Capítulo 81 – Indefesa
\”Me encontre no Café Cidade, aquele que eu frequentei com a Marjorie, as 13:00, por favor venha sozinho, é importante — Cris\”
— Então, vim aqui só pra tentar entender que bilhete louco foi esse Cris, me fala que droga é essa
— Eu posso explicar!
— Então, pelo que eu entendi, Agente, você terminou o namorico — Perguntei dando uma leve cutucada — Só não entendi por que desse lugar escondido.
— Não é um namorico, estamos juntos por quase quatro anos, não seja maldoso
— E por que terminaram?
— Não terminamos, não ainda, mas acho que temos incompatibilidade de objetivos
— Já sei, você almeja as estrelas e ele as cavernas?
— Para, Fernando, não é assim. Eu virei Policia Federal por que eu quis, ele ter continuado na PM também foi escolha dele, lá dentro ele também vai evoluir, a PM é uma instituição de respeito.
A garçonete se aproximou
— Vão pedir algo agora? — Ela entregou dois cardápios
— Eu vou querer um café expresso e uma torta daquela de chocolate — Apontei para a vitrine — E pra você Cris?
— Uma água, por favor.
A Garçonete pegou os cardápios e saiu
Sempre achei Cris muito bonita, era diferente da irmã Carla, era mais branca, mais estreita e mais alta. O Rosto de Cris era cumprido, diferente do de Carla, mais arredondado. Carla fazia o tipo Gostosona, mulher com muitas curvas, seios grandes e bunda empinada. Já Cris era esguia, seios pequenos, curvas discretas e um bumbum pequeno, gostosa também mas de um outro tipo.
O que chamava atenção em Cris num primeiro momento eram os olhos azuis profundos, nesse momento ela usava uma blusa de lã preta e com gola rolê, cumprida até os pulsos e uma calça jeans, com uma botinha preta também.
O Visual de Cris, mesmo sendo branquinha era Dark, sempre com lápis de olho forte e batons escuros, davam um olhar gótico à ela, acho que isso era esperado, dessa vez seu visual era introvertido, o cabelo cobria toda a parte direita do rosto, a parte que dava para ver parecia cansado, mesmo com a maquiagem.
— Você vai mesmo comer essa bomba de açúcar, sódio, caloria e sei mais lá o que? — Cris falou indignada quando a torta chegou
Era um pedaço grande de chocolate com biscoito e creme de amendoim com um ganache de chocolate e pedaços de chocolate amargo em cima.
Olhei para ela e fiz uma cara blasé, ergui minha camiseta e mostrei os gominhos do meu abdome pra ela.
O Reflexo dela foi entortar o canto da boca e ficar corada, virando o rosto de lado
— Tanto faz
Cortei a torta com o garfo e coloquei um pedaço na boca
— Nossa, está maravilhoso, experimenta — Cortei outro pedaço e estendi para ela — ta uma delicia, come!
Ela me olhou com ódio
— Não vou comer isso! — Falou severa mas eu continuei estendendo a mão sem falar nada — Para, não vou comer
Minha expressão ficou mais séria, quase um minuto segurando o pedaço pra ela, enfim ela abocanhou e comeu contrariada
Eu sorri
— Ora, bom saber que é só deixar algo na sua frente que você coloca na boca, vou testar mais isso
Ela deu um leve sorriso, mas forçou seriedade
— Está gostoso mesmo.
— Enfim Agente Cristina, o que devo a honra desse encontro secreto? — Perguntei indo direto ao assunto
— Não é um encontro secreto! — Ela falou mostrando uma certa indignação
— Não é? E por que não foi ao meu escritório ou à minha casa?
— Ao Harém? — Ela perguntou parecendo sarcástica
— Sim, ao Harém, por que não foi lá?
— Olha, esse negócio de Harém é deprimente sabia? Isso pode ser ilegal, poligamia não é permitida no Brasil.
— Eu sei disso, por isso eu só casei com a sua irmã querida, as outras vivem comigo e não há nada de ilegal nisso
— Mas você as trata como esposas
— Sim, trato, mas agora só há a Carla e a Márcia as outras vem e vão
— Sim eu sei.
