Capítulo 103 – Olívia

O Segredo de Fernanda

Capítulo 103 – Olívia

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Muitos anos antes
— Fernando, vem aqui, quero te apresentar alguém — Dr. Fernando Fonseca era um renomado psiquiatra e hipnólogo e também pai do Fernando que conhecemos.
O jovem Fernando largou o videogame e veio em direção ao pai que estava ao lado da mãe carregando uma pequena maleta cor de rosa. Atrás do pai, o menino notou uma sombra esguia e alta agarrada nas pernas dele
— Fernando quero que você conheça a Flávia, ela é a sua irmã — Falou enquanto puxava a menina pela blusa e colocava-a na frente de Fernando, ela era dois anos mais velha que o novo irmão e consideravelmente mais alta, era cumprida de pernas longas
— Oi — Ela falou sorrindo e tentando fazer amizade
— Oi — Fernando respondeu desconfiado
— Minha mãe morreu, e agora eu vou ter que morar com você! — Ela falou animada
Fernando olhou para a mãe que fazia cara de pânico e depois para o pai que passou a mão na cabeça dela abaixando-se e ficando na altura do olhar dela
— Sim, a mamãe se foi mas você está com o papai e teremos a mamãe do Fernando que vai cuidar de você como se fosse sua mamãe!
A Menina olhou para a mulher que segurava a mala e sorria, apenas sorriu de volta simpática.
Muitas vezes não da para entender como funciona a mente de uma criança, como ela vai assimilar a morte, se isso vai deixar marcas em seus traços ou se vai ser tranquilo.
O Pai de Fernando já era um homem considerado idoso quando se separava da mão de Flávia, mesmo assim nove meses depois Flávia nasceu e ele já estava junto com Raziel, a mãe de Fernando.
Pouco tempo após o aniversário de dois anos de Flávia nasceu Fernando, ambas as mães nunca se deram mal, não se amavam é claro, mas eram irredutíveis e não deixavam os filhos se conhecerem, talvez por uma preciosidade delas.
O fato é que a mãe de Flávia faleceu em um acidente de transito terrível, dentro de um ônibus, Flávia estava junto e observou a mãe morrer vagarosamente por vários minutos enquanto estava presa nas ferragens, quando os bombeiros chegaram a mãe já não estava mais viva.
Ao contrario do esperado Flávia não chorou ou reclamou, ao invés disso contraiu estranhos tiques nervosos involuntários.
— Fê, fê! — Flávia importunava Fernando enquanto jogava videogame — Vem brincar comigo e com a Olivia!
— Quem é Olivia Flávia? — Fernando questionava sem nem mesmo tirar os olhos da TV
— É a minha amiga, oras.
Fernando olhou para Flávia intrigado
— Cadê? — O Menino perguntou
— Aqui! — Flávia abraçou o ar e mostrou pra Fernando
— Ah! — Ele respondeu e sorriu — Maluca! — Sussurrou
— Eu não sou Maluca, você não pode ver ela por que você que é maluco, você! — Flávia correu acompanhada de sua amiga imaginaria
O tempo passou, Fernando e Flávia cresceram e Olivia acabou se tornando um problema, certa vez o quarto de Flávia começou a pegar fogo e ela jurou de pé junto que havia sido a Olivia, em outro momento a TV foi arremessada pela janela e novamente a culpada era Olivia.
Por mais de cinco vezes Flávia causou problemas na escola também, sendo expulsa e tomando diversas suspensões. Na ultima expulsão ela bateu na cabeça de um garoto com um extintor e quebrou o Nariz de uma menina, tudo por que o rapaz havia mentido para ela e ficado com a amiga.
Fernando observava tudo sem compreender realmente o que acontecia, ele sabia que o pai cuidava de pessoas loucas e que era famoso por isso, e que passou então a cuidar de Olivia em demoradas sessões diárias em seu consultório. Em pouco menos de um ano os tiques nervosos corriqueiros e involuntários de Flávia sumiram e as menções à Olivia também.
