num movimento rápido ela tirou uma coisa da bolsa e bateu no meu pulso, depois bateu no cambio do carro, tentei me desvencilhar mas não consegui, quando entendi o que estava acontecendo olhei par ao objeto prateado, era uma algema de metal
— Rosa, tira isso de mim, eu não to brincando! — Falei em fúria
Meu celular estava no meio das minhas pernas, era um costume, ela meteu a mão para tentar pegar, eu tentei resistir e lutei com ela, mas ela conseguiu, pegou o celular de mim
— Tira essa algema de mim sua louca, está me machucando — Gritei
— É só não ficar puxando que não vai te machucar, a chave ta comigo — Ela falou tranquila
Me deixa sozinha aqui que eu ligo pra sua esposa do seu celular e conto tudo
— Tudo o que? — Falei desesperada
— Vou contar pra ela a vagabunda que você é, o que você está fazendo com ela
— E o que eu to fazendo com ela pelo amor de deus Rosa? — Eu estava nervosa e tremendo
— Meu marido me perguntou por que eu estava chorando e eu falei pra ele, falei que transava com uma mulher a mais de anos e que estava apaixonada
— Por que fez isso?
— Eu não aguentava mais viver essa mentira
— E o que ele disse? — Perguntei preocupada
— Ele não foi agressivo, apenas arrumou as coisas dele e mandou eu enfiar a casa e o carro no cu, foi embora, acho que já esperava isso.
Não respondi, fiquei esperando
— Mas sabe o que ele me falou a mais? — Rosa parecia se divertir, mas tremia também
— O que?
— Ele disse que minha filha mais nova, a Kelly era lésbica por causa de mim
— O que isso tem haver? — Perguntei sem entender
— Ele disse que é meu DNA estragado — Rosa falou fazendo uma voz de deboche
— Eu não fiz você virar Lésbica Rosa, você que deu em cima de mim quando eu era a sua Aluna
— E parece que a história se repete não é mesmo? — Rosa falou cruzando os braços de novo — A professora dando em cima da aluninha indefesa
— Foi ela que me beijou primeiro
Rosa franziu a testa
— Quem te beijou? De quem você ta falando?
Tomei um susto, achei que ela tinha descoberto sobre a Kelly, mas pelo visto não
— De ninguém, para de me encher o saco, to cansada, tava no plantão quero ir pra casa
— Me explica isso direito — Rosa falou severa — Eu sei que você está seduzindo minha filha, você já beijou ela?
— Eu não estou seduzindo ninguém! — Falei também em voz alta — Também, se tivesse, ela é maior de idade e eu também, você não tem nada com isso
— Ah se tenho! — Rosa parecia muito nervosa — Se você mexe com a minha filha, mexe comigo
— Mas eu não mexi com a sua filhinha ta legal — Falei de maneira provocativa — Sua filha é igual a você, quando quer algo não para de encher o saco até conseguir
Rosa ficou me olhando, o olho esquerdo tremelicando
— Fernanda, você ficou com a minha filha?
— Rosa, o que adianta você saber disso?
— Responda, sim ou não — Ela aumentou o tom de voz
— Não! — Menti — Era isso que você queria, não fiquei com ela
Ela ficou me encarando, olhando todas as partes do meu corpo e fez que não com a cabeça.
— Não acredito em você, achei que te conhecia mas to vendo que não, me fala a verdade — A voz dela era branda
— Estou falando, não estou tentando seduzir sua filha, pelo contrario, depois que soube que era sua filha eu sequer falo com ela e ela está insistindo para sairmos de novo
— De novo? — Rosa gritou
Eu fechei os olhos, estava cansada e me traí sem querer. Encostei a cabeça no voltante
— Preciso dormir, estou a umas vinte horas acordada, vamos conversar quando eu estiver descansada por favor
Ela continuou olhando pra mim incrédula
— Da a chave do carro — Estiquei a mão
Ela não respondeu, olhava para mim com Ódio.
