Danielle Trans, Evangélica – Capítulo 26 — Salto para o infinito
Fausto sentiu o calor do corpo de Danielle, a noite fez frio e ele sentiu ela o abraçando, beijou sua cabeça, era fofa, quente, inteligente, ele pensava muito nos prós e contras de se ter uma namorada transexual, gostava muito de Danielle, ela era mais incrível do que qualquer mulher que ele havia se relacionado, o que mais gostava nela era a total falta de interesse nos bens materiais dele, isso era totalmente contrário a praticamente todos os relacionamentos que eles já tiveram.
Era um homem adulto, teria que bancar com a família e os amigos qualquer decisão que tomasse em relação à Danielle.
“E no meio profissional, como isso se sairia?”
Era algo que pairava na mente dele, pessoalmente perguntou para algumas pessoas o que achavam de Danielle e as respostas eram sempre neutras na parte da sexualidade e muito positivas na parte profissional, quase como se não soubessem que ela não era uma mulher, imaginou que isso poderia ser positivo
Sentiu um calor maior, que foi aumentando, um tesão sem igual, ouviu um barulho molhado, quase como um barulho de algo sendo chupado então sentiu seu penis pulsar, algo molhado e quente fez sua coluna receber uma descarga
Abriu os olhos, viu Danielle de olhos fechados com a boca aberta recebendo seu penis dentro, sabia que tinha o pênis monstruosamente grande, muitas mulheres haviam dito para ele, muitas fugiram dele por medo, alguns amigos ficaram horrorizados quando viram e isso lhe causou alguns conflitos.
Por seu grande, não era qualquer mulher que conseguia chupar ou transar com ele, mas Danielle era diferente em tudo.
Ela se esforçava, masturbava o pênis dele com as duas mãos de forma delicada enquanto abocanhava de uma vez, ele via a baba de Danielle escorrer pelo corpo de seu pau
Sem se controlar ele gemeu olhando para ela
Danielle abriu os olhos grandes e castanhos, olho-o diretamente, tirou a boca do pau molhado e um fio de baba surgiu entre a boca dela e a cabeça enorme e inchada de seu pau
— Bom dia dorminhoco — Ela falou com um sorriso largo em sincero voltando a chupar ele imediatamente
— Bom dia — Ele respondeu deixando a cabeça cair e aproveitando o boquete delicioso
Abriu os braços e abraçou o travesseiro macio, aquilo era maravilhoso, surreal, se perguntava se só era bom assim por que ela também tinha um pau e sabia como fazer.
Sentiu os movimentos parar e a cama sacudiu levemente, abriu os olhos e a viu pegar algo no lado da cama, um pacote prateado, ela rasgou
— O que é isso? — Fausto perguntou curioso imaginando o que seria
— Camisinha — Ela falou enquanto tirou o objeto transparente e gosmento de dentro
— Não precisa, isso aperta muito — Fausto disse
— Cala a boca, eu não sou uma mulher trouxa que cai nessa de — Fez as pas com os dedos — “Camisinha aperta meu pau”
Colocou a camisinha na cabeça do pau de Fausto, apertou a ponta e desenrolou devagar, as unhas pintadas bonitas, curtas deram um charme ao movimento.
Fausto por instinto passou a mão nos seios diminutos de Danielle e apertou o bico grande
Ela sorriu e se arrastou para cima dele sentando na barriga de Fausto
— Ja acordou pelo visto — Falou animada
— Acordei com esse veludo aqui — Fausto passou a mão na boca dela, Danielle chupou o dedo dele — Gostosa
Ela riu sapeca e colocou a mão para trás
— Passa bastante lubrificante — Fausto advertiu pois não havia visto ela fazer isso
Ela riu debochada
— Faz seu trabalho que eu faço o meu — Falou num movimento sério enquanto encaixava o pau de Fausto na portinha do prórpio cu
Danielle fechou os olhos e forçou devagar, rebolou e fez movimentos pra frente e pra trás.
O pau dela não era pequeno, era considerado acima da média, mas eli era praticamente algo infantil se comparado ao colosso de Fausto
— Caralho Fausto! — Ela falou de olhos fechados dando pequenos solavancos — Muito grande, caralho! — Ela falou deixando o pudor de lado
Fausto puxou-a pelos braços a assustando, os rostos ficaram a um centímetro de distancia, ele a beijou na boca, ela correspondeu, as linguas se entrelaçaram por quase um minuto
— Bom dia — Ela falou carinhosa
— Bom dia meu amorzinho — Ele disse acariciando a cabeça dela
Danielle mostrou a língua e ergueu o corpo
— Deixa eu resolver isso aqui que a gente já vê esse lance de bom dia — Ela falou concentrada
Fausto achou engraçado
Danielle continuava a forçar devagar o pau de Fausto dentro de si, Fausto sentiu que ela conseguia, parecia séria, concentrada, a cada solavanco delicado ele sentia o cu dela apertando cada vez mais
— Cuidado — Fausto a advertiu
— Eu consegui aquele dia, vou conseguir de novo — Falou decidida, o pau entrou dois dedos e ela parou gemendo — Falei, eu consigo
Posicionou o corpo ereto, de joelhos, começou a descer devagar, gemendo, não parecia algo prazeroso, mas algo dolorido
Fausto passou as mãos na perna dela
— Tá tudo bem? — Ele perguntou
Ela olhou para ele, boca aberta, ofegante, parecia cansada, fez um movimento positivo com a cabeça, mas parecia forçado
— Só preciso de um minuto aqui, espera — Ela falou colocando as duas mãos em cima das mãos dele em suas coxas, olhava para um ponto além, na parede — Devagar — Ela falou e ele viu ela rebolando para frente e para trás
Fausto sentiu o pau entrar e sair dela devagar, era gostoso, apertado, quente, molhado, ela provavelmente havia colocado muito lubrificante ao ponto de estar sentindo como se fosse uma buceta.
