Capítulo 104 – Prontas

O Segredo de Fernanda

Capítulo 104 – Prontas

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Carla olhou no celular e viu a mensagem de Fernando
\”Estou chegando\”
— Que merda — Carla exclamou levantando-se rápido
Correu em direção à porta da casa, tinha intenção de receber Fernando antes que ele visse Flávia, mas assim que chegou na cozinha viu os dois se encarando em silêncio, quando ela entrou Fernando a indagou
— É você Carla que vai me dizer o que essa pessoa está fazendo aqui?
— Ela é sua irmã Fernando, não uma pessoa — Carla o rebateu no mesmo tom áspero
— Tem razão, ela não é uma pessoa, é um bicho!
— Para Fê, vamos conversar — Flávia implorou
— Conversar? — Fernando coçou o queixo e respirou fundo, andou em volta de Flávia, circulando a sala, olhava-a debaixo em cima analisando-a com cuidado — Eu acabei de chegar e estou exausto
Mari, Márcia, Cris e Fernanda entraram na sala
— O que houve? — Perguntou Mari vendo Fernando com expressão de poucos amigos
Fernando olhou para Fernanda, ela deu um sorriso para ele, mas a única coisa que ele fez foi colocar as duas mãos no rosto e esfregar em agonia. Deu as costas paras as meninas e se dirigiu a escada que subia para o Harém, subiu dois degraus e parou.
— Vou tomar um banho, e em vinte minutos quero que vocês expliquem o porquê de eu não poder me ausentar dessa casa sem que isso aqui se transforme num bordel.
Subiu mais um degrau
— Quero vocês prontas! — Exigiu
Subiu as escadas devagar, as meninas se entreolharam, assim que ele estava fora de vista Flávia saiu pisando duro, voltou para o quarto onde estava com as crianças, as meninas foram atrás dela.
Quando chegaram no quarto Flávia já havia jogado a mala velha e suja em cima da cama e começava a jogar roupas dentro
— O que você vai fazer Flávia, tenha calma — Carla falou se aproximando da cunhada
— Calma? — Flávia respondeu áspera fazendo Carla se lembrar de Fernando — Ele não me quer aqui, isso ele deixou claro, o cara me odeia, eu agradeço pela noite e pela comida, mas pra mim está óbvio que eu não sou uma pessoa bem-vinda aqui
— Claro que é! — Mari rebateu — No Harém somos uma família
— Harém? — Flávia perguntou olhando para todas — O que é isso aqui? Um prostíbulo dele?
— Não, ninguém aqui ganha dinheiro algum pra ficar aqui — Márcia respondeu
Flávia olhou para ela e fez que não com a cabeça e voltou pra mala
— Vocês dão pra ele e ele sustenta vocês são isso?
As meninas ficaram em silêncio, mas Fernanda tomou a frente
— E se for isso Flávia? Se for de comum acordo pode ser isso sim, trabalhamos e estudamos, somos mães e temos vida também, não somos — fez aspas com as mãos — \”Só isso\”
Flávia sentou-se na cama
— Olha, eu agradeço a boa intenção de vocês, seja lá o que vocês forem aqui nesse lugar estranho chamado Harém, mas boa intenção não vai ser suficiente, o cara que manda em tudo aqui pelo que eu entendi é o Fernando e ele simplesmente me odeia
— Mas o que aconteceu para ele te odiar tanto — Cris indagou
— O que aconteceu? — O Olhar de Flávia parecia perdido, olha olhou através de Cris, riu brevemente e respondeu — Se eu te disser que não sei você acharia um insulto à sua inteligência?
— Não, eu entendo que os problemas que temos as vezes podem ser traumáticos e podem nos fazer esquecer involuntariamente — Márcia retrucou
— Involuntariamente — Flávia riu — Interessante — Ela pensou por uns segundos — Carla, o que seu irmão falou de mim, além de dizer que eu sou uma vagabunda, vadia, traidora ou algo desse tipo
— Ele fala pouco de você, qualquer coisa que envolve seu nome ele simplesmente ignora e muda de assunto. Ele não te ofende nem tira conclusões sobre você.