— Da o celular então, ele é novinho não quebra ele por favor — Falei tentando mudar o rumo da conversa
Rosa pegou o celular e acendeu a tela, era bloqueado por digitar
— Coloca seu dedo aqui — Mostrou o celular pra mim
Tentei pegar ele mas ela tirou do meu alcance, enfiou a mão na bolsa e puxou um objeto que eu entendi rápido o que era, um canivete com o cabo preto e uma lamina prateada
— Não me faça usar isso em você sua vaca! — Rosa falou descontrolada
— Agora eu sou vaca, só por que eu não te quero eu sou vaca? — Tentei argumentar — Abaixa essa faca, guarda ela agora e eu esqueço que você puxou ela pra mim
— Desbloqueia a porra do celular! — Ela falou mostrando pra mim e apontando a faca
— Rosa, se você não abaixar a faca agora não tem mais volta isso! — Falei severa
Senti a hesitação dela, a mão dela abaixou devagar e depois voltou onde estava
— Coloca esse dedo de merda aqui — Mostrou o celular pra mim
Muito a contragosto eu coloquei o dedo e o celular desbloqueou
Ela mexeu no programa de mensagens e eu fiquei olhando, entrou na filha dela e procurou o texto, não achou nada pois eu havia apagado as insistentes mensagens da filha dela, me arrependi amargamente.
Rosa trocou a faca de mão com o celular e apontou-a para mim
— Eu vou ligar pra minha filha, se você der um piu eu te esfaqueio te de deixo aqui sangrando até a morte e você sabe que eu faço isso
Ela pegou o celular e ligou pra filha, colocou no viva voz. Depois toques depois Kelly atendeu
— OOooiiiieeeee — Estava animada
— Como você está — Rosa fez uma voz rouca e depois tossiu
— O que aconteceu com sua voz? — Kelly perguntou
— Minha garganta está inflamada! — Rosa mentiu e tossiu de novo
— Tadinha, quer que eu vá aí cuidar de você Bebê?
— Não precisa — A voz era como se forçasse a garganta
— Por que me ligou? Eu achei que não queria mais falar comigo depois daquilo
— Daquilo o que? — A Voz de Rosa foi quase normal
— Ah, Fê, daquilo né! — Kelly falou envergonhada
— Fala pra mim novinha — Rosa perguntou tentando colocar a filha em uma arapuca
— Ah, você sabe! — Kelly riu — Tenho vergonha
— Fala que eu prometo repetir — Rosa era ardilosa
— Depois a da gente ter feito amor daquele jeito gostoso
Rosa me olhou e vi as narinas dela se abrindo, ela ficou em silêncio
— Fê, amor? Vamos marcar de novo? Amor?
Rosa simplesmente desligou o telefone, a perna dela sacudia para cima e para baixo, ela ficou olhando pra mim sem dizer nada, eu também não disse nada.
A Perna dela mexia cada vez mais rápido, ela bateia com a faca na própria perna e seu olhar estava perdido, a faca estava fora do meu alcance
— Rosa, se acalma — Assim que falei vi um movimento rapido da rosa
Senti um impacto direto no rosto, no nariz e minha cabeça bateu no vidro, quando o impacto se foi meu nariz começou a latejar
— Aaaaaiiiii — Passei a mão no nariz, estava doendo — Você quebrou meu nariz rosa!
— Eu vou quebrar todos os ossos do seu corpo sua prostituta vagabunda desgraçada, você aliciou minha filha
— Eu não aliciei ninguém — Sentia o sangue escorrer por minha boca — Passei a mão e vi o sangue — Olha o que você fez! você tá louca
— Não mexe com a minha família! — Rosa gritou
Gritei de volta
— Eu não mexi com ninguém, sua filha é lésbica igual você e ficou insistindo, ela me venceu pelo cansaço, me pegou num momento de fraqueza
— E você comeu ela! Transou com ela — Rosa balançava a cabeça transtornada — Você não controla a sua buceta não, transou com o enfermeiro para eu ver, beijou minha filha — ela sacudiu a cabeça — Chupou a buceta da minha filha, o que você quer da vida?
— Eu só quero paz! — Falei com dificuldade, minha voz saía anasalada — Me deixa sair daqui, por favor
— Não, você não vai sair até eu falar o que eu preciso falar pra você
— Então fala logo — Olhei para baixo, meu vestido estava sujo de sangue — Está sujando toda a minha roupa
— Como você pôde? — Rosa perguntou incrédula — Você pensou em mim quando transava com ela? Usou nossos apelidos secretos? Usou nossas posições?