Ele deixou ela comandar, não falou nada, não fez nada, sentia muito tesão.
Ver Danielle era algo incomum, ela era bonita, séria, o cabelo cumprido castanho escuro, o rosto cumprido, o queixo perfeitamente desenhado, o nariz empinado, a voz fina com uma certa rouquidão no fundo
— Aaaaiii — Ela gemeu e parou — Caralho Fausto! — Ela disse de olhos fechados
— O que foi? — Ele perguntou preocupado sentindo a força do anus de Danielle praticamente estrangulhando a base de seu pau
— Consegui — Ela falou com dificuldade — Cavalo filho da puta! — Ela falou com uma certa dor na voz
— Cuidado Dani, não vai se machucar — Fausto disse
— Vai se fuder! — Ele disse nervosa — Eu consigo, sei o que to fazendo — Ela falou parecendo sem paciência — Agora vai seu papel de macho e me come! — Ordenou
Fausto segurou a cintura dela, imaginou se aquele corpo feminino esculpido era algo natural ou obra dos hormônios que ela tomava desde nova.
Com movimentos delicados ele dava pequenas estocadas
Danielle gemia de forma incomum
De boca aberta, o suor começava a correr de sua testa, dos seus olhos lágrimas desciam.
— Ta tudo bem mesmo Dani? — Fausto perguntou preocupado
— Manda bala caralho! — Ela falou de forma quase artificial
Ele a segurou pela cintura e ensinou os movimentos que le gostava, ela aprendeu rapido, em segundos estava cavalangando no enorme pau dele para frente e para trás com movimentos suaves e levemente circulares
Olhou para ele e sorriu
— Tá gostoso assim amor? — A expressão na face ela era enigmática, similar à expressão infantil que tinha quando dormia
— Ta demais! — Fausto respondeu sorridente, era verdade, estava incrível, setia algo diferente, era muito quente, muito apertado, molhado e aquela mulher era incrivel fazia tudo parecer algo potencialziado
Ela então colocou as mãos no abdomem dele e parou, abiru a boca
— Aaaahhhh — Ela gemia e as pernas pareciam ter um ataque de convulsao de tanto que tremia — Ai meu Deus, Jesus é o meu senhor — Ela falou fechando os olhos e jogando o cabelo para trás, falou bem baixinho — Me permita Senhor — O corpo dela todo tremeu
Fausto viu quando o pênis dela se ergueu de uma so vez enquanto ela gemia e ele pulsou jogando semem quente na barriga, no abdomem e depois no peito de Fausto
— Aaaaahhhh aaaiiii Senhoooooorrrrrrr — Ela gemeu parecendo agradecer — Ai, que delicia! — Danielle disse
O Corpo trêmulo, parecia em febre, Fausto observava, a cena era bonita, alguns fios colcaram no rosto, ela parecia cansada, ofegante, fora de si
Olhou para ele quase perdida, como se fosse outra pessoa, piscou, olhou em volta, pegou uma toalha pequena que ele não havia visto e limpou o peito dele
— Me desculpa, por favor, sujei você — Ela disse preocupada
Fausto segurou a mão dela e jogou a toalha de canto
— Foi gostoso? — Ele perguntou curioso
— Foi incrível, um orgasmo animal — Ela disse tomando fôlego
— Então não peça desculpas — Ele falou sério
Ela olhou para ele por alguns segundos, assustada, fez que sim com a cabeça e sorriu, estava ajoelhada, sentada, se poisicionou inclinando o corpo para trás colocando a planta dos pés na cama
— Agora é a sua vez. — Falou com um rosto que parecia em furia
Fausto viu quando o corpo dela subiu e desceu, viu o pau dele praticamente sair e entrar novamente dentro dela, Danielle deu um gemido fino e Fausto um gemido grosso
Ela repetiu o processo por algumas vezes, estava masturbando o pau de Fausto com o próprio anus, ele sentia uma série de movimentos como se massageiam seu pau, ele não sabia que aquilo era possivel, Danielle repetiu o movimento como uma dança por quase cinco minutos ate que Fausto
— Ai, eu vou gozar — ele anunciou em êxtase
Ela mudou a posição, se inclinou para frente mas continuava a saltar no pau dele fazendo penis entrar e sair com muita força.
— Aaaaiiiii — Ele gemeu — Aaaaiii Dani
— Isso, isso — Repetiu — Vem pra mim, me dá tudo!
Ela clamava
Fausto olhou para ela, Danielle estava de boca aberta, com o olhar vidrado nele, então ele viu, o pau dela pulsou novamente e ela gozou novamente
Danielle deu um grito fino
— Poooorraaaaaaa — Falou arranhando a barriga de Fausto — Gostoso do caralhoooo
Mais semem quente jorrava do pau dela, dessa vez em menor quantidade e com menos intencidade, os primeiros dois jatos o atingiram na barriga e abdomem os outros foram apenas pingos que escorriam ela aumentou o ritmo
Um misto da visão de Fausto vendo ela gozar, vendo o corpo dela suando, ouvindo os gemidos e vendo o rosto dela causou uma comoção mental em Fausto e ele sentiu seu corpo explodir e sua energia se concentrar na cabeça do pau
— AAAAAAHHHHH — Ele gritou ao gozar — Te amo Dani! — Ele falou de olhos fechados
O pau dele pulsou causando dor nela, ficou maior por alguns segundos, ela sentiu, mesmo com a camisinha ela sabia que ele estava gozando, diminuiu o ritmo devagar até parar, deixou o pau sair e se arrastou para trás sentando-se no joelhos de Fausto.