No aniversário de onze anos de Fernando o pai lhe chamou no consultório, nem a mãe nem a irmã estavam em casa, elas haviam saído para comprar-lhe um presente.
— Fernando, Sente-se — O Pai indicou a poltrona em frente a que estava sentado.
Fernando olhou em volta, haviam altas prateleiras cheias de livros, ele não entrava muito ali, era um local proibido pois tinha muita coisa para se quebrar, Flávia entrava apenas para consultas e nada mais.
— Eu preciso falar com você, uma coisa muito especial e que deve ser um segredo entre nós dois.
— Segredo? — Fernando perguntou curioso — O que é?
— Primeiro eu quero que você me prometa uma coisa, e isso é muito importante
Fernando olhou surpreso
— Você pode prometer? — O Pai perguntou
— Sim pai, posso — Fernando respondeu sentindo medo do pai
— Como você sabe a sua irmã passou por um grande trauma na vida dela e ela ficou com problemas por causa disso
— Que problemas? — Fernando perguntou sem haver notado nada de estranho na irmã
— Olivia! — O pai respondeu
— O que tem a Olivia, ela sumiu! — Fernando retrucou
— Tudo o que há de ruim, maldoso e todas as expressões negativas da sua irmã eram condensados, juntos na Olivia, ela estava usando a amiga imaginária para extravasar as coisas.
— Mas ela disse que não ligava para a morte da mãe dela e que gostava da nova mãe — Fernando respondeu
— Fernando, as vezes as pessoas não sabem que tem problemas e não conseguem controlá-los, todas as pessoas são diferentes, não há um ser humano único na terra e todos eles reagem de maneiras diferentes à problemas diferentes, você entende isso?
— Acho que sim pai
— O que você faria se sua mãe morresse agora, se nunca mais fosse vê-la? — O Pai de Fernando Perguntou
— Eu, eu, eu não sei — Os olhos de Fernando se encheram de lágrimas — Não sei pai — A Voz de Fernando era de choro
— O Choro é uma reação muito comum à perda de algo Fernando, é comum e humano, é algo normal de se fazer quando se perde um ente querido e é o mesmo choro para um pai, uma mãe, uma irmã ou um animalzinho de estimação pois a dor é comparavelmente igual.
— E por que ela não chorou e diz que não liga? — Fernando perguntou confuso
— Ela reagiu de um jeito diferente, você precisa saber, sua irmã tem uma disfunção — O Pai pigarreou tentando encontrar palavras diferentes para nomear o que a irmã tinha — Ela tem um problema especifico chamado Transtorno Dissociativo de Identidade.
— Trans… o que? — Fernando perguntou sem sequer conseguir repetir o nome da doença da irmã
— TDI, chame de TDI! — Pai falou sorrindo divertindo-se com a confusão do filho
— O que é isso? — Fernando perguntou ainda preocupado, pensava no por que o pai havia chamado ele ali
— Existem poucos casos documentados, e a grande maioria é ligado a farsas e problemas relacionados, mas a sua irmã é um caso real disso
— Eu não entendo, o que ela tem? Eu não vejo nada de errado nela
O Pai arrumou o óculos, usava um terno marrom com pedaços de couros costurados nos cotovelos, Fernando achava o paletó do pai muito chique.
— Ela tem duas identidades Fernando, ou como chamam por aí, Dupla Personalidade. Ela muda uma hora para Olivia e uma hora para Flávia
— Mas faz muito tempo que a Olivia não aparece, e ela está melhor dos tiques, quase não tem mais!
— Eu a contive Fernando, passei anos tratando-a para que ela ficasse contida e controlada pois Olivia é uma expressão ruim dela, Olivia jamais deve tomar o controle de Flávia, Flávia deve prevalecer entendeu?
