Capítulo 121 — Dedos cruzados
— O que houve? — Paula se sentou na cama, estava com uma roupa de hospital, olhou para as próprias mãos, estava saudável, sentia-se bem, puxou o ar e tossiu — Meu pulmão, está funcionando
Uma mulher de jaleco branco, muito bonita a observava com grandes olhos na cor Violeta
— Violeta, a irmã do Rodrigo tinha esses olhos, quem é você? — Paula perguntou sentando-se na cama
— Bom dia Srta. Paula, meu nome é Naomi faço parte da equipe do Senhor Emilio Maresh
— Naomi? Emilio Maresh? — Paula pensou por alguns segundos — Sim, meu pai falou com o Maresh, era um tratamento experimental — Olhou em volta assustada, o lugar era branco brilhante, as luzes saiam da parede e do teto sem ter uma lâmpada exatamente, era como se tudo emitisse luz própria, Paula fechou os olhos — Eu morri né?
Naomi assentiu com a cabeça,
— Sim, a Senhorita Faleceu por alguns instantes, seu caso de câncer era muito grave e generalizado, tivemos que fazer uma troca geral em você e o processo foi trabalhoso e aprendemos muito
— Aprenderam? Como assim? Eu não tô no paraíso? Isso não é tipo o \”Nosso Lar\”? — Paula estava confusa
Naomi riu
— Não, a senhorita não está morta nesse momento, trouxemos você de volta a tempo
Paula olhou curiosa e tentou se levantar, encostou no chão e esperou pela dor que destruía sua coluna, não sentiu nada, era como se sentisse um vigor extra no corpo
— Não dói! — Paula exclamou
— Assim como esperado! — Naomi andou até uma parede, onde havia um espelho — Veja você mesma.
Paula caminhou se dificuldades até o espelho e se viu
— Minha nossa! — Ela falou ao ver seu reflexo, imediatamente arrancou o roupão se revelando nua — Olha pra mim, o que aconteceu?
Paula estava magra como sempre, seus seios estavam grandes, sua cintura fina, sua pele negra agora tinha uma coloração mais densa e uniforme, fosca, seus lábios grossos, seu nariz fino e seus olhos violeta completavam a beleza
— Meus olhos também estão dessa cor! — Paula chegou próximo ao espelho e viu seus olhos — Que incrível
Demorou uns segundos se admirando e tocando seu corpo novo
— Eu sou um robô? um ciborgue? — Paula perguntou curiosa
Naomi riu novamente
— Não, você ainda é você a diferença é que seu corpo se curou em nível atômico, cada célula, cada proteína, cada cadeia de DNA foi reescrita e corrigida, agora você é imune a milhões de doenças e até onde sabemos seu corpo não pode mais morrer
— Não pode morrer? Como assim? — Paula perguntou confusa
— A senhora vai saber de tudo o mais no tempo certo.
Paula se aproximou da Janela, e puxou a persiana olhando para fora, o que viu foi incrível. Muitos prédios, muitas luzes no chão e se mexendo no céu
— Puta que pariu, eu tô no futuro? — Paula exclamou — eu dormi por quanto tempo? — Olhou assustada para Naomi
— Você dormiu por cerca de doze meses, o procedimento foi demorado, normalmente demora dois meses, mas o seu caso era grave demais.
— Um ano? — Paula puxou a janela com violência — Que caralha é aquela lá fora? Nave espacial?
Naomi se aproximou e fechou a Janela
— Tudo será explicado no momento certo
Paula fechou a cara e empurrou Naomi para que ela saísse de frente da janela, puxou a persiana de novo
— Fala pra mim não estamos em Nova York e que aquelas duas porras altas pra caralho não são as torres gêmeas, por que isso não faz sentindo nenhum!
Naomi sorriu paciente
— Sente-se!
🏡🏡🏡NO HARÉM🏡🏡🏡
Fernando se exercitava na pequena academia na parte de trás da casa, Flávia se aproximou e viu que ele estava sozinho
— Eu não quero incomodar, desculpe — Deu meia volta
— Flávia, fique, por favor — Fernando pediu e saiu do equipamento, vestia uma calça de moletom e estava sem camisa
Flávia estava com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo acima da cabeça, estava maquiada e bem vestida
— Você está muito bonita — Fernando elogiou
— Obrigada — Ela sorriu sem graça
— Você sempre é muito lenda, sempre foi — Fernando sentou em outro equipamento e puxou pesos — Sabe uma coisa que me intriga?