Agarrou o pau dele e masturbou devagar enquanto ele ainda sentia o tesão.
Apertou a base, Fausto olhou pra ela
— Tudo bem? — Ela perguntou sorridente — Gozou gostoso?
— Gozei — Ele falou soltando o ar e sentindo seu corpo relaxado
Danielle tirou a camisinha devagar, ele olhando para ela atencioso, a expressão severa dela havia sumido, parecia novamente uma adolescente, uma criança.
Tirou a camisinha e se levantou, foi até o banheiro, demorou alguns minutos e voltou caminhando nua enquanto Fausto se recuperava.
— Bem, a gente tem que ir, não posso chegar tarde, meu chefe é um carrasco! — Ela falou olhando em volta
— Vem aqui — Ele disse chamando-a com a mão
Ela foi, engatinhou na cama
— O que foi? — Ela perguntou
— Fica um pouco comigo — Ele disse carinhoso
— Pós sexo? — Ela falou brincalhona ao se deitar
— Você não gosta? — Fausto disse curioso
Danielle ficou em silêncio por alguns segundos constrangedores, balbuciou algo e tomou fôlego
— Acho que é falta de costume, nunca querem ficar de conchinha comigo, sempre é goza e sai fora — Ela falou pensativa — Desculpe ser tão sincera, mas isso não é comum pra mim.
Ele a agarrou puxando-a para ele, ficando de conchinha
— Precisa aprender que eu sou incomum — Beijou o pescoço dela
Danielle não repeliu o carinho, mas ficou quieta
— Não gosta do carinho? — Fausto perguntou preocupado
— Gosto, claro, só preciso a me acostumar com um homem de verdade querendo se relacionar comigo assim — Ela respondeu
— Assim como? — Ele perguntou
— Ah, deixa Fausto, eu sou besta mesmo — Se aconchegou — Vamos curtir, tá gostoso
Ele a apertou e beijou o pescoço, ela se encolheu e riu.
Ficaram quietos por alguns segundos, mas em seguida Danielle apontou para a viga romana.
— Por que romana? — Ela estava curiosa
— Tava assim quando peguei, na verdade, não escolhi muito sabe, o antigo dono era meio megalomaníaco — Ele disse
— Quem era? — Danielle perguntou — Famoso?
— Ele foi preso nesses esquemas de corrupção do governo, dono de empreiteiras — Fausto explicou
— Aaahhh — Danielle pareceu entender
Conversaram por mais alguns minutos, até que ela deu dois tapinhas na mão dele
— Vamos querido, preciso ir, tenho horário — Ela falou sentando-se na cama
— Eu sou seu chefe, eu te libero — Ele disse animado — Fica comigo aqui vai!
Ela riu e se levantou
— Nem fodendo! — Falou sorridente, mas em seguida bateu na própria boca — Desculpa Jesus
Ele achou curioso, ela havia falado muitos palavrões e sido muito agressiva minutos antes
— Você não pediu desculpas quando falou palavrão naquela hora — Fausto disse sorridente
Ela olhou séria pra ele
— Não tem Jesus no sexo — Falou como se fosse algo normal
— Você chamou Jesus e agradeceu a ele — Fausto disso, mas foi interrompido
— Cala a boca, nunca mais fala disso — Ela disse parecendo frustrada, pensou por um segundo — Desculpa, eu so não gosto de fazer isso, eu perdi o controle, não misturo meu senhor com essas coisas.
— Entendi, mas sexo não é coisa de Deus? — Fausto perguntou curioso
— Sim, o amor é coisa de Deus — Mas ela apontou para ele e para ela — Mas a gente só devia estar fazendo isso se fossemos casados, então estamos em pecado
— Pecado? — Ele perguntou — E como fica isso? pede desculpas?
Ela olhou para ele e entortou a boca
— Eu me viro com meu senhor tá bom? — Ela falou de forma grossa
— Tá bom, desculpa — Ele disse preocupado
Ela pegou as roupas e uma toalhada, foi em direção ao banheiro, parou na porta
— Olha, eu não sou santa e não tenho a pretensão de ser o tempo todo, não fica me colocando em cheque com a minha fé, eu sei que eu sou uma contradição ambulante, não faz isso comigo, por favor.
Fausto se levantou rapido e foi ate ela, abraçou
— Desculpe, de coração — Deu um beijo no pescoço dela — Eu só to me esforçando pra te entender
— Obrigada — Ela disse retribuindo o abraço — Mas vamos devagar tá, nem eu me entendo.
Entraram juntos no chuveiro, tomaram um banho divertido, rindo e namorando, saíram animados e foram ao trabalho, deixaram o carro no estacionamento e saíram a pé para tomar café em uma Padaria, era mais cedo que o normal.
Enquanto comiam, Danielle viu algumas pessoas que conhecia e se arrependeu de ter ido lá.
Terminaram e ela voltou ao escritório, não havia ninguém.
Começou a trabalhar, as pessoas foram chegando, olhou o código dos programas para saber se Fábio havia colocado algum gatilho de alerta para o nome dela ou de alguém, consultou os históricos e também não havia nada, mas ele poderia ter feito algo em sua própria máquina, não queria pensar nisso.
