Capítulo 37 — Bloco de gelo
Acordei em casa com Carla ao meu lado, estava exausto a noite de muito sexo e amor com minhas meninas foi o máximo, me espreguicei, Carla se virou e me abraçou dengosa
— Bom dia amor.
Dei-lhe um beijinho na cabeça e saí, levantei e fui ao banheiro, já estava Nu. Tomei um banho demorado e gostoso, Desci para tomar café e assistir TV, planejei um dia inteiro de vagabundagem e séries de TV.
Tudo correu tranquilo até quase o fim da manhã quando meu telefone tocou, era Marcia. Provavelmente para me falar da sua decisão, eu não sabia se ela iria voltar atrás e optar pela família ou se iria vir morar comigo, ela teve muito mais tempo que os demais para responder.
Me estiquei e peguei o telefone, como sempre optei pela discrição ao atender.
— Alô — Falei normalmente
— Alô, Fernando? — Uma voz masculina do outro lado da linha, uma voz que eu não conhecia
— Sim, sou eu, quem fala?
— Fernando, eu sou o irmão da Marcia, ela pediu pra te ligar — Ele parecia eufórico, mal entendi o que ele disse
— Calma Rapaz, respira, a Marcia está aí? — Tentei tranquilizá-lo
Mas ele não parou, parecia que estava prestes a chorar
— Eles levaram ela! Por que ela falou pra eu ligar pra você?
— Quem levou ela — Perguntei tentando entender a situação
— Eu, eu, eu não posso falar, não aqui. Me da seu endereço que eu estou indo aí. — Ele falou com sua voz assustada.
Mas eu não sabia o que estava acontecendo, imaginei que era algo relacionado ao noivo dela, ela me disse que ele era perigoso, eu não podia simplesmente trazer alguém pra minha casa e eu nem sabia quem ele era, se ele era irmão dela mesmo.
— Como é seu nome? — Perguntei tentando manter a calma
— Meu nome é Marcio, sou irmão da Marcia — Ele falou impaciente.
— OK Marcio, aonde você está agora?
— Estou no hospital Santa Marcília Clara
— Ok, é perto daqui, me espera na recepção na parte de Pronto Atendimento, sabe onde é?
— Sei sim, estou aqui mesmo — A Voz dele parecia mais tranquila
— Fica tranquilo, vou te ajudar. Estou indo aí.
Eu marquei no hospital por que era um lugar publico, assim ele não poderia me identificar de bate e pronto se algo errado ocorresse ou se fosse simplesmente uma cilada.
É claro que eu esperava conflitos nas vidas das minhas meninas, elas tem namorados, noivos, pais e irmãos, é óbvio que em algum momento eu seria taxado como algum maluco, maníaco, aliciador ou cafetão. Por esse tipo de coisa meu cuidado teria que ser redobrado com tudo.
Vesti uma roupa melhor, deixei um Bilhete para Carla dizendo que voltava logo e saí em disparada.
Quando me aproximei parei o carro no estacionamento e vi de longe um homem de descendência Japonesa de moletom, nervoso, fumando e andando de um lado para o outro e com o rosto vermelho.
Assim que me aproximei perguntei
— Marcio?
— Fernando? — Ele me perguntou tranquilamente
Quando confirmei com a cabeça ele me empurrou e me colocou na parede
— Quem é você? Por que ela falou pra eu ligar pra você, é você que está fazendo ela mudar de ideia da vida dela?
Peguei no braço dele, não vi maldade nem intenção de machucar, ele era um irmão nervoso e impotente.
— Calma Marcio, estou aqui pra ajudar.
Ele me soltou e deu uma tratada no cigarro
— Ele pegou ela, ele e os capangas dele — Ele falou nervoso, me olhava de lado
— Ele seria o Noivo dela?
— Sim, ele veio aqui e levou ela a força — Ele falou e seus olhos encheram de lágrima
— E por que você não chamou a policia?
— Cara, Policia? Você ta louco cara? Eles são a máfia cara, se eu chamo a polícia aí que acabou tudo de vez mesmo.
— O que eles querem com ela? — Perguntei tentando parecer tranquilo
— Ele quer que ela case com ele, é isso que ele quis desde o começo — Ele respondeu enfático
— Ele gosta tanto dela assim? — Perguntei curioso
— Gostar? Não se trata disso, é a honra, ele disse que iria casar com ela, estão planejando a muito tempo, e agora ela desistiu e tudo aponta que ele não é homem suficiente para segurar uma mulher.