— Bem, meninas, vamos nos vestir, ele disse que nos quer prontas — Mari falou preocupada
— Prontas? — Flávia disse
— É, como a boca aberta disse, isso é um Harém, e o Fernando controla aqui — Carla falou — Ele exige que a gente se vista de maneira padronizada
— Uniforme? Por que vocês aceitam isso? — Flávia questionou indignada
— Todas nós estamos aqui por livre e espontânea vontade, podemos ir embora a hora que quisermos, como já aconteceu outras vezes com outras meninas
— Ah, tinha mais pessoas é? — Flávia respondeu quase em deboche
— É — Mari jogou pra ela um saquinho com roupas e entregou para cada uma das meninas, todas saíram do quarto para ir tomar uma ducha e se vestirem em seus quartos
Mari foi a primeira a colocar a roupa, era uma meia branca fina até no meio da coxa, uma saia plissada azul escura com uma estampa xadrez quase imperceptível e uma camiseta branca semitransparente. Por baixo uma calcinha fio dental branca e um sutiã também branco fazendo-o se destacar na camiseta semitransparente.
As meninas foram chegando e Flávia gritou do quarto
— Eu não vou colocar isso! Pode esquecer — Saiu do quarto vestindo as meias e a saia, apenas de sutiã — É ridículo, eu sou a irmã dele!
— Eu sei, vamos seguir a regra, por favor — Carla falou tentando colocar panos quentes no assunto que já era perigoso
Flávia entrou no quarto e voltou minutos depois
Havia colocado um macacão bem justo, branco e havia colocado saia por cima e a camiseta semitransparente
Carla torceu o lábio
— Melhor que nada, vamos — Carla foi até a escada e começaram a subir até que ela parou — Mari, a Cris vem?
— Vou ver — Mari voltou ao quarto e as meninas começaram a subir
Cris estava sentada na beira da cama, vestida com a roupa completa, de pernas Cruzadas
— Eu não sou membro do Harém Mari, não tem porque eu ir — Cris disparou assim que Mari apareceu
— Eu sei, a Flávia também não é e vai, ela está lá em cima já, vamos que sabe…
— Quem sabe o que? Quem sabe ele tem pena de mim e me faz membro desse lugar? aí eu paro de morar de favor?
— Não foi isso que eu disse! — Mari se defendeu
Cris se levantou
— Preciso arrumar um lugar pra ir morar, isso é humilhante.
Levantou-se e saiu em direção as escadas, Mari saiu para a piscina e avisou a Babá que iriam demorar, quando a moça a viu arregalou os olhos, achou estranho, mas não disse nada.
Quando subiu as meninas estava em pé esperando por ela e Fernando estava olhando, o olhar dele era desconhecido para ela, jamais tinha visto ele tão irritado assim, Mari se posicionou ao lado das meninas, faziam uma fileira ombro a ombro
Fernando levantou-se mexendo no pescoço, parecia dolorido
Apontou para Cris e depois para Flávia
— Você e você não fazem parte, mas podem ficar.
Andou para trás novamente e continuou
— Por que não me falaram disso — Apontou para a barriga da Fernanda e depois para Flávia — e disso? — Então apontou para Carla
Carla respondeu
— Eu não queria atrapalhar seus negócios, sabia que você estava focado no trabalho, não queria te preocupar, mas as duas estão bem.
— Quanto tempo você tem de gravidez — Falou ríspido perguntando a Fernanda, precisava entender
— É seu Fê, seu filho, pode ficar tranquilo
Um sorriso quis aparecer no rosto de Fernando, mas ele segurou passando a mão na boca
— Ok — Respondeu tenso
Parou em Frente a Flávia
— E você, o que quer aqui?