— Bom dia — Ouviu a voz de Fábio ao cumprimentá-la do outro lado da mesa
Ela olhou séria pra ele
— Bom dia — Em seguida olhou de volta para o computador
Olhou os arquivos de Fabio na rede, uma pasta chamada “Oibaf” ele tinha mania de colocar proprio nome ao contrário, voltou aos programas e procurou “Elleinad” e encontrou, alguns pontos onde ele observava o nome dela ao contrário e depois invertia. Digitou “Otsuaf”, Fausto ao contrario, também achou.
Ele deu a volta na mesa, sentou-se ao lado dela, ela mudou a tela que via.
Ela parou o que estava fazendo e se virou para ele
— Pois não? eu falei bom dia — Ela disse num tom indelicado
— O que você espera de mim? — Ele perguntou num tom de voz baixo
— Que você faça seu trabalho, que não fique me espionando, que não espione ninguém por que isso fere o compliance da empresa — Danielle falou séria
— Você quer que eu pare de falar com você? — Fabio disse resoluto
— Não foi isso que eu disse, você está dizendo — Danielle disse séria — Só quero que pare de me espionar
— Você acha que eu faço isso ainda? — Fábio disse
Ela respirou fundo e se inclinou para ele, juntou as duas mãos como se fosse em oração
— Vai ser a última vez que eu te pergunto isso, prometo, e eu peço sinceridade — Ela falou
Ele não respondeu, ela continuou
— Você vai tirar os mecanismos que me espionam? — Danielle perguntou séria
Ele sorriu
— Você acha mesmo que tem isso? — Ele perguntou quase em um deboche
— “Oibaf”, eu não acho, só sei que “Elleinad” é óbvio demais
Ele endireitou o corpo, parecia em choque
— Pela breve história que a gente teve, eu vou fingir que não vi isso — Apontou para a hora do computador, eram 08:30 da manhã — Ao meio dia, antes de sair para o almoço eu vou procurar de novo, entendeu?
— Entendi, senhora — Fabio disse sério — Ajudo em algo mais?
Ela se virou para o computador ignorando o jeito formal com que ele a tratou, Fábio ficou alguns segundos parado ao lado dela de forma constrangedora, então se levantou e foi embora.
O Dia correu normal, Fausto mandou uma mensagem carinhosa para ela, Danielle respondeu com um coração e agradeceu por ele ter ouvido ela e a acolhido no momento de tristeza.
Lembrou-se de algo que Fausto havia dito durante o orgamos, ele havia dito que a amava, isso a preocupava pois Danielle tratava o amor de forma séria, amava poucas pessoas e quando dizia aquilo era algo que duraria para sempre, mesmo a pessoa a magoando e ela dizendo que a odiava
— O amor é eterno — Ouviu alguém falar na fila para pegar a comida — Isso que eu tava escrito, mas é bobagem — Uma mulher falou, Danielle tentou não ouvir a conversa
Pegou a comida no refeitorio da empresa, sentou-se sozinha com seus fones de ouvido canceladores de ruído, assistia um vídeo sobre telescópios, queria retomar seu projeto, lembrou-se do encontro desastroso com Marcelo na festa de seu amigo, sentiu uma pontada de dor, mas se sentiu agradecida por ter encontrado Fausto
Se perdeu em pensamentos, “O Marcelo era gigante, maior que o Fausto, será que ele tem um pinto gigante? Todo homem que gosta de mim é pirocudo?” deu uma risada sozinha quando viu alguém se sentando do lado dela na mesa, olhou para ver quem era, era Fabio, ela desligou o cancelamento de ruido.
— Quero te fazer uma pergunta — Fabio disse
— Eu não olhou o código e eu não vou te denunciar pra ninguém, por ficar tranquilo, eu não sou esse tipo de pessoa.
— Eu sei que você não olhou e não vai denunciar, mas a questão é justamente sobre que tipo de pessoa voce é — Fábio disse sério
Ela se virou para ele
— Agora você tem minha atenção — disse de forma ríspida — Fala! — Ordenou
— Você não dormiu em casa ontem, certo? — Fabio perguntou direto
Ela levantou uma das sobrancelhas
— Isso não é da sua conta Fabio — Ela disse — Eu não te devo explicação nenhuma sobre a minha vida pessoal
— Eu fui ontem na sua casa e falei com a Mirian — Fabio disse
Ela mordeu forte
— O que você foi fazer lá? — Danielle perguntou
— Fui te procurar para pedir desculpas e fazer as pazes — Fabio disse
Ela respirou tentando se acalmar
— A Mirian é uma imbecíl — Danielle disse voltando para a sua comida
— Ela disse que você não estava lá, é mentira? — Fabio perguntou
Danielle encheu a boca de comida, tentou ignorá-lo, ele ficou olhando para ela
— Não seja infantil — Fabio disse
Ela se virou rapido para ele
— O que você quer saber? — Danielle
— Você dormiu com o Fausto ontem? — Fabio perguntou
Ela se assustou
— Vai tomar no cu Fabio, não te devo explicação de porra nenhuma, caralho! — Falou num tom mais alto chamando atenção
Fabio fez um sinal positivo com a cabeça
— Eu so precisava dessa confirmação, obrigado — Ele disse entristecido
— Eu não confirmei nada, mas você deve estar me seguindo, olhando cartao de crédito, localização do celular e tudo mais pra deduzir isso né? — Danielle disse nervosa
— Não, você falou palavrão e não pediu desculpa pra Jesus — Ele disse olhando pra ela — Falsa
Ela se ofendeu, abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada
— Fala pra mim que você não trepou com ele — Fabio disse
— Eu não sou falsa — Danielle disse nervosa
— Trepou ou não? — Ele perguntou
Ela balbuciou, gaguejou
— Ta bom — Ele se levantou — Entendi
— Não, eu, espera — Ela disse, mas ele já estava indo embora.