Pensei em argumentos, mas isso seria em vão, só iríamos perder tempo, era uma cultura praticamente fechada com suas próprias particularidades.
— Você sabe onde ela está? — Perguntei
— Acho que sim, ele tem um escritório, não é longe daqui
— O Seu conhecimento da Cultura Japonesa diz que podemos fazer algo para ajudar ela?
— Da cultura Japonesa não, do Takeshi. Ele não respeita a cultura Japonesa nem ele nem seus colegas de gangue ele só quer dinheiro.
— Dinheiro né… — Repeti o que havia ouvido dele.
Convenci Marcio a me mostrar onde era o local, fomos no meu carro, era um prédio comum de escritórios, paramos o carro em frente
— É aqui, fica no ultimo andar.
— A Mafia Japonesa opera aqui? Nesse prédio normal? — Perguntei surpreso
— Você esperava o que? — Ele me perguntou ofendido
— Sinceramente não sei — Respondi sem pensar.
— Antes, preciso saber quem é você, por que ela mandou te ligar?
— Por que você ligou para mim sem nem saber quem eu era? — Perguntei intrigado
— Por que ela mandou, e eu confio nela, ela é minha irmãzinha querida
— Ela não falou nada sobre mim?
— Não falou mas eu vi ela falando com você, mandando mensagens e falou seu nome enquanto dormia.
Fiquei em silencio observando, não sabia o que poderia contar sem comprometer ela, mas então ele me surpreendeu:
— É aquele negócio de apanhar e de humilhar né? — Ele me perguntou
Arqueei as sobrancelhas
— É…sim — falei pausadamente
— Eu sei que ela gosta disso, você é o F né?
— Sim eu mesmo, como descobriu?
— Eu vi o colar dela, o anterior à você era o M e pelo que ela dizia era um babaca, então veio você e ela ficou apaixonada, começou a largar o Takeshi e começou a sonhar e sair da nossa rotina. Além do mais, seu nome é \”Fernando\”, você ser o \”F\” é bem lógico.
— Ela não pensava assim antes de mim?
— Não, a mudança foi rápida até. Ela parou até de pedir pra eu ajudar ela
— Vocês dois? você ajudava ela como?
— Desde pequeno, uma vez nosso pai de uma surra em nós dois com uma vara de bambu e nos trancou no quarto, eu fiquei chorando e ela ficou estranha, estava chorando mas estava com a mão dentro da calça.
Ele ficou em silêncio, resolvi não pergutar mais, eu mal o conhecia e ainda tinhamos um problema grande para resolver.
— Então, você acha que ele vai aceitar dinheiro? — Perguntei
— Vai sim — Respondeu com certeza
-E quanto ele vai querer?
— Eu não sei, quanto você tem?
Eu ri, eu tenho algum dinheiro guardado, eu não queria que ele soubesse que eu era milionário e poderia comprar aquele prédio e todos os vizinhos se quisesse.
— Ela vai morar com você né? — Ele me perguntou meio que mudando de assunto
— Eu chamei ela pra morar comigo
— O que você é cara? Um tarado?
— Pode-se dizer que sim, mas eu não forço ninguém a fazer nada, tudo o que eu faço é de comum acordo e bom para todos.
— Você é casado?
— Sim, eu sou casado
— Sua esposa sabe disso? — Ele perguntou indignado
— Sim, ela sabe, vai morar conosco
Ele sacudiu a cabeça negativamente
— Caralho cara, eu sabia que a Saiury era meio louca mas isso ta fora da curva demais.
Respirei para falar algo mas ele me interrompeu, acho que ele não queria saber mais. Mas eu queria perguntar quem eraSaiury, apesar da dedução lógica que seria um dos nome de Marcia.
— Eu tenho um plano, mas você vai ter que colaborar comigo.
— Qual é seu plano? — Perguntei curioso
— Vamos subir e eu falo, você apenas concorda comigo, não vamos falar pra ele quem você é, você vai ser conhecido meu. Você tem quanto dinheiro para poder dar?
Resolvi ser cauteloso
— Meu carro vale cerca de 200 mil, está pago, e tenho mais 100 mil reais guardados em casa.
Saímos do carro e entramos no prédio e o porteiro apenas cumprimentou Marcio com a cabeça, entramos no elevador e fomos até o ultimo andar.