— Mas enfim, o que você quer?
— Eu, é que, olha — Ela não encontrou palavras e abaixou a cabeça
Tentei completar
— Você tem algo pra me falar?
— Tenho! — Ela falou aumentando o tom de voz parecendo animada
— Então fala! — Falei no mesmo tom
Mas ela juntou as mãos no meio das pernas cruzadas e se encolheu sem me responder.
— Você veio aqui só pra me ver?
Vi o sangue subir novamente ao seu rosto e ela só balançou a cabeça falando que sim
— Estava com saudade de mim? — Continuei tentando extrair as informações dela
Novamente ela apenas balançou a cabeça positivamente
— Por que isso Cris? Vou na casa da sua mãe e você não está, você não vem em casa, me vê de longe e desvia, o que acontece?
Ela me olhou assustada, abriu a boca para falar e eu interrompi
— Sim, eu vi você na sessão de frios do mercado aquele dia
Ela fechou os olhos
— Desculpe por isso
— Tudo bem, mas eu quero entender, o que te trás aqui, por que agora? Depois de você ter salvado todos do Harém eu te chamei para sair, jantar, ficarmos juntos e você não veio.
— É complicado — Ela respondeu quase num sussurro
— Eu sei que é complicado, mas se você me chamou aqui eu espero ao menos uma resposta.
Ela ficou em silêncio
— Não entendo — Terminei de comer a torta e dei a ultima golada no café — Você me chama aqui pra ficar quieta, não consegue nem dizer o que foi
Levantei e peguei minha carteira, joguei quinze reais na mesa
— Olha Cris, você está grande, não é mais aquela menina que mandava cartas e era enganada por sua irmã mais velha, você trabalha, estuda, namora e é independente. Pensei que você fosse mais forte, uma mulher adulta e segura mas parece que isso é só impressão minha.
Me preparei para ir embora, mas quando passei por ela senti sua mão suave segurando meu pulso, então me detive, ela não falou nada, apenas puxou para baixo me forçando a abaixar, me abaixei ficando apoiado em um dos joelhos.
— O que foi? — Eu realmente estava com raiva, frustrado, estava ali perdendo tempo com uma menina risquinha mimada que não tinha coragem de falar o que queria
Ela virou o rosto pra mim, o cabelo ainda cobrindo a parte direita do rosto, com um movimento suave ela jogou o cabelo para trás revelando um rosto roxo, com sangue pisado e um olho inchado e vermelho.
— Que porra é essa? — Me assustei quando vi
Ela cobriu novamente com o cabelo
Novamente se fechou, ficando em silêncio e olhando para baixo introvertida
Tentei processar o que vi e o que estava acontecendo, ela era uma agente da Policia Federal, não era muito comum agentes desse porte correrem atrás de bandido mas vira e mexe acontecia, agora prestando atenção eu conseguia ver o ferimento através dos cabelos. Não estava ralado, arranhado, era uma pancada, uma pancada unica e forte.
Me aproximei dela, puxei-a pela nuca e ela praticamente caiu em cima de mim me abraçando, senti ela chorando no meu pescoço.
Eu não sabia exatamente o que pensar ou o que fazer, mas precisava entender a situação e ela precisava de proteção, de colo de alguém e aparentemente esse alguém era eu.
— Ta bom, vem comigo.
Fiz menção de me levantar e ela levantou junto, era isso que ela queria, vir comigo. Ela escondeu o rosto no meu braço enquanto caminhava comigo, agarrada a mim, fomos até meu carro do outro lado da rua, no estacionamento do escritório da academia central, coloquei ela dentro e ela ficou quieta.
Assim que entrei no lugar do motorista ela me perguntou
— Onde vamos? — A Voz dela parecia perturbada
— Onde você quer ir? — Perguntei passando tranquilidade
— Não sei — Ela respondeu, parecia estar assustada.