Ela o viu sair entristecido, algumas pessoas olhando, olhou para a comida, perdeu a vontade de comer. Pegou a comida e foi até a bandeja de descarte jogou fora.
Voltou ao escritório procurando-o, não encontrou, deu uma volta, foi na sala de descompressão no andar de cima em seguida desceu pela escada de incêndio, viu a portinha que Fabio usava para ir fumar, puxou, estava encostada, com cuidado subiu e entrou, ouviu o barulho do vento soprando, saiu na escada de incêndio, Fabio estava de costas encostado no corrimão
— Oi — Ela falou ao se aproximar
Ele olhou por cima do ombro e soltou a fumaça do cigarro
— Isso te faz mal pras pessoas, pra gente — Ela falou apontando para o cigarro
Ele deu uma risada sarcástica
— Também tem gente que faz muito mal pras pessoas — Fábio disse — O que você quer?
— Ai — Falou simulando um machucado dolorido — Isso doeu, vim aqui fazer as pazes
— Acho que esse ponto já passou — Fabio disse sem olhar pra ela
— Você não vai fazer uma merda tipo se jogar daí não né? — Ela falou olhando para a altura que causava vertigem, o vento forte bagunçava seu cabelo.
Fabio puxou a bituca do cigarro, não havia mais nada, soltou o ar e jogou a ponta fora
— Você ia gostar disso? Uma vida pra você? Mais um apaixonado quebrado? — Fabio disse magoado
— Opa, opa — Ela disse levantando as mãos — Que papo é esse? Eu não quero ninguém fazendo isso por mim não, ta loco, nunca sugeri isso!
— Ah Dani, ta bom, você é igual essas minas por ai, conquistam o cara e depois humilham ele com um pé na bunda pro cara ficar mal
— Igual? — Ela disse
— Eu achei que você era diferente, eu te admirava, mas você se mostrou mais uma futil controladora igual as outras — Ele disse para ela
— Vai tomar no seu cu, controladora é a puta que te pariu! — falou nervosa olhando para ele, bateu na boca e disse — Desculpa Jesus
— Isso, isso foi verdadeiro — Ele apontou para ela
Ela caminhou até ele, parou ao seu lado, segurou o corrimão, olhou para baixo, observou por alguns segundos.
— As vezes eu acho que seria mais fácil — Ela disse pensativa
— O que seria mais fácil? — Fabio perguntou sem entender
— Pular, acabar com tudo, uma dor final e pronto — Ela falou pensativa
— Você tá falando sério? — Ele disse preocupado — por que parece serio pra mim
— Não é um plano, não é algo que eu queira fazer mesmo, só uma coisa que eu pensei, uma plano de emergência caso tudo se torne insuportável pra mim
Ele a observou por alguns segundos
— Eu não queria despertar esse tipo de sentimento em você— Ele disse arrependido
— E que sentimento você queria? Raiva? Compaixão? Pena? — Ela perguntou ainda olhando o chão lá embaixo
— Não sei direito, só queria que você soubesse que estou frustrado e desapontado com você. — Fábio disse com sinceridade
Danielle pensou por alguns segundos
— Eu sei, mas não sei se devo pedir desculpas. — Parou para pensar mais um pouco — De toda forma, não era a minha intenção te magoar, você sabe disso, não sabe?
Ele pegou outro Cigarro
— Eu sei, você não é igual às outras mesmo — Ele disse arrependido — Eu disse isso, mas não é verdade
Ela riu de maneira forçada, olhou para cima
— Ironicamente eu queria ser igual as outras — Ela olhou pra ele, os olhos brilhando de lágrimas — Eu nunca quis magoar ninguém Fabio, muito menos gente boa como você, mas é só o que eu faço, à minha volta tem um campo de força de mágoa e frustração que atinge todo mundo sem discriminação, e só uma questão de tempo para alguém que está ao meu lado se magoar.
Fabio ficou quieto, deu uma tragada no cigarro, não sabia o que dizer, ofereceu pra ela sem a menor pretensão, sabia que ela não fumava, não sabia se ela sequer tinha colocado um cigarro na boca, gostava de ver ela como uma figura pura e inocente, mas naqueles dias esse pensamento estava distante.
Danielle olhou fixamente para ele, depois para o cigarro, virou-se devagar para ele e pegou o cigarro com a ponta dos dedos, apoiou as costas no corrimão, ele rangeu com o peso dela, não ligou.
Deu um trago no cigarro, Fábio esperou ela engasgar, mas ela soltou a fumaça para cima de forma elegante, como se fosse uma fumante veterana.
— Fábio, eu gosto de você, eu não vou dizer que é como amigo por que isso seria ridículo e a gente já está depois dessa linha, além do mais eu não sou mesmo igual às outras mulheres, eu tenho um gene masculino dentro de mim e sei como funciona essa cabeça idiota de homem.
Fabio observou curioso, ela deu outra tragada e devolveu o cigarro jogando o ar esfumaçado pra cima.
O cheiro do cigarro que saia da boca dela pareceu doce ao olfato de Fábio.
Ela tomou ar e fixou o olhar nele
— Sim, eu transei com o Fausto, não ontem a noite, ontem eu recebi uma notícia bem triste que me abalou e ele cuidou de mim, não havia clima então apenas dormimos na mesma cama, sem nada demais — Ela fez uma pausa para Fabio processar e continuou — Então transamos pela manhã.
