Danielle Trans, Evangélica – Capítulo 27 — Os vermes
Fausto chegou no aeroporto, estava cansado, levemente entristecido, puxava sua mala de roupas e usava uma mochila
— Oi — Ouviu a voz doce que gostava
Se virou
— Dani? — Perguntou surpreso
Danielle estava ali, vestida com uma roupa casual, camiseta, jeans, tênis, óculos e cabelo amarrado
— Vim te dizer tchau — Ela disse sincera
Ele se aproximou e a agarrou tirando ela do chão num abraço apertado
Ela riu e adorou
Ele a colocou no chão e a beijou
— Eu te amo — Ele disse quando terminou o beijo
Ela colocou os dedos nos lábios dele
— Eu sei — Ela disse — Me eu quero também, eu vou ser sincera com você por que eu quero ter amor também, me dá uma chance?
— Chance do que? — Ele perguntou confuso
— Para eu tentar te amar também — Ela disse olhando-o nos olhos
Ele a beijou novamente a abraçando
— Desculpa por ontem, eu não estava brava com você, foi muita coisa, dormi, acordei e repensei — Ela disse
— Tudo bem — Ele disse — Eu pedi pro meu pai não usar mais aquele termo
— Não, não — Ela disse — Eu pensei nisso, é estranho, mas de certa forma é carinhoso também
— Travequinha — Fausto disse
Ela olhou pra ele
— Oi? — Respondeu com ar de inocência
— Não quero que seus pais me vejam como uma pessoa chata, lacradora, nem que quer impor nada, vou tentar ser mais flexível tá?
Ele sorriu e a abraçou, ele fez o Checkin e ela o acompanhou ate o portão de embarque
— Volto em duas semanas — Ele disse
— Trás um presente pra sua travequinha? — Ela falou dando uma conotação sexual que excitou Fausto
— O que você quiser — Ele disse animado
— Trás uns chocolates diferentes — Ela disse
— Que tipo? — Ele perguntou curioso
— Qualquer tipo que não tenha aqui, preciso dar pra minha sobrinha, conversei com ela ontem e ela foi mais esperta que eu, abriu meus olhos
— A inteligência é de família então? — Fausto disse — Tô doido para conhecer ela
— Não, ela é bonita demais, você não vai conhecer ela — Danielle disse
— Fiquei curioso — Fausto disse
Ela fez cara de desdém
— Sou eu mais nova, nada de diferente
Fausto avisou que precisava ir, deram outro beijo
— Isso quer dizer que estamos namorando? — Ele perguntou curioso
— Eu acho que ainda não, quando você voltar vamos falar sobre isso e se você ainda me quiser faz o pedido e eu penso no seu caso.
Ele riu e a beijou novamente.
Se despediram, ela ficou esperando o avião decolar e foi direto à psicóloga.
Aqueles dias pediam sessões extras.
Contou tudo o que havia acontecido
Priscilla piscou forte
— Você vive vidas inteiras em poucos dias não é mesmo?
— Bastante — Danielle respondeu cansada
— Isso tá ligado às coisas que você acha que nao fechou na sua vida
— Que coisas? — Danielle perguntou curiosa
— Relacionamentos inacabados ou com um fim torto, sua transição que você não acaba nunca, as conversas com seu pai que nunca acontecem — Priscilla disse direta
Danielle se encolheu na cadeira
— Vamos lá, vamos continuar então pelo que eu tenho aqui. — Priscilla mexeu nos papéis — Vamos voltar à história do traficante do Bóse
— O que tem ele? — Danielle perguntou retraída
— Você deu a entender que tinha encontrado ele de novo, vamos continuar isso para eu entender?
Danielle olhou para ela por alguns segundos, parecia fria, distante, então seus olhos se encheram de lágrimas e ela soluçou num choro instantâneo
— Calma — Priscila deu um lenço para ela — Respira — Levantou-se e pegou um copo de água, sentou-se e ofereceu à Danielle — Puxa o ar e toma um gole devagar.
Danielle obedeceu, Priscila continuou
— Por que esse choro dolorido, o que houve? — Priscilla perguntou
— Eu não gosto de falar disso — Danielle disse afetada pelo choro
— Entendo, então fale, aqui é o lugar pra você falar do que não gosta — Priscilla disse interessada
Os olhos de Danielle brilharam distantes
*** Anos antes ***
Danielle acordou cedo, fez o café, não estava caracterizada com uma mulher, mas seus trejeitos femininos e seu cabelo longo não a afastaram do estereótipo do gay afeminado.
O Pai de Danielle acordou, olhou para ela, parecia irritado
— Bom dia — Falou ao se sentar à mesa
— Bom dia — Danielle respondeu sem emoção — Vou fazer um pão com ovo para mim, o senhor quer?
— Faça — Ele respondeu
Danielle começou a fazer a comida, a mãe deu bom dia e começou a pegar a própria comida também, em seguida apareceram sua irmão e seu irmão e também sua cunhada.
Danielle foi até a porta do quarto
— Café, vem — Gritou para Miriam, a tempo tinha desistido de fazer voz masculina, treinava muito a voz feminina e falava normalmente num tom mais suave mesmo que isso fizesse o pai revirar os olhos.