Andei com o carro pensando um pouco, mandei mensagem e Carla e Márcia estavam no Harém, fora o escritório não tinha lugar com muita privacidade. Então embiquei num motel
— Não Fernando, aqui não! -Ela olhou em volta — Se o Pedro me vê aqui ele me mata
— Então foi ele? — Perguntei reagindo ao que ela havia falado
Ela me olhou em pânico e colocou as mãos no rosto
— Da seu documento Cris, você precisa descansar um pouco, parece exausta
Ela me olhou confusa segurando a bolsa de couro negro no colo, abri o zíper e coloquei a mão dentro, senti algo frio e duro, puxei devagar e era uma pistola, rapidamente ela pegou minha mão
— Não, tira a mão daí! — Colocou a mão na bolsa e pegou a identidade me dando.
Entreguei à atendente e haviam poucas opções de quarto, o mais caro e luxuoso por sinal. Parei o carro e desci, dei a volta, ela continuava dentro dele quieta. Abri a porta
— Ei, vem, desce
— Eu não posso entrar aí com você — Ela falou com firmeza
— Por que não? — Perguntei tentando compreender a linha de raciocínio dela
— Você é o marido da minha irmã, não é certo estarmos sozinhos num motel, ainda mais um desse.
— Você quer transar comigo agora? — Perguntei dando um choque nela
— Não, não! O que é isso Fernando? — Ela respondeu assustada
— Então não tem problema, vamos entrar, lá tem uma cama gostosa, banheira, chuveiro, TV, internet, tudo pra gente ficar tranquilo e ninguém sabe que estamos aqui.
— Mas e a Carla?
— O que tem ela?
— Quando ela souber que você está no Motel com outra, com a irmã dela, ela vai ficar chateada, puta da vida!
— Isso não seria uma boa vingança?
— Vingança? Ta maluco? Eu sou melhor que ela, não quero me vingar de nada, não guardo mágoa de pessoas idiotas.
Peguei-a pelas duas mãos e ela resistiu
— Não Fê! — Falou quase cedendo
— Tudo bem — Me posicionei e peguei-a no colo — Se não vai andando eu te carrego.
Ela deu um gritinho de susto e me agarrou no pescoço, senti ela rindo do momento, mas logo tomou a seriedade.
Entramos e o quarto era gigantesco, era o mesmo hotel que eu havia trazido Carla para a suruba com os homens morenos.
Chegamos na cama e coloquei ela deitada, ela relaxou. Fechei a porta e voltei até ela. Tirei seus sapatos depois os meus, me deitando ao lado dela e cobri as pernas dela com um cobertor.
— O que quer fazer? — Perguntei
— Como assim? — Ela respondeu assustada
— Agora o que quer fazer agora? Quer dormir, ver um filme, conversar, pedir comida, tomar um banho, tem até uma piscina se você quiser, são muitas opções.
— Não sei — Ela respondeu sem pensar muito.
Me aproximei dela e coloquei o braço por baixo da sua cabeça, ela se virou de lado e me abraçou se aninhando em mim, ficou quieta por uns minutos, e eu não me me mexi também e então senti a respiração dela pesada, um chiado baixo, ela estava dormindo, estava realmente cansada.
puxei o cobertor e cobri ela mais, ela se encolheu no meu corpo procurando calor.
Tirei meu celular do bolso e mandei mensagem pra Carla, explicando o que havia acontecido e onde eu estava. Carla não sabia de nada, não tinha ideia do que podia estar acontecendo e disse que Cris depois que saiu da casa da mãe não falava muito com a família pois os pais dela não gostavam do namorado que morava com ela.
No mais Carla me disse que parecia boa pessoa, ofereceu ajuda e eu disse que não precisava, que iria ficar com ela ali até acordar.
Mexi no celular durante uma hora e comecei a pegar no sono também e acabei adormecendo, senti muito calor, mas era bom, quentinho aconchegante.
Acordei de uma vez, abrindo os olhos e notando a ausência de Cris, o quarto estava escuro, eu havia deixado-o com a luz acesa. Olhei para o relógio e percebi que eu havia dormido por uma meia hora.