Fabio sentiu seu corpo tremer como uma facada.
— Você o ama? — Fabio perguntou
— Tanto quanto te amo — Ela respondeu séria.
— Você me ama? — Fabio perguntou incrédulo.
— Isso você só vai saber se um dia eu te falar — Ela falou séria, cruzou os braços, estava frio. — O amor é algo que leva tempo, é conquistado, lapidado, não sou mais tão bobinha para acreditar em amor à primeira vista — Lembrou-se de Marcelo, o médico que ela havia ficado apaixonada, mas deu graças a Deus de ele se revelar um machista e transfóbico pois não houve uma dor prolongada.
— Ele, ele… ele tem — Fabio Gaguejou ao perguntar, parecia confuso tentando reorganizar os pensamentos.
— Você quer sinceridade total? — Danielle perguntou — Essa é a hora tá, se você permitir eu tiro todos os filtros e te dou a verdade nua e crua e a gente decide aqui o que vai ser da gente daqui pra frente
Fábio fez que sim com a cabeça.
— Quer saber do pau dele né? — Danielle perguntou e pegou o cigarro de volta dando outro trago fundo
Fabio a observou, parecia pensativa, a demora o magoou mais, ela parecia se lembrar do que havia acontecido, ele identificou um breve sorriso escapando dos lábios dela, não sabia se era uma boa lembrança ou de escárnio com ele.
Ela soltou a fumaça
— É enorme, tem vinte e seis centímetros duro, quando fica mole não diminui muito, é mais largo que meu pulso e a cabeça é quase do tamanho do meu punho fechado — Ela disse sendo descritiva demais enquanto erguia o punho fechado para exemplificar, tragou o cigarro novamente soltando o ar para cima — É suficiente ou quer mais? — Uma lágrima escorreu do rosto dela, ela sentiu, mas não ligou.
Fábio observou outras lágrimas se formando, parecia que ela contava aquilo com muita dor.
— É o suficiente — Ele respondeu pensativo — Você, você… — Gaguejou novamente — Conseguiu?
— Sim, eu consegui, aguentei tudo sim se essa é a sua dúvida — Ela respondeu direta
Fabio ficou quieto.
— Esse não é um assunto que eu queria falar com você Fábio, sinceramente, mas você ia ficar pensando nisso, rodando nisso, estou certa? Melhor esclarecer tudo. — Danielle devolveu o cigarro
Fabio estava olhando para o horizonte, ele pegou o cigarro sem olhar para ela,
Ela desencostou do corrimão e se afastou
— É bom namorar um cara rico? — Fábio disse — Digo, bilionário
— Eu nunca namorei um cara rico ou milionário, ele não é meu namorado — Danielle disse e completou de forma que se arrependeu — Ainda.
— Ainda — Fábio repetiu dando um trago no cigarro — Ainda é foda — Falou com um certo tom de riso na voz
Ela esperou ele concluir
— Como eu vou competir com isso? — Ele se virou para ela soltando a fumaça
— Competir com o que? — Ela perguntou confusa
— O cara tem a rola grandona que da prazer pra você e ainda é milhonário, como se compete com isso? — Fabio perguntou confuso — Essa briga eu já perdi
— Quem falou que dá prazer só por que é grande, o tamanho não importa tanto assim como você imagina — Danielle se defendeu
— Você gozou? — Fabio perguntou
Ela se calou, se lembrou
— Você disse que seria sincera, quero saber tudo
Ela avançou e pegou o cigarro da mão dele, puxou tão forte que deu uma certa tontura, segurou a fumaça, sentiu o calor no peito e soltou
— Gozei — Ela respondeu — Faz diferença?
— Faz, quantas vezes? — Fábio perguntou
— Sei lá — Ela respondeu evasiva
— Foram tantas assim? — Ele perguntou
Ela olhou para ele e trincou o maxilar
— Foram três vezes — Ela respondeu — Mas que porra, o que isso faz de diferença, eu quero saber
— Gozou sem colocar a mão né? — Fábio disse
— Vai se foder Fábio, ai é demais! — Ela respondeu dando as costas
Ele esperou um pouco
— Você não sabe esconder nada né, foi muito gostoso né? Pra gozar três vezes sem tirar — Fábio disse
Ela se virou para ele em fúria
— Foi, foi gostoso, é uma delícia, ele é um garanhão, jorrei nele e na ultima eu não tinha mais nada só orgasmo seco — Falou com os punhos fechados e o cigarro no dedos — Porra meu, que papo idiota, vai tomar no cu — Jogou o cigarro no chão e pisou — Para com essa merda que vai te matar
Ele olhou para ela visivelmente decepcionado e se virou de costas apoiando-se novamente no corrimão fitando a rua distante lá embaixo
Ela fechou os olhos e colocou as mãos no rosto, respirou fundo, mostrou as palmas das mãos
— Olha, eu vou descer, está frio demais pra mim, se você quiser conversar de maneira civilizada eu converso — Ela disse olhando para as costas dele — Eu não queria te magoar, mas é assim, você sempre se magoa ao meu lado.
Ele não falou nada, ela se aproximou e deu um beijo no rosto dele, depois limpou o batom com o dedo.
— Mantenha a calma e depois vamos conversar direito tá?
Ele não respondeu, ela saiu pela portinhola.
Duas horas depois Fábio apareceu, Danielle estava aflita, mas não demonstrou, ficou contente dele ter decido.
Naquele mesmo dia, no fim do expediente, Fausto pediu para ela ir a sala dele.
— Pois não? — Ela entrou falando de forma formal
Ele levantou o dedo pedindo para ela esperar e apontou a cadeira, ela se sentou à sua frente.