Flavia ficou olhando para o peitoral dele, achava-o muito bonito também
— O que? — Ela perguntou quando percebeu que era uma pergunta
— Essa história mal contada entre nós dois — Fernando falou
Flávia respirou fundo, pesarosa
— Esse papo, você quer mesmo falar disso — O ar dela era de cansado
Ele se levantou
— Quero, isso não está certo
— O que não está certo? — Flávia cruzou os braços irada
— Isso não está certo! — Fernando apontou para os braços dela
Flavia franziu a testa
— Eu não posso cruzar os braços agora? — Flávia perguntou ofendida
— Por que você está brava comigo? — Fernando perguntou
— Por que você acha? Fica tocando nesse assunto terrível! — Flávia falou nervosa
— Que assunto terrível? — Fernando perguntou segurando os ombros da Irmã e olhando-a nos olhos
— Ah, vai fingir que não sabe? — Flávia estava nervosa e seu corpo tremia
— Eu sei, mas quero saber se você sabe, algo está errado Flávia, algo aconteceu, minhas memórias estão falhadas
Flávia empurrou as mãos de Fernando
— Então passe num psiquiatra, ele vai te ajudar a recobrar a memória — Flávia deu de costas — Se é só isso que você quer de mim, eu preciso ver meus filhos
Fernando a tocou no ombro
— Flávia, pare, apenas pare — Ele falou com a voz rouca, parecia magoado
Ela se virou, e viu olhos dele cheios de lagrimas, ficou imóvel, confusa
— O que foi? — Flávia perguntou ressentida
Fernando fechou os olhos e as lágrimas desceram
— O que aconteceu? Me conta
Flávia passou as duas mãos no rosto e olhou em volta
— Você sabe! — Flávia disse envergonhada
— Não sei
— O que eu sei é que eu te estuprei — Fernando falou magoado
— Foi isso — Ela falou também vindo as lágrimas
— Flavia, você lembra disso ter acontecido? Lembra da ocorrência ou só lembra que sabe que isso aconteceu?
— Eu, eu, eu sou a vítima, vítimas não tem esse tipo de lembrança — Flávia falou — Você tem que lembrar
— Eu não lembro, não sei o que houve, tenho a informação, mas não tenho a lembrança, eu jamais faria isso com você, você sabe! — Ele suplicou — Tente se lembrar
— Eu não quero me lembrar! — Ela gritou
— Eu sei que não quer, mas eu quero tentar uma coisa
Flavia deu um passo para trás
— O que? — Perguntou receosa
— Eu não vou encostar em você, prometo
Levantou as mãos em forma de triangulo e mostrou para ela
— O que é isso Fê? Eu vejo você e o papai fazendo isso pra mim nos meus sonhos, o que significa?
— Você não tem nem ideia? — Fernando perguntou
— Não, quando penso nisso me dá medo, acho que é algo de um filme de terror que eu vi
Fernando sorriu, mas estava triste, o sorriso foi de ironia, ele desfez o símbolo
— Eu achei um livro do papai, teve poucas copias publicadas, é sobre hipnose
— Eu lembro que o pai fazia essas coisas mesmo, ele falava sobre isso, e nas festas ele brincava fazendo as pessoas comer cebola pensando ser maças, era engraçado — Flávia riu
— Ele hipnotizou a gente Flávia — Fernando falou sem cerimonia
— E fez a gente comer cebola? — Flávia riu
— Não, eu não tenho certeza, acho que foi pior
— Pior como? Que horror! — Ela falou assustada
— Olivia — Fernando falou
— Olivia? Não entendi! — Flávia repetiu sacudindo a cabeça
— A Sua amiga imaginária da infância — Fernando falou
— Eu não quero falar disso, isso já passou — Flávia estava brava novamente e cruzou os braços
Fernando apontou para os Braços dela
— Viu, quando esbarramos em assuntos que estão trancados temos uma reação padrão, no seu caso é essa, cruzar os braços
— Eu faço isso quando estou puta da vida! — Flávia respondeu — Fico puta quando ouço coisas idiotas
Fernando segurou os dedos dela, estavam cruzados
— Você cruza os dedos também quando está puta? — Ele perguntou olhando-a nos olhos
Ela desfez os braços cruzados e os dedos, deu um passo para trás e olhou para as mãos
— Não, isso é novo — Ela respondeu falando devagar, parecia não saber que fazia isso — Eu nunca tinha reparado nisso.