Vi então, por baixo da porta, que a luz do banheiro estava acesa, me sentei na beira da cama, estava preocupado com ela, não tinha uma proximidade tão grande mas ela parecia confiar em mim pois correu pra mim quando tudo aparentemente estava dando errado, era um pedido de socorro e eu não podia deixar ela sozinha, ela era irmã da minha esposa e sentia obviamente algo por mim além de respeito.
Me levantei e bati na porta do banheiro
— Cris, tudo bem aí?
A resposta demorou alguns segundos a mais do que o normal, a voz parecia afetada
— Não, nada bem!
— Posso entrar?
Ela não respondeu, esperei uns segundos e mexi na maçaneta, abrindo a porta
Ela estava sentada na beira da banheira com o celular na mão, com a tela apagada. Me aproximei e sentei-me ao seu lado
— Se você me contar o que está acontecendo eu não preciso ativar minha bola de cristal
Ela riu e colocou a mão no rosto
— Ai meu Deus, eu sou uma retardada mesmo, eu não acredito nisso
— Acredita no que? — Estiquei a mão e tirei o cabelo dela do rosto, ela franziu a face como quem sente dor. — Ta doendo tanto assim?
— Ta, um pouco — Ela respondeu e eu vi seus olhos vermelhos.
Me levantei e liguei a água da Hidromassagem, ela me olhou desconfiada.
— Querida, olha, eu estou me cansando desse mistério todo, eu praticamente já entendi o que esta acontecendo aqui, mas preciso que você ligue as pontas pra mim por que aparentemente isso é bem sério. Então anda, desembucha.
Fiquei parado na frente dela com os braços cruzados, ela nada falou. Saí do banheiro e peguei meu celular, voltei pra frente dela e comecei a mexer nele.
— O que você está fazendo? — Ela me perguntou ao ver meu ato
— Vou ligar pra sua irmã, talvez você fale com ela, acho que ela devia estar aqui!
— Não, ela não! — Cris protestou
— Já sei então, vou ligar pra Marjorie então — Disquei para Marjorie e coloquei o telefone na orelha
— Não, não faz isso, por favor!
Estiquei o dedo para ela pedindo silêncio, Marjorie atendeu
— Fê?
— Oi minha megera favorita, como você está?
Marjorie riu
— Estou bem, e você?
— Estou ótimo, estou com saudades
— Eu também, vou ir aí na semana que vem! — Marjorie falou animada — Vou com a Fefe!
— Que ótimo, você lembra da Cris? — Perguntei de supetão
Cris juntou as mãos como se rezasse e sussurrava \”Não\”, fazendo \”Não\” com a cabeça, li seus lábios \”Por favor, não!\”
— Cris, irmã da Carla? — Marjorie perguntou
— Sim, ela mesma
— Lembro né, o que tem ela?
Olhei pra Cris e sorri
— É que eu a vi na rua hoje, parecia chateada, tem falado com ela?
— Hmmm, não, faz um tempão que não falo com ela, na verdade, não vi mais depois daquela merda que deu no Harém, mandei umas mensagens e ela não respondeu, acho que me bloqueou, não fiquei atrás. Você acha que eu devo ligar pra ela?
— Não, não, só um pensamento. Então, te espero semana que vem ta?
— Ta bom… — ela esperou um segundo — Você ligou só pra falar isso?
— Não, liguei pra ouvir sua voz, eu disse, estou com saudades
— Ta bom — Ouvi a voz dela animada — Obrigada pelo carinho, também quero te ver em breve.
— Ta bom gatinha, um beijinho
— Aonde? — Ela perguntou demonstrando seu apetite sexual
— Na boquinha — Respondi
Ela riu
— Outro, tchau!
Desliguei o telefone
— Fê do céu, você é louco? — Cris se levantou e colocou as mãos na cabeça — Por que ligou pra ela?
— Eu precisava saber se ela sabia de algo, mas como não sabe e você não quer falar eu vou ligar pro seu namorado
Peguei o telefone e comecei procurar na agenda, mas Cris tomou o telefone da minha mão com brutalidade
— Não faz isso! — Seu olhar era de ódio
Estiquei o braço e peguei o celular, bem devagar com olhar severo
— Não faço, não tenho o telefone dele
Ela não respondeu
— Bem, ou você fala agora ou vamos embora — Dei um ultimato — Como vai ser?