A Verdade é que eu tinha um jeito de transar, e era sempre o mesmo, óbvio que eu tinha usado as mesmas posições e até uns nomes ou outros iguais carinhosos
— Claro que não, você é única
— Hipócrita! — Rosa gritou comigo — Vagabunda, piranha, filha da puta, traidora!
Fiquei quieta, ela balançava a faca em minha direção
— E a Roberta? — Rosa perguntou — Ficou com ela também?
— Sua filha mais velha? — Perguntei
— É!
— Não, eu a vi só uma vez e ela estava com você, nunca troquei uma palavra com ela — Isso era absoluta verdade
Ela olhou pra mim e fez que sim com a cabeça, olhou pra fora e depois pra mim de novo, as lágrimas caíam dos olhos dela
— Por que você é assim?
— Assim como? — Perguntei
— A gente podia ter tudo, podia ter o mundo, viajar juntas, ter uma família, seríamos felizes e bem sucedidas, um casal lindo e apaixonado para
Interrompi ela
— Eu não te amo, não ia dar certo
O olhar dela voltou a ser de ódio
— Você ama a lésbica bonitona da sua esposa né
— Sim, amo
— Você ama também aquele cara lá que brinca com você de chicote?
— Amo — Respondi sucinta
— Você ama todo mundo menos eu
Não respondi, desviei o olhar, ela encostou a faca no meu queixo e fez eu levantar a cabeça
— Eu to falando, olha pra mim quando eu estiver falando
A Faca ficou suja de sangue do meu Nariz que ainda latejava, ela limpou na própria calça.
— Então fala, fala o que você tem pra falar Rosa, fala e me solta pra eu ir pro hospital cuidar disso
— Você não manda em mim — Ela apontou a faca pra mim e cutucou meu seio, eu pulei pra trás de susto
Ela ficou batendo com a faca na minha perna, então ela deu um berro, um acesso de raiva e começou a esfaquear o painel do carro bem onde estava o air bag, fiquei torcendo para explodir na cara dela mas nada aconteceu, ela continuou a enfiar a faca e a berrar, olhei em volta e não havia ninguém perto, eu havia parado numa rua daquelas mortas, de proposito e isso poderia ser meu fim.
Resolveu então mexer no meu celular
— Harém! — Ela falou quando viu o Aplicativo de mensagens — É essa merda que você faz parte né, você uma concubina Fernanda? Quer vergonha, tanto potencial desperdiçado
Fiquei quieta, se ela falasse logo pararia logo
— Esse Fernando é ricaço né?
— Sim — Respondi
— A Sua esposa, a Marjorie também é montada na grana né? — Ela estava debochando
— Sim
— Entendi, eu sou rica mas pelo visto não chego aos pés dos dois né
Eu não respondi
— Responde desgraçada, quando eu falar com você você me responde
— Eles são milionários não ricos
— Entendo, pra ter sua pepequinha dourada precisa ter muito dinheiro né?
— Não
— E o que precisa então
— Eu sei lá Rosa, o que manda no coração?
— Pra você, pelo visto é dinheiro — Ela riu debochada — Por que eu sei que você é toda humildona, casa da periferia, escola publica e cursinho publico, uma pé rapada como você é comum que faça tudo por dinheiro para não voltar pra pobreza
Não respondi
— Quero saber por que essa gente te aceitou e o que você faz pra dar essa chave de buceta neles, por que isso é um golpe, esta na cara.
Fiquei apenas olhando tentando manter a calma
Ela ficou lendo as mensagens e olhando, o carro começou a esquentar
— Rosa, ta quente, liga o ar condicionado
— Cala a boca! — Ela ordenou e ficou olhando o celular distraída.
Rosa então deixou a faca perto da minha mão, eu sabia que não iria conseguir pegar, sabia que ela estava me testando era uma pessoa muito inteligente, o pensamento dela era rapido, avançado e a memoria excelente, ela não esqueceria nada ali.
Resolvi esperar um vacilo real dela enquanto tentava conter o sangramento do meu nariz, olhei no espelho e embaixo dos meus olhos já estava ficando preto.
