Capítulo 73 — …
\”Vida e morte são abstratos não quantificáveis\” — Dr. Manhattan
Olhei em volta, Gabi de joelhos de olhos fechados, o homem que puxava seu cabelo fazia sem piedade.
No chão Fabio deitado com as mãos na nuca conforme ordenado.
Sentada no chão acolchoado junto com Paula estava Carla no Sofá Fernanda e Marjorie. Marcia estava sentada no braço do sofá. Todas imóveis e assustadas.
De rabo de olho procurei Cris e Rodrigo, não encontrei.
— Vamos caralho, me da o dinheiro! — Takeshi gritou apontando a arma pra mim, o outro puxou mais o cabelo de Gabi e ela começou a chorar.
— Calma, não machuca ela — Falei preocupado, meu coração pulsava de nervoso
— Você não ta entendendo, eu vou matar todo mundo aqui — Takeshi falou encostando o cano da arma no meu nariz
— Você me quer, eu vou com você — Marcia falou se aproximando
Todos os três apontaram a arma pra ela
Takeshi caminhou até ela e a agarrou dando-lhe um beijo na boca, Marcia o empurrou
— Não encosta em mim seu asqueroso nojento! — Ela gritou
Ele franziu a testa e apontou a arma para ela
— Que porra é essa Saiyuri? — Apontou a arma pra barriga dela e cutucou com a arma, ela usava um vestido afofado — Você tá gravida?
— Estou — Ela respondeu protegendo a barriga e se virando de lado
Ele se virou pra mim
— Você é o garanhão né? — Ele se aproximou de mim — Você comeu minha noiva, é isso mesmo que eu to entendendo?
— Eu comprei ela de você, ela não é mais sua noiva — Falei olhando nos olhos dele
Sem ver de onde veio o movimento, simplesmente senti algo batendo no meu queixo com toda força, minha cabeça foi projetada para trás e minhas pernas bambeada me fazendo desmontar.
Ouvi gritos abafados e senti meu corpo pesado no chão, pisquei os olhos e sacudi a cabeça, ela doía parecia que estava de ressaca, ouvi a voz de Takeshi falando algo mas eu não conseguia compreender.
Quando consegui focar minha visão vi Carla do meu lado
— Amor, ta me ouvindo?
Tentei abrir a boca para falar algo mas senti apenas dor, uma dor na região das bochecas, coloquei as mãos no queixo e senti meu maxilar pendurado, a dor era inacreditável, fechei os olhos e senti a dor lacerante, minha preocupação maior era com as meninas e com meus filhos.
Me levantei, sentia minhas mãos frias e molhadas, olhei para minha mão e estava vermelha de sangue, senti um gosto de ferrugem na boca e senti algo escorrendo, era sangue, eu estava todo sujo de sangue
— Deixa! — Ouvi Fernanda gritando — Olhei para ela e ela andava devagar em minha direção — Eu sou uma médica
— Ele não vai morrer por causa disso — Debochou um dos homens que estavam com Takeshi
Eu não conseguia falar, meu maxilar doía e a simples menção de respirar me fazia lacrimejar, Fernanda se aproximou e segurou meu maxilar
— Não quebrou! — Ela falou animada com um sorriso
Ele encostou a arma na cabeça de Fernanda
— Delicinha, se afasta ou eu vou dar um tiro na cabeça dele, quero ver você salvar ele.
Fernanda levantou as mãos e se afastou devagar, ele passou a mão na bunda dela e apertou
— Que rabeta gostosa hein
Ela fechou os olhos e fez uma careta mas não reagiu, era prudente.
Ele começou a andar em na sala apontando arma pra todos e sorrindo
— Cara, deixa eu entender, isso aqui é tipo um canil e você come todas essas cadelas? — Ele me perguntou
Apenas olhei para ele, a dor pulsava me fazendo querer morrer
— Responde caralho? — Ele falou apontando a arma pra mim e caindo na risada — Ah é, você não pode — Ele deu um chute no ar — Meu pé te calou.
Eu havia entendido, ele tinha me dado um chute no queixo, foi tão rápido que eu sequer havia visto de onde o golpe tinha vindo.
— O que você quer pra ir embora? — Falei entre a dor lacerante
— O que? — Ele gritou se aproximando e inclinando o corpo
— O que você quer pra ir embora? — Repeti do jeito que deu
— O que eu quero? Eu já disse, eu quero dinheiro, dinheiro o suficiente pra eu me aposentar
— Quanto você quer? — Eu falei
— Fala mais alto garanhão, não to te ouvindo
O simples timbre de voz dele fazia meu rosto vibrar e meu maxilar doer.