— Entendi — O Menino olhou para o pai, preocupado e sem saber o que fazer — O que eu faço?
— Agora nada, mas eu quero que você prometa que vai cuidar da sua irmã, ela precisa de você, ela não pode ficar sozinha nunca
— Mas pai, ela é mais velha que eu, e é mais alta que eu — Fernando reclamou
— Não importa, você é o homem, você é o líder, você é o dono de tudo. Os homens sempre mandam em tudo, e sua irmã precisa de você.
Fernando olhava assustado
— Você conhece uma panela de pressão Fernando? — O Pai perguntou inclinando-se para frente na poltrona
— Conheço — Ele havia visto funcionando na cozinha de casa, diversas vezes
— A panela cozinha no fogo e tem uma válvula em cima, quando a comida fica muito quente ela solta vapores e esses vapores tem força suficiente para fazer a panela explodir, mas isso não acontece, você sabe por que não acontece?
— Por que tem o apito em cima? — Fernando respondeu inocente arrancando um sorriso do pai
— Sim, o apito, aquilo se chama Válvula de escape e ela existe apenas para que a panela não exploda, liberando os gazes aos poucos, você entendeu?
— Entendi — Fernando estava prestando atenção, adorava as analogias do pai, ele era excelente em contar histórias e explicar as coisas de uma maneira que todos entendiam perfeitamente.
— Vou lhe ensinar como ajudar a sua irmã — O Pai ajustou o óculos novamente e voltou a se encostar para trás na poltrona confortável — Se ela ficar muito tempo como Flávia, os tiques nervosos irão voltar aos poucos e Olivia vai aparecer repentinamente, será algo descontrolado, então você deve trazer Olivia de vez em quando e fazê-la ir embora como se fosse a liberação do ar da panela de pressão, Olivia é a explosão da panela, os gases prestes a explodir. Libere-a por pouco tempo, de vez em quando apenas para ajudar sua irmã
Fernando estava assustado, com os olhos arregalados
— Como? — Perguntou e tinha medo da resposta
— Com esse movimento.
O pai mostrou os dois dedos indicadores apontados para Fernando, em seguida juntou as pontas dos dedos e depois as pontas dos polegares fazendo um triangulo com a mão.
— Mostre esse simbolo para ela, faça-a prestar atenção, deixe que ela veja e se interesse brevemente, então diga \”Olivia\” com a voz firme, seja severo
— E o que vai acontecer? — Fernando perguntou assustado
— Olivia vai aparecer brevemente, não precisa ter medo — O pai olhou para o filho e ele tremia de medo — Não precisa se preocupar Fernando, tenha calma.
O pai se levantou e ajoelhou-se na frente da Poltrona
— Preste atenção e não haverá problemas, ela só vai obedecer você e a mim, isso não deve funcionar para mais ninguém
— E para ela voltar a ser a minha irmã?
— Como? — O pai perguntou sem entender o que Fernando queria dizer
— Como faz para a Olivia ir embora? — Fernando reformulou sua pergunta
O Pai sorriu
— Assim! — fechou as mãos e em seguida ergueu os dedos Indicador e o dedo médio, fazendo os dois dedos ficarem juntos, então cruzou os dedos como se fosse uma cruz e disse \”VOLTA!\”
— E isso vai funcionar? — Fernando perguntou preocupado
— Sim, vai, faço isso a anos com ela e tem funcionado
— Por que falou para mim isso?
— Você tem que cuidar da sua irmã e eu não vou estar aqui para sempre, hoje você faz onze anos, é praticamente um homem feito, e um homem tem que assumir certas responsabilidades e fazer o que um homem tem que fazer
— E o que um homem tem que fazer, pai? — Fernando olhava curioso par ao pai
— Um homem sempre faz o que é certo, ajuda os seus e não prejudica ninguém no trajeto, você entende?
— Entendo
— Promete pra mim que vai guardar isso tudo para ajuda a sua irmã e que vai usar isso só para o bem e jamais vai se aproveitar de sua irmã com isso?