— Eu tive acesso ao diário do papai, poucas páginas, só sobre a sua infância — Fernando falou resoluto
— Sobre a minha infância, como assim? — Flávia perguntou se aproximando — O que ele escreveu?
— Foi durante as sessões, ele fazia uma sessão de tratamento com você, lembra?
— Sim, para controle da Raiva, ele dizia que eu era furiosa demais, e funcionou, eu me tornei mais calma e controlada — Flávia respondeu arrumando o cabelo
— Senta aqui, por favor — Fernando puxou a cadeira e colocou-a sentada, em seguida sentou no equipamento ficando frente a frente com ela. — Você não tinha problemas de controle da raiva, você tinha uma coisa chamada TDI.
— TDI? O que significa essa sigla? — Flavia perguntou curiosa
— Transtorno Dissociativo de Identidade — Fernando respondeu
— Tá, e isso quer dizer o que? — Flávia perguntou ainda sem entender e sem dar importância — Eu era uma criança estranha mesmo
— Esse é o caso conhecido como dupla personalidade, elas se manifestam na infância e vão aumentando em número e podem se tornar diversas, dezenas de identidades. As vezes uma não tem consciência da outra.
Flávia ficou olhando para Fernando, parecia processar a informação que ele havia dado, não respondeu nem disse nada, então ele continuou
— Olivia era a primeira personalidade, o papai conteve o seu problema, o termo que ele usou foi \”Estancar as personalidades\” ele trancou a Olivia dentro de você e corrigiu você para nada mais se manifestar
Flávia respirava fundo, devagar e pesado
— Eu não tô entendendo, eu não tenho dupla personalidade — Flávia respondeu mais afirmando para si mesmo do que para Fernando
Erguendo os braços Fernando fez o símbolo novamente
— Acho que ele tinha medo de morrer e você perder o controle, por isso ele me deu isso, para controlar você — Fernando falou se referindo ao símbolo
— Me controlar? Como assim? — Flávia não estava entendendo
— Eu quero tentar uma coisa — Fernando se levantou pegou o celular, posicionou a câmera e o apoiou no aparelho, voltou e se sentou na frente de Flávia
— Eu não vou participar de negócio de putaria com você, pode esquecer, muito menos filmado! — Flávia se protegeu.
— Olha lá Flávia, está filmando, presta bem atenção — Ela olhou para a Câmera e se viu
— Tá, o que tem? — Ela perguntou
— Olha aqui — Quando voltou o olhar para o irmão ele fazia o símbolo com a mão — OLIVIA!
Assim que Fernando falou Flávia fechou os olhos e colocou a mão na cabeça, gemeu e abriu os olhos, a tonalidade castanha dos olhos começavam a mudar de cor, a cara dela era de Fúria
— O que você quer? — Olivia berrou
Fernando fez a cruz com os dedos e bradou
— VOLTA!
Olivia sacudiu a cabeça e segurou-a com as duas mãos, levantou a cabeça e arrumou o cabelo
— Nossa, minha cabeça está explodindo, o que você quer que eu veja na câmera? — Flávia perguntou olhando para o chão com a mão na nuca.
Fernando se levantou e pegou o celular, mostrou para ela o que havia acontecido
Ela ficou perplexa
— Não pode ser, isso, isso, é um espírito? Eu estou possuída? — Flavia perguntou
— Não, não — Fernando a segurou pelos pulsos — mantenha a calma, por favor
Flávia olhava para Fernando com medo, queria correr, mas queria também entender o que havia acontecido
— Eu quero fazer uma experiencia com você, eu pedi ajuda de alguns especialistas, nenhum deles acredita nisso que acabei de te mostrar, dizem que é impossível, mas eu acho que tenho um jeito de te tirar disso, te devolver o controle.
Ela olhou para ele assustada
— Como? — Ela perguntou curiosa
— Eu vou ao Harem, vou tomar um banho, me encontra lá em uma hora, leva uma roupa confortável, e traga uma das meninas, a que você confiar mais
— Fê! — Flávia falou receosa
— Eu juro, vou tentar te ajudar
Ela concordou e ele saiu
Flávia o encontrou no Harem no horário combinado, usava uma calça legging e uma camiseta folgada. Trazia Mari junto com ela, não havia explicado o que estava acontecendo, Mari usava um shortinho bem pequeno e uma camiseta justa
— Oi Fê — Ela cumprimentou Fernando de longe
— Oi Mari — Fernando respondeu
Fernando as esperou entrarem
— Fechem a porta, por favor — Ele pediu.