Fechei os olhos com força, senti então um tapa no rosto e urrei de dor
— Fala caralho, não tenho o dia todo
Meu sangue ferveu, mas eu estava impossibilitado, haviam três homens com armas eu tinha muito a perder, minha meninas, meus amores, minhas vidas, meus filhos.
Respirei fundo
— Não encosta nele! — Marcia gritou, senti Carla me abraçando por trás
— Calma amor, da o que ele quer, deixa ele ir embora
Eu não conseguia responder, apenas senti a mão de Fernanda no meu peito me empurrando pra trás.
— Saiyuri, sua vagabunda — ele se aproximou e pegou Marcia pelo cabelo — Marcia gritou e agarrou a mão dele
Tentei ir para cima dele mas fui segurado por Carla e Fernanda, tentei gritar mas apenas um urro saiu e o sangue jorrou da minha boca.
Senti uma cutucada dura na minha cabeça
— Calmae! — Era outro capanga de Takeshi — vai com calma
Takeshi pegou Marcia e puxou para o lado do sofá, olhou para Marjorie, sentada e assustada e eu um chute no braço dela
— Vai pra lá sapata! — Marjorie levantou e correu para o lado de Paula.
Olhei para Gabi, ela engatinhou e se ajoelhou do lado de Fabio, ele esticou a mão e segurou o tornozelo dela, parecia querer lhe dar forças.
Takeshi se sentou no sofá e puxou Marcia para o colo dele
— Quer ver um filme amor? Olha que TV bacana
Marcia não respondeu
— Agora deixa eu retomar meu raciocínio — Ele falou coçando testa com a arma — Você — apontou a arma pra mim — é o cafetão dessas gostosas?
Eu não conseguia responder
— Não, ele não é cafetão de ninguém — Fernanda respondeu entrando na minha frente.
Takeshi riu debochado
— Oh, Dra Já morreu, eu não perguntei pra você — Apontou a arma para Fernanda
— Fê fica quieta! — Marjorie gritou do outro lado da Sala
— Ah, você é sapata também? — Takeshi falou — Aquela é a sua namorada?
Ninguém respondeu nada
— Então — Ele continuou — Como funciona isso aqui Marcia? — Ele falou cutucando a cabeça dela com o queixo, já que estava atrás dela
— Nós somos as esposas dele, é assim que funciona! — Marcia falou
— Esposas? Tipo, várias esposas? Ele come todo mundo? — Sua voz parecia mais curiosa do que debochada
— Sim -Marcia respondeu
— Essa barriga cheia aí é dele mesmo então? — Ele perguntou pra Marcia
— Você achou que fosse seu? — Marcia riu divertida
Vi a mão de Takeshi levantar e descer com tudo na cabeça dela, ela colocou as mãos na cabeça e ele se levantou empurrando-a com brutalidade
Tentei falar e não consegui, estava me sentindo humilhado.
Ouvi um barulho fora, era uma sirene, em seguida um barulho alto e característico, era um helicóptero
Takeshi olhou para cima assustado os capangas também
— Quem chamou a policia? — ele gritou e andou de um lado pro outro, se aproximou dos capangas — Você deixou alguém usar o telefone?
— Não Takeshi todos estão com as mãos onde eu possa ver, ninguém daqui ligou — Os barulhos pararam, pareceu que apenas passaram — Não é aqui, só tão passando.
— Quem mais da aqui? — Ele se aproximou de mim, bateu com o cano da arma no meu queixo me empurrando e me fazendo urrar de dor, em seguida apontou a arma pra Carla — Sai de perto — Depois pra Fernanda — Você também Dra Sapata.
Fiz que sim com a cabeça e elas saíram de perto de mim.
— Cara é o seguinte, você vai depositar na minha conta e vai passar carros e imóveis para o meu nome
— Quanto? — Perguntei entre dores intensas
— Aqui tem a Dra Lésbica e a namorada, duas, a neguinha do rabão e essa gravida aí, quatro, cinco com o bebê, essa novinha aí e o namoradinho viadinho, cinco, seis e a minha noiva que você roubou sete.
Coçou a cabeça como se estivesse fazendo contas.
— Quero um milhão por cada um deles mais os juros da puta ali — apontou pra Marcia — São dez milhões! — Falou abrindo os braços pra mim.
— Tudo bem — Falei e acenei com a cabeça — Me da as contas e eu deposito agora.