— Prometo pai, não vou decepcioná-lo
— Eu sei que você não vai Fernando, por que você parece comigo, será um homem de bem, honrado
Fernando sorriu satisfeito enquanto pai assanhava seu cabelo
Ouviram então barulho de portas e correria
— Pai, Pai, Fê, Fê
Flávia entrou no consultório sem bater
— Pai, Fê — Trazia uma caixa nas mãos — Comprei pra você — Esticou a caixa para Fernando, era um embrulho com desenhos do Super Homem
Fernando pegou e abraçou a irmã, a partir daquele momento ele passara a agir com mais calma e paciência com tudo o que a irmã fazia, a partir dali tudo o que ela fazia passava a ter sentido e ele até se divertia observando.
— Cade a mamãe Flavinha? — O Pai perguntou
— Ela me deixou aqui foi na casa da Tia Olga, falou que não demora dez minutos Papai! — Flávia abraçou o pai
— Flavinha, fique aqui
O pai posicionou a filha e ela ficou para olhando para ele e o irmão
— Fernando, aqui — Ele posicionou o filho a uns três metros a frente da filha — Faça Fernando!
— Agora? — Fernando hesitou
— Agora! — O Pai ordenou
Fernando olhou para a irmã e fez o simbolo com as mãos, devagar e atrapalhado, Flávia olhou para a mão dele curiosa
— O papai faz isso pra mim de vez em quando
— Agora — o Pai sussurrou
— OLIVIA! — Fernando falou em tom de voz alto
A irmã piscou forte e tremeu a cabeça, seu ombro se moveu de forma involuntária e ela colocou as duas mãos no rosto dando um grito fino e terrível
— Desfaça! — o Pai sussurrou
Fernando juntou os dedos em cruz e gritou
— \”CHEGA\” — Nada aconteceu e o coração dele bateu forte
— Isso não é mágica, ela tem que olhar pras suas mãos, chame-a, faça ela olhar, ela tem que ver! — Olivia! — Pai chamou fazendo-a olhar com uma cara muito estranha para Fernando
Flávia agora encarnada por Olívia olhava com os olhos vidrados e arregalados para Fernando, esticou os braços e andou na direção dele.
Fernando cruzou os dedos novamente e gritou \”CHEGA\”
— É \”VOLTA\”! — O Pai sussurrou a um passo atrás do filho
— \”VOLTA\” — Fernando gritou sentindo-se apavorado
Assim que ele falou Flavia piscou forte e seu olhar pareceu perdido, ela deu meia volta e saiu saltitando porta afora como se nada tivesse acontecido.
Fernando olhou assustado para o pai, parecia maravilhado e assustado
— Fernando — O pai sentou-se no chão — Sente-se
Atento Fernando sentou-se na frente do pai, atento e com a coluna ereta
— É importante — O pai continuou — Que você jamais utilize isso para nada além do que ele serve
— E para que isso serve? — Fernando perguntou ansioso
— Para controlar Olivia, você deve fazê-la aparecer de vez em quando e se tudo der certo cada vez menos e principalmente só se eu não estiver mais aqui
— Ta bom pai, eu entendo. — Fernando acenou com a cabeça de forma positiva
Fernando, apesar de adolescente era uma pessoa inteligente e centrada, pensava sempre no problema de Flávia e sempre tentava ajudar a irmã no controle da raiva de maneiras sutis, mudando de assunto, tentando acalmá-la e fazendo-a rir em situações que podiam ser estressantes.
Um dia, na escola, Fernando estava sofrendo Bullying por alguns garotos do colégio e resolveu enfrentá-los, deu um empurrão em um dos garotos que jogou seu material escolar no chão.
Quando o menino maior veio para cima dele, Fernando o agarrou e o jogou no chão com um movimento rápido, sentiu então um golpe nas costas fazendo-o cair e em seguida uma chuva de socos e pontapés, eram os meninos amigo do valentão.