— Eu acho que esse assunto é delicado demais para tratar em público, se você quiser conversar, seja homem e fale comigo a sós — Flávia o desafiou no mesmo tom áspero
— Ah, ser homem — Fernando repetiu e riu — Interessante
Olhou em volta e encarou Mari
— Ela é gente boa né Mari, bonita, inteligente, fala bem, o que você acha? — Fernando perguntou
Mari não respondeu, parecia nervosa, Fernando pegou a mão dela e deu um beijo, colocando a palma no próprio rosto
— Fala — Incentivou delicado
— Ela é, eu acho — Mari respondeu insegura — eu acho que é, eu gostei!
Fernando se aproximou e deu um beijo nos lábios dela, e fez Mari ficar mais calma
— Você é linda novinha! — Ele falou só pra ela fazendo-a sorrir satisfeita
Parou em frente a Cris
— Você quer vir morar conosco permanentemente?
Ela se assustou
— Eu? — Ela não soube o que dizer
— Sim, você está aqui e sinto que está incomodada, te convido para morar aqui conosco
— Mas eu vou ter que fazer parte do Harém né? — Cris perguntou receosa
— Não é uma obrigação, mas isso me faria muito feliz — Ele deu uma pausa momentânea e viu os olhos azuis dela reluzirem — Fica a seu critério e ao seu tempo, você é bem-vinda aqui
Cris não respondeu, Fernando deu um Passo para o lado, a próxima era Flávia, mas ele a pulou indo direto para Fernanda.
Colocou as mãos na enorme barriga dela
— Meu? — Ele perguntou parecendo confuso
— Seu, todo seu — Fernanda respondeu sorrindo
Fernando sorriu também e deu-lhe um beijo nos lábios e um abraço, Flávia observava tudo com cuidado, acariciou mais a barriga
— Já sabe o sexo?
— Não, queria deixar pra descobrir com você junto
— Por que demorou tanto tempo pra voltar sabendo que estava assim, era perigoso você por aí
— Não Fê, eu sou médica lembra, eu sei, estava tudo sob controle, tô bem aqui, não tô?
Fernando sorriu
— Tá bom, eu acredito em você. — Beijou a testa de Fernanda
Flávia seguia tudo atentamente
Outro passo para o lado e encontrou Márcia, os olhos dela apesar de puxado estavam grandes, atenciosos
Ele deu-lhe um beijo e depois um abraço
— Como está Doutora Advogada?
Márcia riu
— Estou muito bem Mestre
Flávia então notou que apesar de todas usarem coleiras, apenas ela e Cris não tinham um F prateado pendurado como pingente.
Fernando então chegou em Carla, beijou-a também, acariciou sua barriga de grávida já protuberante, falou brevemente de maneira que só ela pudesse ouvir, sempre carinhoso
Então voltou para o centro da sala e perguntou
— Todas vocês falaram com ela? — Apontando para Flávia
— É tipo um tribunal essa palhaçada?
As meninas ignoraram o comentário de Flávia e balançaram a cabeça afirmativamente
— Flávia, você é inocente né? Eu parei de falar com você por nada por que eu sou ruim, é isso?
Flávia parecia indignada
— Pois sim! eu não fiz nada pra você, nem sei o que você tem contra mim
— E a Olívia? — Fernando indagou
Flávia franziu a testa
— De novo essa besteira infantil Fernando? Você me pergunta disso, sempre fala dela
— Quem é Olívia — Carla perguntou curiosa
— Olívia é a amiga imaginaria de infância da Flávia
— Amiga imaginaria? — Um murmuro entre as meninas
— Sim, nada de anormal né?
— Mano, cala a boca, fala logo o que você quer, fala na minha cara que você não me quer aqui e eu vou embora
— Eu jamais colocaria uma mãe com dois filhos na rua da amargura, você pode ficar tranquila que esse tipo de atitude não virá de mim.