Depois de quase uns dez minutos de silêncio o carro estava muito quente, o sol batia e tanto eu como ela suávamos
— Olha, eu tenho duas opções — Ela falou me olhando com a cara tranquila
— Quais? — Perguntei
— Ou eu te mato aqui ou conto tudo pra sua esposa
— Tudo o que? — Perguntei
— Tudo, que você e eu estamos juntas a quatro anos, que você transou com a minha filha que você transou com o enfermeiro e posso até ampliar isso, a Cris, aquela que sua esposa pegou no passado e que você não gosta
— O que tem a Cris? — Perguntei apreensiva
— Vou falar que você transou com ela também
— Por que? — Peguntei assustada, ela não poderia saber da verdade
— Por que você merece mais confusão possível
— Depois disso vou falar com a diretoria do hospital que você transou com o enfermeiro e com a minha filha no prédio
— Eu não transei com sua filha no prédio! — Falei alto
— Ah não? — Ela pensou — Deve ter levado ela pro nosso motel né? — Ficou me olhando e eu não respondi, ela fez que não com a cabeça e sussurrou — Vagabunda
Voltou a olhar o celular
— Sabe o que me magoa Fernandinha? — Ela falou em tom irônico
— Não sei — Respondi contrariada
— Que você dizia que minha idade não fazia diferença, que eu era linda e bela mesmo me achando uma velha, aí você me da um pé na bunda e me troca por uma versão mais nova minha.
— Ela não se parece com você, eu não sabia que era sua filha — Respondi
— Normalmente quando a gente termina um namoro marcando a gente ficar meio na fossa, mas você não, você sai dando essa merda aí — cutucou o meio das minhas pernas com a faca — Você tem problema garota, só pode.
Ela se virou no banco
— O que você tem na cabeça? — Era uma pergunta retórica, ficou uns dois minutos me olhando — Nada, você não tem nada nessa cabeça oca, talvez seja melhor arrancar ela
As ameaças faziam meu coração acelerar mas eu queria manter a calma, parecer calma e tranquila mesmo não estando.
Rosa ficou mais uns minutos com o celular na mão e depois colocou-o no painel, pegou o próprio celular e discou, fiquei observando, ela colocou no viva voz
— Alo, mãe? — A voz era de Kelly
— Alo, filha, é a mãe, preciso falar com você
— Não posso falar agora mãe, estou ocupada
— Pode falar sim, vai para um canto aí que o que eu tenho que te falar é bem importante
— Tá — Ela respondeu e em alguns segundos voltou — Fala mãe
— Filha, a mãe sabe que você é lésbica — Rosa falou deu uma vez
Kelly gaguejou
— Quem, quem falou isso? — Kelly parecia nervosa
— A sua amiga de foda, a Dra Fernanda
Kelly ficou em silêncio
— Do que você ta falando mãe?
Rosa então fez a voz que tinha ligado para a filha do meu celular
— Eu estou com a garganta inflamada filha, acho que é o cigarro — tossiu em seguida
— Eu posso explicar mãe — Kelly falou
— Ela te seduziu e te aliciou né? Ela é uma vaca mesmo, conheço essa cadela a tempos
— Não mãe, ela não fez nada, eu que fui atrás dela e enchi o saco dela até ficar com ela
— Vocês se amam? — Rosa perguntou me olhando
— Não mãe, só saímos, que pergunta é essa? Onde a senhora tá?
— Eu falo com você depois
— Eu estou apaixonada por ela mãe, ela é demais! — Kelly completou como um ato desesperado de se libertar
— Entendi, tchau — Rosa desligou o telefone
Pegou a faca e ergueu o braço, bati na trava da porta e me joguei para trás, a faca pegou na minha perna, entrou fundo, gritei de dor e desespero.
Eu estava com metade do corpo fora do carro e a mão presa no cambio pela algema, Rosa veio para cima de mim, peguei a faca e arranquei da minha perna, tentei esfaqueá-la no peito mas ela foi para trás, abriu a porta rápido e ficou fora do carro.
A bolsa dela e meu celular ficaram dentro do carro, ela tentou pegar a bolsa mas eu bati com a faca
— Afasta, fica longe de mim! — Gritei
E comecei a gritar
— Socorro! Socorro — Na esperança de alguém ouvir
Mas parecia que ninguém ouvia, a lufada de ar que vinha de fora me refrescava, minha perna estava latejando de dor.
Ela fez que ia pegar a bolsa e eu precipitei com a faca mas ela pegou o celular e depois riu
— Você ta tão fudida, eu não queria ser você dessa vez!