— Eu falo — Ela disse
— OK — Respondi
Ela encostou na parede do banheiro que já estava começando a suar devido ao vapor da água quente
— Quando fomos morar junto ele mudou, começou a colocar umas regras estranhas
— Que tipo de regras? — Perguntei interessado
— Primeiro ele me proibiu de ter amigo homem, por que ele me disse que na PM os homens davam muito em cima de mim e me olhavam muito
— Normal te cobiçarem, você é uma mulher bonita e ficava bem de uniforme apertado
Ela corou novamente
Continuei
— Mas proibir estava errado, ele te proibiu de ter amizade e sair com os homens?
— Não, ele me proibiu de falar, só podia falar se fosse no trabalho
— Entendo
— Então, ele pegou uma mensagem no meu celular e tudo piorou
— Que mensagem?
Cris pegou o celular e começou a mexer nele, em pouco tempo me mostrou a tela, era uma mensagem da Marjorie que dizia
\”Oi querida, obrigada pela ajuda que você nos deu tá, você estava linda como sempre, amei ver você forte e poderosa, podemos sair novamente, saudade do seu beijo\”
— De quando é isso — Perguntei
— É de uma semana depois daquele dia no seu Harém
— Entendo, e você respondeu?
— Não, claro que não, eu já estava namorando, mas deixei a mensagem aí sei lá por que, e ele viu. Me fez apagar, bloquear e excluir o contato da Marjorie.
— Entendo, ele ficou enciumado
— Sim, depois disso ele me proibiu de ter amizades femininas também, falou que eu era uma Vadia e Puta e que ele não podia confiar em mim por que eu iria trair ele a qualquer momento
— E o que você fez?
Ela abaixou a cabeça e puxou o ar e esvaziou os pulmões se curvando pra frente em uma pose visível de derrotada.
— Eu obedeci
— Você não tem amizades então, não fala com ninguém? — Perguntei curioso e intrigado
— É, com ninguém fora do trabalho
— Por isso não fala com sua mãe, com sua irmã nem com ninguém mais
— É — Ela respondeu com os olhos cheio de lágrimas
— Entendo — Tirei minha camiseta e me aproximei na banheira colocando a mão na água que já estava a um palmo de altura
Ela me olhou desconfiada, desviando o olhar.
— E quando ele começou a te bater?
Ela se encolheu e segurou o cotovelo esquerdo com a mão direita pela frente do corpo
— Eu não tenho o dia todo Cris — Falei e abri minha calça tirando-a
Ela arregalou os olhos
— O que você ta fazendo, ta louco?
— Olha, eu vou pagar por tudo isso, é em caro, eu vou aproveitar essa banheira gigantes e depois aquela piscina, sugiro que você venha comigo
— Eu, eu, eu não…. — Ela hesitou
Entrei na banheira usando apenas uma cueca boxer preta e comecei a regular a temperatura e quantidade da água.
— Foi a dois anos — Ela continuou
— E como foi?
— Quando ele descobriu sobre a Marjorie, ele me bateu, me deu uns tapas no rosto e me jogou no chão, mas eu mereci, eu devia ter apagado aquela mensagem
— Hmmm — Apenas concordei
— Depois ele me bateu por que no dia dos pais eu queria ir ver meu pai e ele disse que eu tinha algum tesão pelo meu pai, mas foi culpa minha também, ele falou isso e eu não falei nada, demorei pra responder então eu acabei dando motivo e deixando ele enciumado
— A terceira vez foi quando eu estava na academia e ele foi me buscar, ele disse que viu um homem olhando pra minha bunda e que meu moletom era muito apertado, na verdade eu peguei o mais folgado mas eu não consegui evitar, eu podia ter virado para o outro lado, eu sou meio vagabunda mesmo, quando cheguei em casa ele rasgou minha roupa e me bateu, me chutando e transou comigo no meu anus só pra eu lembrar e parar de mostrar ela pra todo mundo. Bem, de certa forma deu certo né, por que eu me lembrei, funcionou.