Eu não tinha esse dinheiro parado, nem pronto para saque, precisava retirar de contas e etc mas precisava
— Caralho maromba, você é foda mesmo hein, come geral e é cheio da grana, tem o pau gigante também é?
Eu resolvi não responder essa pergunta.
— Mostra pra mim — Ele falou apontando a arma pro meu pau, eu franzi a testa e ele riu divertido — Não quero ver essa porra não, ta loco, mas aquele cara ali — Apontou para o Fabio — se você mostrar pra ele ele chupa — Riu divertido e os capangas dele também riram.
Ouvi palmas, uma, duas, três, e passos barulhentos
Todos ficaram apreensivos então Rodrigo surgiu, estava no vestiário
— Parabéns Takeshi, você vai ganhar uma grana preta, vai dividir com o negão aqui? — Ele tinha um sorriso no rosto
Takeshi parecia não acreditar
— Que porra você ta fazendo aqui Digão? — Perguntou
— Eu tava planejando roubar esses FDP até você chegar e fazer essa merda, você é retardado é?
Takeshi apontou a arma pra ele
— Você não ta na posição de falar mal de mim seu preto! — Takeshi soou ameaçador
— Ah sério — Rodrigo fez um beicinho — O Naruto vai atirar em mim? — Rodrigo riu — E depois vai fazer o que?
— Mano, eu to falando sério, vou matar você esse viado — Apontou pra mim — E todas essas putas, coloco fogo nessa porra e sumo.
— Vai sumir com o carro do cara? — Rodrigo perguntou cruzando os braços
— Meu carro! — Takeshi falou batendo a arma no próprio peito
— Mas ta no nome do cara! — Rodrigo reafirmou
Takeshi ia responder mas Rodrigo interrompeu novamente
— E o rastreador, você tirou? — Rodrigo perguntou debochado
— Rastreador? — Takeshi olhou para os outros
— Não sabia né? Cara, você quer ser da Yakuza mesmo ou você é só o Bozo da Yakuza?
— Oh preto filho da puta — Takeshi andou em direção a ele com a arma apontada pra cara de Rodrigo.
Assim que se aproximou Rodrigo tentou tomar a arma de Takeshi e conseguiu mas começaram uma luta corporal. Olhei para os capangas e ele se se aproximaram com a arma em punho
— Parado ae Negão, pode parar — Gritando para rodrigo parar com a luta.
Assim que passaram por mim ficaram de costas, empurrei Marcia que estava perto da porta, apontando para fora, elas saíram andando abaixadas, Gabi viu e saiu também, Fabio foi junto engatinhando.
Corri e puxei nas costas de um dos capangas, dei um mata leão nele, usando a técnica que já conhecia de anos antes te praticado Jiu-jitsu. Ele se jogou para trás e caiu em cima da minha perna direita, fazendo meu joelho dobrar ao contrário, dei um berro de dor.
Ele começou a se debater e o outro cara ficou olhando de um lado para o outro sem saber o que fazer, vi quando a arma do cara que eu agarrei caiu no chão, segurei com força e ele se debatia, dava solavancos com a cabeça para trás para me acertar e me fazer sentir dor, aos poucos ele foi apagando e apagando, eu sentia tanta dor que acabei perdendo a noção e sufoquei com cara com muita força.
Em pé o capanga olhava para mim assustado e para Rodrigo e Takeshi que se debatiam no chão, olhava para as meninas e olhou para a porta percebendo que algumas haviam saído
— Caralho — Apontou pra mim — Solta ele e levanta!
Fiquei quieto, usando o amigo dele como escudo, ele visivelmente não sabia o que fazer
— Pega o dinheiro, te dou 1 milhão e você abandona esse filho da puta, larga essa arma! — Carla falou fazendo ele ficar de costas pra mim
— Cala a boca! — Ele gritou descontrolado
Ele foi se aproximando da briga que rolava, apontava a arma ora para Carla, ora para mim e para a briga.
Em determinado momento Rodrigo empurrou Takeshi e o capanga apontou a arma e atirou, o tiro pegou na perna de Rodrigo, Rodrigo deu um urro e caiu com a perna esticada, o sangue jorrou na hora através da calça jeans, aquilo não era um bom sinal.
Takeshi se levantou arrumando o cabelo e olhando em volta
— Você é polícia né filho da puta? Meu caras já tinha descoberto você, assim que você aparecesse a gente ia te passar, sorte sua que não apareceu mais cuzão
Falou isso e deu um chute na perna de Rodrigo.