— Entretanto eu preciso mostrar uma coisa pra vocês meninas, o verdadeiro motivo de Flávia — Fernando pensou por um segundo — Olívia e eu Termos nos desentendidos
Fernando olhou para Carla e Fernanda
— Vocês duas, para o canto, sentem-se lá trás.
Ambas se olharam sem compreender, mas obedeceram como sempre, foram até um banquinho macio e sentaram-se
— Cris, você está armada? — Fernando perguntou fazendo Flávia sentir medo
— Armada? Você ta louco — Flávia esbravejou — Que porra é essa? — Flávia olhava em volta preocupada
— Não, preciso estar? — Cris respondeu auspiciosa
— Não, é melhor que não esteja — Apontou para Mari e Márcia em opostos na fila — Vocês duas, fiquem de frente pra Flávia, a uns dois metros — Apontou pra Cris — Cris, fica atrás dela, também a uns dois metros.
— Ah, vai tomar no cu Fernando, você é que nem o pai, todo misterioso, inventa umas coisas nada haver, puta que me pariu, eu vou embora
Flávia virou-se de costas para sair, mas Fernando chamou sua atenção com um pigarro
Olhando por cima do Ombro Flávia viu Fernando fazendo um símbolo com a mão, um triangulo com os dedos, juntando os indicados e os polegares.
— O que é isso, o pai fazia esse símbolo pra mim, acho que você também já fez — Flávia franzia os olhos tentando puxar algo da memória longínqua
Sem esperar ação ou reação, Fernando bradou em um tom de voz firme e alto
— OLÍVIA!
Flávia abriu a boca, seu olhar se perdeu, parecia sentir dor, colocou as mãos no estômago e depois as mãos no rosto gritando nas próprias mãos
Quando se acalmou abriu os olhos e olhou em volta, seu olhar era diferente, encarou Mari e a garota começou a tremer
— O que é isso Fê? — Mari perguntou gaguejando
— Calma, não é nada sobrenatural, isso é coisa da cabeça dela
— Que caralho eu tô fazendo aqui seu desgraçado! — Flávia gritou em direção de Fernanda, mas não era mais Flávia, agora era Olívia
— Olívia, você quer contar para elas o que aconteceu, por que a Flávia tem que viver um inferno?
Olívia apenas rosnou
— É por usa culpa, você vai contar a história ou eu conto?
Outro rosnado
— Você não se comunica mais né, não sabe como falar, só sabe ofender, cadela do inferno!
Olívia correu em direção à Fernando e o agarrou pelo pescoço com as duas mãos. Ele tentou mas não foi mais rápido e segurou suas mãos, a força dela era descomunal
— Você me estuprou, seu maldito, você tem que morrer, estuprador nojento, cão sarnento!
Cris puxou-a pelo pescoço e se jogou para trás prendendo-a num golpe de Jiu-jitsu entre suas próprias pernas
Com o pescoço em chamas, apertado e arranhado, Fernando se aproximou de Olívia e mostrou dois dedos, fez um sinal como uma cruz nos dedos
— Olha aqui! — Chamou a atenção da irmã descontrolada, ela olhou e ele gritou — VOLTA!
Flávia desmaiou, era como se houvesse desligado um botão de um corpo robótico. As meninas se entre olharam assustadas, Carla e Fernanda no canto distante segurando almofadas.
Fernando ajoelhou-se e segurou e analisou o próprio pescoço, sorriu para as meninas.
— É responsabilidade minha resolver isso depois que meu pai morreu, já negligenciei por tempo demais, ainda bem que ela veio até mim.

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Rafaela Khalil é Brasileira, maior de idade, Casada. Escritora de romances eróticos ferventes, é autora de mais de vinte obras e mais de cem mil leitores ao longo do tempo. São dez livros publicados na Amazon e grupos de apoio. Nesse blog você tem acesso a maioria do conteúdo exclusivo.

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