Quando a porta abriu era um andar normal com cadeiras de espera uma senha, parecia uma clinica médica.
Ele saiu e atravessou o hall entre as cadeiras, viramos atrás do balcão e entramos em uma porta. Lá uma escada levava pra cima. Subimos um lance de escada e encontramos uma porta de madeira avermelhada.
Marcio bateu na porta, uma portinhola se abriu
— Quem é? — Apenas os olhos de uma pessoa oriental podiam ser vistos
— O Marcio, irmão da Saiury
Ouvi uma risada atrás da porta e ela se abriu
Entramos e dentro haviam mais três homens. Um deles sentado atrás de uma mesa de escritório grande. Quando nos viu se levantou
— Sentem-se — fez um gesto com a mão
Nos sentamos nas cadeiras à frente e ele esticou a mão pra mim, eu sou o Takeshi, futuro marido da MaravilhosaSaiury.
— Takeshi, esse é Fernando, ele é amigo e também meu chefe.
— E por que você trouxe ele aqui? — Takeshi pareceu confuso — Esse cara que ta traçando aSaiury?
— Não Takeshi, ela não tem ninguém, deixa disso.
Takeshi pegou uma arma e coçou a têmpora
— Eu não sou trouxa Kaneda — Esse devia ser o nome do Japonês do Marcio — Eu sei que ela ta me traindo, ela mudou muito
— Eu garanto que ela não tem ninguém, ela esta confusa por que arrumou tabalho novo, e ta conhecendo gente nova, você sabe que ela nunca foi dessa vida, ela sempre foi diferente
— Diferente — Ele se levantou e começou a nos circular — é por isso que eu queria isso, uma japonesa de bunda grande e peitos grandes — Ele riu alto — Você tem que ver sua irmã metendo Kaneda, ela geme muito chupa, da o cu e tudo mais.
Os homens que estavam na sala riram
— Você quer se casar com ela? à força?
— Eu lá quero mulher puta Kaneda!? — Deu um tapa na cabeça de Marcio — Eu quero uma mulher virgem, não uma vagabunda rodada.
— Foi você que tirou a virgindade dela! — Marcio falou, parecia indignado
— Foi, mas ela foi fácil demais, perdeu a graça — Novamente Takeshi coçou a têmpora com uma arma.
Ele voltou e se sentou na mesa.
— Bem, vamos aos negócios — ele bateu palmas e esfregou as mãos — Eu não posso sair no Prejuízo, você veio aqui pra comprar sua irmã de volta, certo?
— Vim pagar para você soltar ela.
— Depois de tudo que eu fiz por ela, e investi nela! — Ele falou rindo
— Você não investiu nada nela, nem fez nada por ela, você sabe.
Takeshi riu de novo
— Que se foda cabeção, quanto você tem pra me dar?
— Eu tenho 5 mil par te dar
Ele franziu os olhos
— E você trouxe o bonitão aí pra que?
— Ele me emprestou os 5 mil — Marcio falou decidido, mas sua voz tremeu
— Não, 5 é pouco, quero 30 contos na vadia
— Takeshi eu não tenho esse dinheiro!
— Xiii Cabeção, ela nem ta aqui agora, eu diria que é uma questão de tempo pra esse nosso acordo não fazer mais sentido, e considerando o calor que tá hoje, se eu fosse você eu iria correr.
— Ta bom, 30 pau, eu dou um jeito, arrumo! — Marcio falou mostrando seu desespero.
Takeshi virou o monitor
— Bonitão — Se referiu à mim — Quanto custa essa caranga ein? Uns 200 paus?
— No monitor tinha uma foto colorida de mim e de Marcio saindo do carro antes de entrar no prédio, era de uma câmera de segurança.
— Sim, 200 mil — Respondi frio
— Ta pago já?
— Sim, está
Ele se levantou e esticou a mão pra mim
— Seu carrão e mais cinquenta paus pela vadia, o que acha?
— Takeshi, isso é muita coisa ele não tem nada haver com isso!
Levantei e estiquei a mão agarrando sua mão
— Espero que um aperto de mão de negócios tenha o mesmo valor na cultura japonês quanto tem na ocidental
Takeshi riu
— É praticamente um pacto de sangue, minha palavra vale ouro.
Me levantei
— Volto em 10 minutos com o dinheiro e com o carro
Novamente Takeshi coçou a têmpora
— Olha, eu correria ein, não sei se vocês tem 10 minutos
— Mas preciso da sua garantia de que ela vai estar bem
— Você é o garanhão né? — Takeshi falou me olhando — Desgraçado
Ele abaixou a cabeça na mesa e disse
— Se vocês correrem ela fica bem, se não não vou poder fazer nada.