— E depois? — Perguntei procurando seus olhos
— Depois, no natal eu queria ir ver vocês, mas ele disse que eu queria fazer parte dessa putaria que vocês vivem e que eu queria ser sua puta, nessa noite ele quebrou duas costelas minhas
— E deixa eu adivinhar, deu certo por que você realmente queria ser minha puta e ele te corrigiu
— É, de certa forma sim, você é casado com a minha irmã e eu era casada com ele, era um desejo incorreto mesmo.
Estiquei a mão para ela e ela segurou
— Acho melhor você tirar essa calça para não se molhar
— Não, não posso entrar aí
— Se você quiser minha ajuda vai ser do meu jeito, eu não vou ficar aqui sozinho Cris, pelo amor de deus.
Tirei a cueca e meu pau estava mole, ela olhou e vi sua testa se frazindo, ela virou de costas pra mim
— Fê! não, você é casado com a minha irmã, por favor!
Saí da banheira e me aproximei dela, pelas costas
— Cris, estou ouvindo o que você esta falando e estou entendendo que você não sabe de nada e é inocente
— Não sou inocente, sou uma Policial Federal
Seguei a blusa dela e ergui devagar
— Levanta os braços! — Ordenei
Meio a contra gosto ela levantou e eu tirei, por baixo apenas um sutiã negro comportado, sua pele branca com tatuagens coloridas e algumas marcas de cicatrizes de cortes com queloides, algumas bem agressivas.
Passei a mão em uma cicatriz nas costas
— Isso foi ele que fez?
— Foi, foi ele
— E você gostou? — Perguntei tentando entender o que ela sentia
— Não, ela destruiu meu corpo, ele me bate nas tatuagens por que diz que é coisa de mulher vagabunda
— E o que você acha disso?
— Se eu não fosse vagabunda eu não faria tatuagem né, gente de bem não tem tatuagens.
Fechei os olhos e respirei fundo, aquilo estava muito errado, ela parecia mentalmente quebrada
Abracei ela por trás e dei um beijo no pescoço, apertei ela contra meu corpo
— Fê, não faz isso por favor, pode dar problema, se a Carla souber… — ela aguardou uns segundos — Se ele souber ele mata nós dois.
Entendo, vi os pelinhos das costas dela se arrepiar, abri o botão da calça dela e abri o zíper
Ela segurou minha mão
— Não Fê, por favor, não!
— Cris — Virei ela pra mim — Tem algo muito errado com você, você precisa entender o que está acontecendo aqui
Ela me olhava confusa.
Abaixei sua calça jeans e por baixo um shortinho também preto sem detalhes ou renda, me levantei e olhei para seu corpo, o sutiã era grande e sem detalhes. Usava um colete que deixava dois coldres de armas de fácil acesso mas apenas um deles tinha uma arma negra com detalhes cromados.
Na cintura um cinto grosso com alguns pentes de munição e outra arma no coldre.
Dei um passo para trás e olhei-a novamente, branquinha da cor de leite, tatuada, sexy, magrinha com um corpo lindo e armada para matar
— Você é a mulher mais indefesa que eu já vi — Falei constatando o óbvio
— Eu não sou indefesa, eu sei usar isso! — Ela colocou a mão na arma da cintura
— Cris, você tem diversas armas, treinamento de combate, domina bandidos e derruba caras maiores que eu com facilidade
— Sim, mas é o meu trabalho! — Ela protestou
— E não consegue se livrar de um imbecil que te trata como uma cadela?
— Eu, eu… — Ela começou a chorar — Eu mereço, eu sou uma má pessoa, eu sou uma vagabunda, eu sou uma lésbica sem vergonha, eu sou uma safada, eu sou uma traidora, eu sou uma puta….
Ela estava ofegante, a respiração era forte e pesada, parecia carregada de ódio, parecia que ia explodir, então levou as mãos ao rosto e depois gritou num berro estridente:
— ME AJUDA FÊ PELO AMOR DE DEUS!
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