Ele tentou sair abaixado e viu Flávia olhando para eles aflita, com um olhar vidrado e agarrando os livros com força enquanto o irmão apanhava.
— Ah, você é irmão da retardada né? — o Menino falou quando agarrou Fernando pelo pescoço sufocando-o
Fernando não teve mais duvidas, precisava de ajuda eram quatro contra um e as pessoas apenas observaram o massacre dele, pensou rápido e achou que havia uma solução ali
Olhou para Flávia e ergueu a mão juntando os indicadores e os polegares, fazendo um triangulo, sentiu o ar faltá-lhe e os sentidos começarem a falhar, ele estava sufocando, usou seu ultimo ar para gritar
— Olivia! — E apagou em seguida
Acordou de sopetão deitado em um banco, estava deitado em algo macio, apalpou sua almofada e sentou-se, era Flávia, olhava para ele assustada
— O que aconteceu — Fernando perguntou tentando se lembrar do que havia
— O que era aquilo? — Flávia perguntou com os olhos em lágrimas
— Aquilo o que? — Fernando perguntou amedrontado
— Aquele simbolo que você fez com a mão, eu sonho com você fazendo isso pra mim, e você fez isso pra mim e depois…. — Flávia falou narrando seus pensamentos
— Depois o que? — Fernando perguntou mas foi interrompido pelo diretor entrando
— Dois narizes quebrados, um braço quebrado e diversos arranhões — O Diretor cruzou os braços e olhou para Flávia — Você é louca mocinha, o que te deu?
Flávia colocou as mãos no rosto
— Eu não sei — Flávia respondeu e começou a chorar
Fernando ficou quieto, observou que Olivia não estava mais ali, que agora Flávia sofria no lugar dela, ele tratou de tentar consolá-la e ela o abraçou, como sempre Flávia usava um perfume doce e suave.
O pai deles chegou e falou com a direção da escola, perguntou o que havia acontecido e em casa pressionou Fernando até que ele disse o que havia acontecido.
— Eu sabia que isso era um erro, dar um controle desse para você foi algo impensável, você não é um home ainda, você é só uma criança mimada que quer tudo do seu jeito! — O Pai de Fernando esbravejou já no consultório — Você sabe o que isso vai custar? Quanto tempo vou ter que trabalhar com ela?
Fernando chorou e se desculpou, prometendo jamais fazer isso novamente.
Anos depois a mãe de Fernando, que havia também criado Flávia acabou falecendo de uma forma repentina.
O Pai de Fernando encontrou consolo primeiro no gole de Whisky depois nas Garrafas de Blue Label que antes eram tomadas a conta gotas.
Flávia estava muito triste e muito bonita, já tinha dezoito anos, já era uma mulher alta e bonita, o relacionamento com Fernando era muito bom, estavam sempre juntos e conversavam muito, eram bons irmãos.
Após os preparativos fúnebres todos voltaram para a casa, o Pai enfurnou-se no escritório, Fernando foi para seu quarto e deitou-se pensando na vida, como faria sem a mãe? como seria a vida sem ela, como poderia aguentar aquela dor
— Oi, Fê, posso entrar — Flávia bateu na porta pedindo entrada
Fernando olhou e a vista lhe pareceu embaçada, seus olhos estavam cheios de lágrimas, ele apenas murmurou
— Pode
Flavia usava um vestido preto sem decote e justo ao corpo que ia até um pouco antes dos joelhos, usava meia calça escura e um sapato preto lustroso. Sentou-se na beira da cama com as pernas juntas, bem comportada e tocou a perna da Fernando
— Não fica assim Fê, para de chorar — Ela tentou consolar o irmão.