— O que você quer tentar? — Flávia perguntou curiosa — Vai me machucar?
Fernando se ajoelhou no chão acolchoado
— Sinceramente, eu não sei, espero que não doa e nem te machuque — A Resposta foi sincera
— Me explica, o que você quer fazer, por favor — Flávia perguntou curiosa
— Eu quero tentar trazer você e ela, talvez unir as duas, ou fazer uma ter consciência da outra —
Flávia fez que sim com a cabeça e Mari arregalou os olhos
— Eu liguei a Câmera ali — Fernando apontou para uma câmera de mão num tripé
Flávia olhou e torceu o lábio, parecia pensativa
— Você vai ter acesso ao vídeo inteiro e nada vai acontecer com você e a sua namorada aí vai garantir que nada de errado aconteça
— Fê, perae, você vai fazer aquele negócio com ela?
— Que negócio? — Flávia perguntou — Você sabe disso?
Mari olhou para Fernando assustada
— Pode falar — Fernando permitiu
— Uma noite o Fê chamou a gente, quando você havia acabado de chegar, e mostrou a Olivia pra gente, ele fez isso por que haviam crianças dentro da casa e para entendermos o que era
— E eu não tinha certeza que funcionaria, eu tinha que saber se você era um perigo aqui
— E eu era? — Flávia perguntou
— Não, você está igual antigamente, não sai do controle
— É… — Mari se precipitou para falar algo, mas não falou
Fernando e Flávia olharam para ela
— É o que? — Flávia perguntou confusa — O que você ia falar?
— Nada, deixa — Mari respondeu
— Mari, é importante que você fale tudo o que sabe sobre isso, tudo vai ajudar a Flávia
Maria olhou para Flávia com cuidado, parecia envergonhada
— Outra…a outra, a Flávia e eu — Ela parou o que iria dizer, Fernando a cortou:
— Eu entendo, não precisa me contar os detalhes, vá direto ao ponto
— Durante um momento, tudo ficou meio violento, e eu vi os olhos dela mudarem de cor, era a Olivia, ela falou comigo, acho que me pediu ajuda.
O Olhar de Fernando parecia perdido
— Isso é normal? — Flavia perguntou — Eu não me lembro exatamente do que aconteceu naquela noite — Flávia falou coçando a cabeça
— Não que eu saiba, Olivia deveria vir apenas por um comando, e agora que o pai está morto, o comando só funcionária comigo.
Os três se entreolharam, Flávia se ajoelhou e endireitou o corpo
— Vai, manda bala — Flávia pediu
— Gente, eu posso ficar lá fora? — Mari pediu
— Não! — Fernando e Flávia responderam ao mesmo tempo
— O intuito é você ver o que vai acontecer, se der algo errado você chama as meninas! — Fernando falou
— Ótimo, duas recém paridas e a Japonesa, a Cris nem está mais aqui! — Mari falou preocupada
— Não fica assim, vai dar pra resolver só nós, eu dou conta — Fernando falou tentando conter o riso pelo medo de Mari.
Posicionaram e ele ficou bem à frente de Flávia, fez o símbolo e ela olhou para ele
— Olivia!
Flavia pareceu desabar, ficou meio corcunda e abriu os olhos, levemente alterados, ela olhou para Mari e não esboçou reação inicial, abriu a boca e sua voz saiu chiada
— Mariana!
— Volta — Fernando mostrou os dedos e fez deu o comando
Ela balançou a cabeça
— Caralho! — Flávia respondeu, esfregou os olhos e olhou para Fernando novamente, ele fazia o sinal
— Olivia! — Ele bradou
Flávia recebeu outro tranco e abriu os olhos, olhando para ele
— O que você quer de mim? — A voz era rouca, gutural
— O que aconteceu naquela noite? — Fernando perguntou
— A noite que você estuprou a gente? — Olivia perguntou sarcástica — Você é um estuprador, é isso que você faz, transa à Força
Fernando fez que não com a cabeça
— Volta!
Flavia sacudiu a cabeça novamente
— Meu deus, minha cabeça vai explodir
— Fê, que estupro? — Mari olhava assustada
— É o que vamos descobrir — Fernando falou novamente
-AAARRRRRGGGG — Olivia deu um berro — Para com isso!