Por cerca de dez minutos ele falou ao telefone, ela ficou esperando pacientemente, ele desligou e olhou pra ela sorridente
— Tudo bem? — Perguntou animado
— Na medida do possivel — Ela respondeu séria
— Vixe, o que houve? Aquele lance do seu amigo da igreja? — Ele perguntou curioso e atencioso
Ela respirou fundo
— Também, problemas, uma hora você vai saber, eu tenho um campo de mágoa — Danielle disse com um sorriso triste
— Como assim? — Ele perguntou interessado
— Tem um campo de mágoa em volta de mim que invariavelmente acaba magoando quem se envolve comigo — Ela disse
— Hmmm — Ele murmurou — Meu concorrente falou algo né? — Fausto perguntou
— Ele… — Ela pensou em falar, mas resolveu se calar, aquilo poderia prejudicar Fabio de alguma forma — Ele tem os problemas dele, não representa nada pra mim.
— Entendo — Fausto disse atencioso — Onde vamos hoje? Jantar? Cinema? — Perguntou mudando de assunto
— Hoje eu vou pra minha casa — Danielle disse
— Não pô, vamos dar uma volta, eu vou precisar viajar e so volto em duas semanas — Ele disse
— Já fiquei uma noite fora, to a mais de vinte e quatro horas com a mesma roupa, preciso ir para casa — Ela disse
— Sai comigo e eu te levo pra casa — Ele disse atencioso
A perna da Danielle sacudiu, ela quase sucumbiu, mas resolveu seguir seus instintos
— Eu preciso de um tempo pra mim — Ela falou pensativa — Vou embora pra casa.
— Então deixa eu te levar pra lá — Ele disse — Vou ficar um tempão sem te ver, queria pelo menos um abraço carinhoso
— Fausto — Ela disse — Faustinho… — Ela falou de forma carinhosa — A gente não namora ainda, eu sei que você é carente, gosto muito de você, mas a gente não se conhece mesmo nem a uma semana.
O telefone de Fausto tocou
— Meu pai — Ele disse e colocou e ativou o volume do aparelho para que ela ouvisse
— Oi Faustinho — O pai falou ao ser atendido
— Oi pai, o que houve? — Fausto perguntou
— Vai mesmo viajar pros EUA amanhã? — O pai perguntou curioso
— Vou sim pai — Fausto confirmou — É de negócios, vai ser bem chato
— A Travequinha vai com você? — O pai perguntou
Fausto arregalou os olhos, Danielle ouviu e ficou chocada
— Que isso pai? — Fausto disse assustado, estava em dúvida se tirava ou não a voz do pai do aparelho
— A travequinha bonitinha que você trouxe aqui, sua mãe tá encantada com ela, é uma graça e gosta de trator
— Ééee — Fausto olhou para Danielle em pânico — Ela não vai pai, está trabalhando aqui no escritório
— Ah, manda um abraço pra ela — O pai disse despreocupado
Danielle ouviu o termo “Travequinha”, inicialmente pareceu algo maldoso e feito para desqualificá-la, mas em seguida entendeu que era um homem simples e que ela aparentemente havia agradado, não parecia preconceituoso, apenas grosseiro sem intenção.
Eles conversaram mais alguns minutos e Fausto prometeu trazer um aparelho tablet novo para ele.
Assim que desligou a ligação
Fausto apertou o Nariz
— Me desculpa, eu não sabia que ele ia falar isso — Fausto disse
— Então sua familia me conhece como Travequinha? — Danielle disse
— Não é algo para ser ofensivo, meu pai é um homem rústico e para ele isso é algum tipo de elogio — Fausto explicou — Ele gostou de você me desculpe mesmo
— Entendi — Ela se levantou — Boa viagem senhor pegador de traveco
Ele correu e deu a volta na mesa, segurou o braço dela
— Espera Dani, por favor — Ele falou ao tocá-la
— Eu não vou correr, pode me soltar por favor? — Ela disse ríspida
Ele soltou
Ela virou-se para ele e cruzou os braços, ele não disse nada
— Se não tem nada para falar por que me pediu para ficar? se for para ficar em silêncio em fico sozinha — Ela disse sendo mais grosseira ainda
— Eu não sei o que dizer, não queria te magoar — Ele disse, eles gostaram de você
— Podia ter me contado que disse pra eles que eu não sou o que eles achavam? — Danielle disse visivelmente magoada
— Falei com eles hoje cedo, minha mãe — Ele disse e se conteve
— Sua mãe o que? — Ela perguntou
— Ela estava insistindo que tinha algo diferente em você, ela gostou do seu jeito, de você ser bonita, esperta e religiosa, mas insistiu que havia algo, um tipo de segredo que voce escondia de mim — Fausto disse se encostando na mesa — Ela é muito boa em ler nas entrelinhas das pessoas
— E voce abriu o jogo com ela? — Danielle disse
— Abri, não consigo guardar segredo dela, infelizmente — Fausto disse
Ela respirou fundo
— Filhinho da mamãe — Colocou as mãos no rosto — Com que cara eu fico agora?
— A mesma de sempre — Fausto disse — Ela não respondeu como algo negativo, claro que ela ficou surpresa, ficou feliz por ser algo que eu já sabia, mas não acho que achou ruim, ela nunca havia conhecido uma pessoa transexual, ficou mais surpresa por não perceber, achou que seria como nos filmes
Danielle se sentiu orgulhosa de certa forma por ser totalmente passável, isto é, que não percebiam que ela é uma Mulher Transexual.