Por trás dele Marjorie se levantou com a arma na mão e colocou na nuca dele
— Parado aí
Mas mal Marjorie terminou de falar Takeshi girou atingindo a mão de Marjorie num chute giratório fazendo-a atirar e o tiro pegar perto de mim sem machucar ninguém, mas ela não soltou a arma.
Ela voltou a apontar a arma para ele, desengonçada e andando para trás
— Calmae sapata bonitona — Takeshi levantou as mãos — Por que as lésbicas tem que ser tão linda hein, isso é sacanagem
Falava ofegante, pegou um cigarro no bolso e mostrou pra Marjorie, acendeu o cigarro devagar e deu um trago
— Caralho, era pra ser fácinho! — Takeshi reclamou
Olhou pra mim, viu minha perna quebrada
— Se fudeu hein garanhão! — Olhou para o capanga — Mata a barriguda loirinha aí — Ordenou apontando pra Carla enquanto fumava
O cara se virou e apontou a arma pra Carla
— Vai, mata, pode matar, a Lésbica não vai atirar — A não ser — Ele olhou pra Marjorie — Que você me dê essa Arma.
Marjorie olhou para mim e para Fernanda ao lado dela, não sabia o que fazer, eu acenei com a cabeça e ela entregou a arma pra ele, assim que ele pegou a arma se aproximou e deu um tapa na cara de Marjorie
— Odeio homossexuais, vocês são o lixo da humanidade, mudei de ideia, vou matar todo mundo agora.
— Como vai fazer isso espetão? Teve gente que saiu — Rodrigo falou com a voz demonstrando dor.
— Ah, eu vou sair, ser preso e depois seu saio, encontro vocês e mato todos, mas antes eu vou matar essa loirinha aqui por que eu sei que ela importa pro garanhão e ele roubou minha noiva, já que roubou de mim eu vou matar essa por que sei que é a esposa dele de verdade.
Olhou pra mim
— Achou que eu não tinha investigado você né cabaço?
Pegou a arma e olhou pra ela, puxou o tambor
— Você tirou as balas né, vaca? — Falou olhando pra Marjorie — Olhou na agulha da arma e jogou ela em Marjorie — filha da puta, escória!
Olhou em volta com fúria procurando a outra arma, estava embaixo do sofá, ele não sabia onde estava mas eu podia vê-la do meu ponto de vista.
Ele foi para cima do amigo e arrancou a arma
— Esse vai ser um tirou bem dado — Encostou a arma na cabeça de Carla
Cuspiu o cigarro nela e enfiou a mão em seu decote puxando a blusa e rasgando fazendo seus seios ficarem a mostra
— Olha só, é rosinha hein! — Falou olhando pra mim.
Eu empurrei o amigo dele e me sentei, tentando me arras
— Eu, aqui, vem aqui — tentei falar
— Não to te ouvindo cara, você ta parecendo um zumbi, que vergonha
— Saí daí, eu te dou o dinheiro — Eu tentava falar e não conseguia me fazer ouvir, estava tentando gritar mas não tinha muito efeito.
Ele apontou a arma pra mim
— Se você se arrastar mais um centímetro eu atiro e você e na barriga dela, to avisando! — Ele falou e parecia fora de controle — branquelo filho da puta
Carla largou os seios e protegeu a barriga
— Takeshi Kiojima, você está cercado, se renda
Era um mega fone, vinha da parte de fora, o barulho do helicóptero ficou alto novamente
— Me render? — Ele riu e pegou a arma, tirou as balas e colocou uma delas de volta — Vamos fazer uma brincadeira diferente
Apontou a arma pra barriga de Carla e puxou o gatilho
\”Click\”
Foi um movimento Rápido, não atirou, não havia bala, ele riu debochado, consegui me erguer me apoiando em um móvel, o capanga dele segurava Carla com força, sufocando-a
— Agora vamos pra mãe — ouvimos um barulho do lado de fora, parecia gente andando
— Se renda, estamos armados, você está cercado, não tem por onde sair! — Uma voz gritava mas sem o mega fone
— Olha só maromba, olha pra ela, pode ser a ultima vez que você vai olhar pra ela hein, se for premiada ela morre.
— Não, não faz isso! — Implorei
— Amor, eu te amo — Carla falou
— Não faz isso — Fernanda gritou
— Takeshi, pelo amor de Deus, você não é assim!
— Você não me conhece seu preto!
Encostou a arma na cabeça de Carla
— Um, dois, três!
BUM!
A bala passou pela cabeça e o corpo caiu sem vida no chão, o sangue jorrou em meu rosto, minha perna doía, meu maxilar estava pendurado, meus ouvidos estavam zunindo e meu coração partido.
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