Levantamos e saímos rápido
Descemos o elevador em silencio, querendo que ele descesse rápido.
Entramos no carro e eu saí em disparada, ninguém me seguia
— Você é milho nario né?
— Sim, sou — Eu dirigia rápido e concentrado em direção à minha casa.
Entramos e eu corri para pegar o dinheiro, Marcio ficou no carro.
Coloquei tudo em uma sacola e peguei outra chave.
— Você sabe dirigir?
— Sei sim
Joguei a chave do outro carro para ele.
Carla saiu de dentro de casa, usava um biquini.
— Amor, onde vc tava, tava preocupada.
Voltei e dei-lhe um beijo.
— Estou resolvendo um problema, é urgente, quando voltar conversamos ta.
— Ta bom — Carla falou e ficou me olhando.
Abri o porta-malas do meu carro e tirei umas coisas pessoais, jogando no chão.
Marcio entrou em um carro e eu em outro, saímos em disparada.
O Outro carro era um modelo popular, econômico.
Paramos no mesmo lugar, no prédio e saímos apressados
Assim que as portas do elevador se abriram Takeshi estava dentro dele, colocou uma chave no painel e girou, o elevador parou.
Pegou a sacola e viu o dinheiro
— Cara, se tiver alguma coisa diferente do que combinamos eu vou atras de você. — Ele falou apontando a arma para mim, mas sem encostar
Dei-lhe o documento do veículo assinado
— É só transferir.
Ele riu e olhou para Marcio
— E esse dinheiro todo, vc que vai pagar é?
— Ele vai trabalhar pra mim por um tempo — Falei sorrindo, meu sorriso foi sincero pois me despertou meu lado sádico.— Ele vai pagar tudo.
— Onde está aSaiury, por favor.
— Ah, ta, a vagabinha — ele meteu a mão no bolso e pegou um papel — Melhor se apressar.
Girou a chave e liberou o elevador.
Saímos e fomos em direção ao endereço. Era um galpão que ficava a uns 20km dali. Eu dirigi e tomei varias multas, passei em farol vermelho, corredor de ônibus e tudo mais para chegar rapido.
Assim que chegamos vimos o galpão velho de aço com as portas encostadas. Assim que entramos vimos Marcia.
Estava na ponta dos pés em cima de um grande e derretido bloco de gelo, suas mãos estavam amarradas para trás e seu pescoço com um laço apertado amarrado no teto do galpão. Na sua boca um pano bem apertado e uma venda, ela gemia e chorava tantando fazer barulho
— Marcinha! — Marcio gritou chamando a irmão
Ela começou a fazer mais barulho tentando chamar atenção. Estava nua, sua cabeça estava raspada se eu corpo machucado, tinham batido nela, em tinta azul estava escrito puta em varias partes do seu corpo e ideogramas japoneses também
Nos aproximamos do bloque de gelo e ele estava rachado ela sapateava com os pés roxos pelo frio.
Marcio se preparou para subir mas eu o segurei
— Espera! — O Bloco iria quebrar
Marcia continuou a se debater
— Fica quieta Marcia — Marcio falou, mas parecia que ela se debatia mais
— Marcia, seu mestre ordena, fique imóvel
Como se fosse uma estátua ela parou de se mexer. Marcio olhou pra mim confuso.
— Espera aqui — Saí correndo.
Peguei o carro entrei quebrando a porta do galpão, parei com ele perto do bloco de gelo
— Entra no carro, vou subir no caput, você vai rapido e derruba o bloco de gelo, e eu vou sustentar ela para tirar a corda.
Ele concordou e entrou no carro.
Devagar nos movemos para o bloco, mas assim que ele encostou no bloco tudo cedeu e caiu, Marcia ficou pendurada pelo pescoço, ele acelerou o carro e eu caí sentado no teto, levantei rápido e segurei-a fazendo-a firmar os pés no teto do carro.
Tirei a corda do pescoço dela, estava vermelho arroxeado. tirei o pano da boca tambem e a venda.
Seus dois olhos estavam roxos e inchados.
Descemos ela de cima do carro e a colocamos dentro, ela não falava, só chorava e tremia.
Levei ela direto ao melhor hospital da cidade. E a internamos
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