— E seu pai? — Ela perguntou — O que ele disse?
— Meu pai é um pouco grosso, ele fez umas piadas, mas só — Fausto disse
— Que piadas? — Danielle perguntou curiosa
— Ah Dani, deixa, não vem ao caso
— Já sei — Danielle disse — Ele perguntou do tamanho do meu pinto, falou que é para você tomar cuidado por que uma hora eu vou querer te comer também, que eu posso jogar bola com você e algo desse tipo de coisa?
— Mais ou menos, esse lance da bola ele não falou não — Fausto disse — Mas ele disse que o lance com tratores fazia mais sentido agora
Ela ficou triste, qualquer traço masculino nela a magoava profundamente
— Beleza — Ela bateu no peito dele — Boa viagem — Deu as costas e saiu
Fausto não a conteve, ela resolveu ir embora, passou em sua mesa, pegou sua Bolsa, não se despediu de ninguém, Fábio a fitou pelo canto de olho, ela desceu as escadas de incêndio, nao queria encontrar ninguém, parecia em transe, saiu da empresa, entrou no metrô e foi até em casa praticamente sem expressão.
Quando estava próxima do portao viu Miriam
— Oi tia, um homem veio ontem a noite e perguntou de você — Falou quando a viu
— Obrigada pela agilidade na mensagem esperta — Danielle falou quando a viu
— Ih, ta azeda é? — Miriam perguntou curiosa
Danielle não respondeu, tentou abrir o portão, o cadeado velho emperrou e ela chutou o portão e sacudiu o cadeado em fúria
— Oooohhh — Miriam a empurrou e abriu o cadeado — Vai nervosinha, entra lá
Danielle passou por ela e entrou em casa, se jogou na cama e abraçou o travesseiro.
Segundos depois a a luz acendeu, a cama se deformou
— Fala, o que foi? Era pra eu ter te avisado do cara ne? vacilo meu tia — Miriam disse
— Tanto faz — Danielle disse com a cara socada no travesseiro
Sentiu algo cutucando sua bunda
Olhou para trás, Miriam cutucava
— O que foi? — Danielle perguntou ao ver o gesto
— Nada, só tó cutucando seu popozão — Miriam respondeu
Apesar de ser inteligente, Miriam tinha um pensamento vazio, as vezes simplesmente fazia coisas e tomava decisões que não faziam sentido a principio.
— Fala tia, o que foi? — Miriam disse — Foi o cara do celular?
Danielle soltou o ar, sentou-se
— Eu sou uma má pessoa? — Danielle perguntou — Joga a real pra mim
— Pra mim não, eu acho que não — Miriam respondeu — Por que?
— Por que eu magoo todo mundo — Danielle disse — Quem se envolve comigo se fode
— Ah, mas é por que você é ignorante — Miriam respondeu
— Eu não sou ignorante — Danielle se defendeu
— É sim tia, você so dá coice em todo mundo, em mim é o tempo todo, eu to vacianda já, mas os caras não estão então deve ser isso
Danielle pensou por alguns segundos
Contou sem detalhes desnecessarios o que havia acontecido com Fabio e Fausto
— O que acha? — Perguntou para Miriam
— Ah tia, assim, você tá ficando com os caras muito pertos uns dos outros, mesmo circulo sabe, isso da merda mesmo, não pode ser tao proximo.
Aquilo era obvio
— Mas não foi algo que eu planejei, aconteceu — Danielle disse
— Então planeja melhor ué, presta mais atenção — Miriam disse chamando a atenção dela
Danielle ficou quieta
— Eu iria atrás do ricão ai, sei lá, dar um abraço de despedida nele, mesmo que voce não queira namorar — Miriam disse
— Por que ele e rico? — Danielle disse
— Não, por que o cara veio cheio de amor e você deu um coice e puniu ele por que ele falou a verdade, não exatamente o que o vô fez com voce? Você falava que queria ser homem e apanhava? — Miriam disse a verdade obvia de novo
Danielle olhou para ela, queria ofende-la, dizer que ela estava errada, mas não estava.
Engoliu seco e fez que sim com a cabeça.
— Eu vou tomar banho — Miriam disse — Lá em casa, comprei um shampoo novo
Danielle não respondeu
Miriam deu as costas e foi saindo
— Biscatinha — Danielle chamou
Miriam se virou
— Oi? — Miriam respondeu levantando a sobrancelha
Danielle foi ate ela e a abraçou
— Te amo tá, desculpa a tia ser tao ríspida com você — Danielle falou pensativa
Miriam retribuiu o abraço
— Fala pra ele trazer um chocolate importado pra mim que eu te perdoo — Miriam disse engraçada
— Eu não sei se ele quer falar comigo — Danielle disse
— Claro que quer tia, parece que você não conhece homem, sao todos de quatro pra gente o tempo todo, por que a gente é gata! — Miriam falou rindo
Danielle a soltou, Miriam se despediu e foi embora.
Danielle pegou o celular e pensou em mandar uma mensagem, digitou e mandou por texto.
No prédio da empresa naquele exato momento Fábio estava novamente no fumódromo, sentado no corrimão por horas com as pernas balançando na altura, decidindo se resolvia sua vida ali ou não, decidindo se sua existência valia a pena
O celular vibrou, ele olhou a mensagem
“Fico contente de ter você na minha vida, fico contente de que você voltou do seu fumódromo, nossa história não acabou, vamos conversar de cabeça fria, boa noite e um beijo” – Danielle
Fábio olhou para a mensagem, olhou para baixo, se inclinou para trás e voltou para o fumódromo, desistiu de saltar para o infinito.
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