— Rosa, você está louca, pra que tudo isso?
Puxei a bolsa dela e coloquei no chão do lado do motorista onde eu estava
— Socorro, Socorro — Eu gritava, ela correu e deu a volta no carro pois entendeu que eu não conseguiria me virar e me defender.
Mas ao inves de atacá-la eu fechei a porta do carro, me estiquei pelo outro lado e fechei a outra porta, bati na trava e todas as portas foram trancadas, fiquei dentro do carro fechada.
— A chave! — Falei pra mim mesma
Comecei abri a bolsa dela e joguei tudo no banco, Rosa estava Selvagem xingando e batendo no vidro do carro, dava pontapés na porta e me ameaçava me xingando.
Eu estava focada em encontrar a chave das algemas, achei a chave do carro, coloquei-a no contato. Então o vidro explodiu ao meu lado.
Rosa havia batido com uma pedra, me agarrou pelo pescoço me sufocando
— Eu vou matar você sua prostituta rampeira, vadia do caralho!
A faca caiu no chão e eu não conseguia alcançá-la, passei a mão no painel e encontrei a chave que havia colocado, girei e o painel se acendeu, eu estava quase perdendo a consciência.
Rosa começou a bater na minha cabeça, primeiro com a mão e depois com uma pedra, consegui ligar o carro, engatei a marcha e acelerei com tudo
O carro arrancou com força e correu por uns 100 metros na rua, Rosa veio grudada no meu pescoço gritando então senti um impacto forte e Rosa me soltou. O carro havia batido em algo.
Consegui respirar e puxei o ar umas quatro vezes, olhei no espelho e eu estava com sangue descendo da cabeça, olhei para fora e Rosa se levantava com um pedaço de ferro nas mãos, engatei a marcha Ré e o carro andou ao contrario, eu não olhei para trás, só parei quando bati em algo novamente e minha cabeça bateu no banco com força.
Rosa continuava a vir correndo em minha direção. Engatei a marcha novamente e acelerei dessa vez em direção a ela, ela entrou na frente do carro mas eu desviei subindo na calçada e atropelando umas lixeiras, olhei pelo retrovisor e ela gritava no meio da rua, acelerei o maximo que pude e me distanciei dali por uns dois minutos.
Parei o carro então, um homem parou do meu lado
— Moça, o que houve, você está bem
— Chama a policia pra mim, por favor! — Falei assustada — No fim dessa rua — Apontei pra trás — Tem uma louca que ta tentando me matar
— Ta bom — o cara pegou o telefone
Eu comecei a fuçar no banco procurando alguma coisa e vi que as coisas da bolsa dela tinham voado pelo carro, comecei a fuçar no assoalho e achei a chave da algema. Abri e soltei meu pulso aliviada.
Olhei no espelho retrovisor, eu estava péssima, nariz quebrado e sangue descendo pela cabeça, passei a mão e vi que era um corte fundo.
— A policia esta vindo moça — O Homem falou — A senhora não quer sair, senta aqui, vou pegar uma água pra você
— Quero água! — Falei sem nem saber que era aquele homem
Ele entrou na casa correndo então minha mente começou a trabalhar
\”Fernanda, você tem que ir para um hospital\”
Fechei os olhos
\”A Rosa ficou com o telefone, ela vai ligar para a Marjorie\”
Abri os olhos e fiz o caminho até em casa mentalmente. Rosa deve ter me mantido presa uns vinte a trinta minutos. Arranquei com o carro sem esperar a água e fui em direção a minha casa. Entrei na estrada em um transito violento me segurou, eu sabia que havia uma alternativa mas não conseguiria mais voltar.
Peguei o transito com as pessoas olhando para mim, peguei lenços umedecidos no porta luva e tentei me limpar, fiquei menos terrível.
Cheguei em casa com quase quarenta minutos. Passei rápido pela portaria, acelerei o máximo que pude e cheguei em casa.
Marjorie estava sentada no balcão, vestia calça jeans e uma camiseta branca, estava linda e olhava para o celular e usava um fone de ouvido sem fio.
Quando cheguei ela me olhou de baixo em cima, viu que eu estava ensanguentada, rasgada, suja e péssima.
Ela tirou o fone de ouvido calmamente e disse:
— Fala pra mim que você não sabe quem é Rosa.
Publicar comentário