Fernando limpou as lágrimas no travesseiro e se ajoelhou na cama, seu rosto estava péssimo, vermelho, inchado
— Tá, vou tentar — Ele falou com a voz embargada
— Ela era minha mãe também, você sabe né? — Flavia
— Eu sei Flá… você chegou aqui pequena e ela cuidou de você — Fernando completou
— Será que ela me amava? — Flávia perguntou e seus olhos também se encheram de lágrima — Por que eu amava ela
Fernando sorriu, estavam cara a cara, próximos
— É claro que ela te amava, ela amava nós dois
Flávia abaixou a cabeça e Fernando viu as lágrimas escorrerem
— Você não se manifesta muito né, digo, sentimentalmente
Flávia olhou para ele e limpou as lágrimas com cuidado
— Eu sinto algo estranho sabe, é como se tivesse algo dentro de mim querendo gritar e me descabelar em desespero, quero chorar muito mas simplesmente não consigo
— Eu entendo — Fernando respondeu paciente
— Eu, eu queria falar com o papai mas ele está dormindo bêbado, agarrado com uma foto da mamãe e uma garrafa de bebida.
Fernando passou a mão no rosto da irmã
— Pode falar comigo, eu te entendo, eu sei o que está acontecendo
— Sabe? — Flávia fez um beicinho involuntário
— Sei! — Fernando reafirmou
Flávia segurou a mão dele no próprio rosto e depois a beijou
— Fê… — Ela falou se aproximando do irmão
— O que? — Fernando sentia a respiração quente dela e o enebriante perfume suave que ela usava
Sem falar mais nada Flávia avançou e tocou os lábios do irmão com os próprios lábios, foi um beijo breve e desajeitado, não era o primeiro beijo de nenhum dos dois mas aquilo deixou ambos assustados
— Fê, eu sou a mulher da casa, sou sua irmã mais velha, eu vou cuidar de você ta bom?
— Eu sei Flá, obrigado
— Eu te amo Fê — Flávia falou acariciando o rosto do irmão ainda muito próxima
— Eu também te amo Flá — Fernando respondeu enebriado pela atmosfera que havia acabado de se formar
Flávia se levantou e virou-se de costas
— Vim aqui pra você me ajudar com meu zíper, não consigo abri-lo sozinho — Apontou para o zíper nas costas do vestido — Abre pra mim?
Fernando se aproximou e puxou o zíper, ele ia do pescoço até a cintura, conforme ia puxando o vestido ia abrindo e ele viu as costas nuas da irmã e o sutiã preto rendado, parou no fim, quase no bumbum
Flávia virou-se para o irmão e eles se encararam, havia duvida nos olhares dos dois
Fechando os olhos Flávia sussurrou
— Ta bom! — Era quase como se falasse para si mesma
Puxou o vestido e deixou que ele caísse devagar, cuidadosamente.
Usava um sutiã preto rendado com rendas abertas que deixava sua pele exposta, era sexy, seus seios pareciam grandes, os maiores que Fernando havia visto até aquele momento. Usava uma calcinha também rendada, combinando com o sutiã e cinta liga segurando as meias negras, tudo combinando com seu cabelo castanho escuro.
Apenas em revistas e filmes pornôs Fernando havia visto tamanha sensualidade, ali na frente dele estava uma mulher formada, adulta e uma das mulheres mais lindas que ele havia visto em sua vida. Sua irmã, Flávia foi, com muita relutância, alvo de um de seus sonhos eróticos, mas ele se esforçou para isso parar pois não queria que isso virasse um padrão em sua vida.
— Fê — Flávia se aproximou da cama, tremia dos pés a cabeça — Posso cuidar de você?
Fernando não sabia o que aquilo queria dizer
— Pode — A Resposta foi automática, era a irmã dele, a pessoa que ele mais confiava juntamente com o pai e agora membro da diminuta família.