— Me fala, o que aconteceu! — Fernando gritou — Me conta o que houve aquela noite
Olivia o olhava com ódio
Ele cruzou os dedos na frente dela
— Para, isso dói! — Olivia disse
— Volta! — Fernando bradou
Flávia colocou as mãos no chão, o cabelo arrepiado, parecia cansada
— Aaaaaaiiii
Mari se aproximou e a abraçou
— Para Fê, está machucando ela! — Mari protegeu Flávia
Mas Flávia levantou a cabeça
— Está dando certo, eu tô vendo ela — Flávia abraçou Mari — Faz de novo
Fernando mostrou o símbolo para ela
— Olivia!
Flávia apertou Mari no abraço e piscou forte, Olivia viu Mari junto ao seu corpo e a segurou com Carinho
— Fala o que aconteceu! Por que não temos lembrança daquilo?
A cabeça de Olivia se mexeu de um jeito estranho, para o lado
— Ele não é estuprador, ele não faria isso! — A Voz era de Flávia
— Cala a boca! — A voz gutural de Olivia gritou — Você não sabe de nada
— Eu não estuprei ninguém — Fernando falou num tom alto
— Volta! — Fernando bradou fazendo o símbolo
O Corpo de Flávia ficou mole e Mari a segurou
— Fê, vai matar ela! — Mari suplicou — Para
— Não, não, eu vi, eu sei, preciso só de mais uma parte — Flávia deitou-se no chão — Mais uma vez, faz de novo! por favor
— Não Flávia! — Mari suplicou
— Olivia — Fernando Bradou novamente
— Isso dói! — Olivia apertou as mãos contra o Rosto e viu Mari, ergueu a mão devagar e passou no rosto dela, as unhas cumpridas arranharam a bochecha de Mari — Você é tão bonita
— Anda Olivia, fala o que aconteceu ou eu vou tirar a Mari de você, ela vai ficar com a Flávia
Olivia abraçou a Mari
— Não!
Ficou alguns minutos abraçada com Mari e resolveu falar, contou o que aconteceu, por que Flavia havia se machucado, que ela havia feito aquilo, que o pai havia descoberto e criou essas barreiras psicológicas
— Por que você fez isso? Por que machucou a Flávia? — Fernando perguntou
— Eu não gostava do sexo com você, eu não gosto de homens, eu me sentia violada por você a cada vez que você fazia isso, aquele foi o jeito de fazer você parar de me chamar quando tinha vontade, eu não queria ser sua escrava sexual
Fernando levou um baque, sentiu-se um monstro, não do jeito que ele pensava, mas havia sim estuprado Olivia.
Ele se sentou e colocou as mãos na cabeça pensando nas coisas erradas que havia feito.
Olivia abraçou Mari
— Eu não queria que você me visse assim — Olivia falou ao ouvido de Mari — Desculpa
— Não precisa ter vergonha de mim — Mari respondeu
— Você não tem mais medo de mim? — Olivia parecia surpresa
— Não, cada vez mais eu te entendo, o medo era quando eu não te conhecia
Olivia se afastou e sorriu, se aproximou e deu um beijo nos lábios de Mari, foi delicado e simples. Em seguida endireitou a postura e puxou o ar enchendo os pulmões, o cabelo tomou a tonalidade brilhante
— Pronto, acho que tô bem! — A voz era de Flávia
Fernando tirou a mão do rosto
— Eu não mandei você voltar! — Ele falou preocupado — Não deveria ser assim
— É, parece que tem mais coisas aqui do que a gente compreende
Fernando andou de joelhos e abraçou Flávia
— Perdão, me perdoa, eu te fiz mal, não foi de propósito — Ele chorava
Ela o abraçou de volta
— Eu entendi o que aconteceu, você não sabia, eu não sabia, não se culpe, agora tudo já passou.
Ela acariciou o cabelo dele
— Ei você não é mais o adolescente chorão de antes é? — Flávia perguntou rindo
Fernando enxugou as lágrimas e olhou para ela sorrindo, segurou o rosto dela com as duas mãos, ela acariciou as mãos dele e falou
— Oi! — O Sorriso de Flávia era sincero e amoroso
— Oi, eu estava com saudades — Fernando respondeu
— Eu também! — Flávia respondeu
— Eu te amo! — Fernando falou sorrindo
— Eu também te amo meu amor — Flávia respondeu e deu um abraço no irmão.
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