Flavia se aproximou e novamente beijou os lábios de Fernando, o coração dele batia rápido e desesperado, ele havia esquecido tudo de ruim que havia acontecido nos últimos dias
— Você já esteve com uma mulher antes? — Flávia perguntou interessada enquanto se ajoelhava na cama na frente do irmão
— Já, beijei algumas vezes — Fernando respondeu
Flávia sorriu e acariciou o rosto dele novamente
— Beijar não, transar! — Ela falou enquanto lhe dava um beijo no pescoço fazendo ele se arrepiar
— Não! — A Responta saiu numa voz alta de desespero, quase um grito
— Já viu uma mulher nua antes? — Flávia continuou
— Ao vivo não
Flávia sorriu novamente e abraçou o irmão
— Desabotoa meu sutiã então — Falou no ouvido de Fernando
Desajeitado Fernando tateou a cintura da irmã, as mãos subiram e ele encontrou o sutiã, nunca tinha visto o fecho e teve dificuldades demorando mais tempo do que o esperado, arrancando risinhos debochados da irmã.
Conseguiu então soltar o fecho, Flávia o empurrou devagar, tinha um sorriso misterioso nos lábios.
Flávia desfez o abraço e segurou e retirou o sutiã tomando cuidado para não mostrar os seios, segurando-os com as duas mãos.
— Você quer ver? — Ela perguntou sorrindo
Fernando acenou de forma positiva com a cabeça
Então, devagar, Flávia revelou os seios, seu tom de pele branco era levemente mais escuro que o de Fernando, seus seios não eram grandes como pareciam no sutiã, eram pequenos os bicos eram grandes com aureolas largas nada delicadas e apontava para cima.
O Coração de Fernando bateu rápido, ela era maravilhosa, a primeira mulher nua na frente dele
— Você me acha feia Fê? — Flávia perguntou insegura
— Não, claro que não, você é muito bonita
Ela passou os dedos na ponta dos seios e os bicos ficaram entumecidos, os poros se arrepiaram
— Não acha minha auréola grande demais? — Ela perguntou demonstrando fragilidade sobre o próprio corpo
— Não, é perfeito — Fernando esticou a mão para tocar e parou no meio do caminho
— Pode tocar — Flávia pegou a mão do irmão e puxou fazendo-o segurar seu seio inteiro com uma mão só — Olha, cabe todo na sua mão! — Ela exclamou e avançou para um beijo
Os dois se beijaram novamente e Fernando sentiu a mão da irmã percorrendo seu corpo e apertando seu pau por cima do pijama, então ela ela levantou sua camiseta
— Tira Fê! — Ela pediu suave
Ele rapidamente tirou a camiseta mostrando seu peitoral, mesmo jovem Fernando adorava se exercitar, seu peito era dividido e forte, seu abdômen com gominhos bem definidos
— Nossa, Fê, você é muito gostoso!
Flávia abaixou-se e chupou o mamilo de Fernando, ele não soube o que fazer, sentia seu corpo se arrepiar mas estava paralisado, Flávia beijou os gominhos da barriga do irmão e arranhou-os aos poucos ma com força
— Sem que vejo você sem camisa fico pensando — Ela falou tentando se recompor mas ainda respirando pesado
— Pensando o que? — Fernando perguntou inocente
— Em fazer amor com você! — Flávia falou as palavras que fizeram o corpo de Fernando tremer
— Você quer fazer amor comigo? — Fernando perguntou gaguejando
— Você não quer? — Flávia sentiu medo, se não quiser não tem problema
— Não, eu quero! — Fernando se agarrou a oportunidade, a irmã era muito bonita, mais velha, era uma mulher e não uma menina, ele teria sua primeira vez com uma mulher linda e que ele confiava e gostava
Fernando abraçou a irmã e segurou as laterais da calcinha abaixando-as devagar
— Hmmm — Flavia riu — Safadinho — Em seguida colocou as mãos nas laterais soltando feches metálicos e tirando a calcinha de uma só vez — Não precisa tirar assim
Flávia levantou-se e colocou as mãos na cintura
— Me acha bonita Fê?
Fernando olhou para a cintura de violão da irmã, quadris largos e pelinhos bem aparados, as coxas grossas e bem torneadas faziam Fernando sentir seu pau pulsar.
Ele se levantou e tirou a bermuda, o pau duro saltou para fora
Flavia se aproximou rápido e segurou, envolveu-o com a mão
— É lindo, igual eu sonhei
Começaram então novamente o beijo, Flavia empurrou-o para a cama e lá eles começaram a se pegar, se beijar e se chupar. Fernando agarrou os seios pequenos da irmã e começou a chupar, primeiro desajeitado e depois melhorando a performance, fazendo-a gemer.
Ouviram um barulho no corredor e se cobriram, o pai deles apareceu na porta do quarto
— Fernando, você viu sua irmã?
Fernando colocou a cabeça para fora do cobertor, a irmã estava nua com ele embaixo do cobertor
— Não pai, não vi
O pai resmungou algo e saiu cambaleando
A Sanidade tomou conta de Fernando
— Flá — Ela saiu debaixo do cobertor — Melhor pararmos com isso, já foi longe demais, vai dar merda
Ela colocou a perna por cima dele e sentou em seu colo, com a mão masturbou mais ainda o pau de Fernando, duro, molhado e pulsando
— Fê, seu pau é bem grosso, gosto assim
Apoiando-se nos joelhos, Flávia levantou o bumbum empinado e posicionou o pau de Fernando na entrada de sua buceta, devagar ele foi entrando e Fernando delirando de tesão não conseguia falar nada, apenas gemer tentando não fazer muito barulho para não chamar a atenção do pai
Quando percebeu, ela estava sentada com o pau dele enterrado completamente dentro dela, Flávia então começou a rebolar suavemente para frente e para trás, ele sentiu prazer e tesão, ela delirava, segurava o próprio cabelo enquanto aumentava o ritmo.
Mas algo parecia errado, ela colocou a mão na boca e encostou a cabeça no peito de Fernando em seguida deu um soco no peito do irmão assustando-o
— Flávia? Tudo bem? — Fernando perguntou assustado
— Cala a boca filho da puta! — Ela rosnou com a cabeça ainda baixa
Começou então a rebolar freneticamente sem encarar o irmão, a sensação foi deliciosa, ele agarrou a cintura dela e quando foi pegar nos seios ela deu um tapa em suas mãos
— Tira essa mão nojenta de mim seu imbecil
Ela se levantou, e continuou o movimento, seu olhar parecia diferente, brutal, primal e em poucos segundos Fernando começou a gozar, Flávia saiu de cima não antes de levar um jato dentro da buceta, quando se afastou outro jato atingiu sua barriga e o terceiro seu pescoço
Ela se levantou em fúria dando um tapa na cara de Fernando com força
— Filha da puta estuprador! — Ela falou num tom de voz alto
-O que? Por que?
Ela pegou o vestido e as roupas intimas se dirigindo à porta, Fernando viu seu rebolar sensual e ela virou-se para ele, a voz parecia cheia de ódio e gutural
— Você nunca mais vai encostar a mão em mim, por que se fizer isso eu te mato, estuprador!
Bateu a porta e saiu pela casa em direção ao próprio quarto.
Fernando ficou deitado olhando para cima, havia tido sua primeira vez com uma mulher fantástica mas algo havia dado errado, não havia sido do jeito que ele ou ela haviam planejado.
Alguns segundos foram necessários até que Fernando parasse de se tornar ofegante e pensasse um pouco, então exclamou
— Olivia!

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Rafaela Khalil é Brasileira, maior de idade, Casada. Escritora de romances eróticos ferventes, é autora de mais de vinte obras e mais de cem mil leitores ao longo do tempo. São dez livros publicados na Amazon e grupos de apoio. Nesse blog você tem acesso a maioria do conteúdo exclusivo.

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