Voltou para a mesa
— O que aconteceu lá? — O pai perguntou
— Eu ajudei ela, estava sendo mantida em cárcere privado — Danielle respondeu sentando-se
— A gente tem que denunciar para a polícia — A mãe de Mirian disse indignada
— Não — Tiago, o pai de Mirian retrucou — Não dá, eles são traficantes a policia não vai fazer nada e se souberem da denúncia vão vir atrás de nós
— Mirian! — Danielle gritou novamente chamando-a
— Mas ela foi abusada? — Léia, a irmã de Danielle perguntou curiosa
— Isso é subjetivo, ela foi uma idiota e caiu no papo de bandido, a culpa inicial foi dela, mas depois não mais — Danielle disse se levantando
Abriu a porta do quarto
— Levanta o rabo da cama e vem tomar café que eu sei que você ta acordada, vem agora! — Falou enérgica
Voltou à mesa e Mirian apareceu menos de um minuto depois, cabeça baixa, envergonhada, sentou-se do lado de Danielle
— Come — Danielle empurrou o prato com ovos para ela
Mirian pegou sem olhar para ninguém.
— E o que aconteceu? — O pai de Danielle perguntou — Eles te fizeram mal filha? — Tocou no braço de Mirian
Ela se assustou e olhou para Danielle
Todos olharam para Danielle, ela respirou fundo
— Eu vou explicar, mas só uma vez, então quero todo mundo prestando atenção — Todos pararam e a observaram sem piscar — Ela foi nessa onda de namorar bandido por que é legal, certo Dona Mirian?
— É — Mirian respondeu de cabeça baixa
— Aí ela foi pra favela e o bandido apaixonou nela por que ela é bonita, so que esse bandido é meio doido e até o dono do tráfego e meio ressabiado com ele por que ele tem uma fama meio estranha de ser imprevisível.
Todos continuavam a olhar para elas sem se mexer
— Então era aniversario dele e ele cismou que a Mirian era a namorada dele — Danielle falou e comeu um pedaço de pão
— E o que ele fez com ela? — Tiago o pai de Mirian perguntou, ignorando a presença da filha
— O que os namorados fazem com as namoradas quando estão sozinhos e em uma comemoração? — Danielle perguntou
O pai arregalou os olhos
— Mirian, você, não é mais… — Ele não quis dizer a palavra
— Eu sou pai, eu juro que sou virgem! — Mirian disse assustada
— Então não entendi — Tiago disse olhando pra Danielle
— Já ouviu o termo “Crente do Cu Quente”? — Danielle disse simplória
O pai bateu na mesa
— Eu não admito esse tipo de coisa dentro da minha casa! — Falou nervoso
— Mas é isso pai, é isso que ela é, ela fez sexo com o traficante sim, mas não perdeu a virgindade, entendeu? — Falou olhando para o pai enquanto dava outa mordida no pão
As pessoas da mesa pareceram confusas, mas em seguida entenderam, Danielle viu a luz acendendo na cabeça de cada uma delas, uma por vez e ficaram quietos, voltaram a comer.
— Mas e você — A mãe perguntou — Como você conseguiu tirar ela de lá?
Danielle respirou fundo
— Eu tive que me sacrificar, fui lá, conversei com o traficante dono da boca, entrei lá nessa festa infernal, e resgatei a princesa aqui — Danielle disse
— Mas demorou muito — Leia disse — Era tão longe assim
— Não era longe, mas não foi só pedir, eu cheguei e a festa estava rolando e eu fui forçada a participar
— Forçado — O pai de Danielle corrigiu
— Acho que nesse ponto da história pai, é mais fácil eu me referir a mim no feminino mesmo, mas acho melhor parar por aqui, vocês talvez não tenham estômago — Danielle falou tranquila
— O que aconteceu? — O pai de Danielle perguntou curioso e temeroso
— Eu tive que participar da festa — Danielle disse
— Você teve que fazer algo com ela? — Apontou para a neta
Danielle olhou para Mirian, lembrou da interação forçada delas, não valia a pena explicar aquilo, Mirian balançou a cabeça negativamente de forma sutil.
— Não, com ela não — Falou dando uma pausa — Mas junto dela
— Como assim? — O pai perguntou rispido
— Eu tive que ser a mulher deles pai, fui obrigada a ser mulher igual a Mirian, fiz igual ela
— Você deu o rabo Moisés? — O pai bateu na mesa e se levantou
Danielle sentiu medo, seu coração palpitou
— Se eu não fizesse isso eu não trazia ela — Danielle disse esperando a violência costumeira, segurou a faca embaixo da mesa. — Não acha que ela vale esse tipo de coisa?
— Você não devia ter feito isso — Ele disse se apoiando na mesa
— Isso é pederastia — Tiago o irmão de Danielle disse
— É pecado — Tereza, a mãe de Danielle reiterou
— Não é coisa de homem da igreja — A mãe de Mirian adicionou
Danielle explodiu, se levantou também, a faca apertada na mão colada ao corpo
— E eu devia fazer o que? Deixar a menina ser estuprada lá a vontade? Maltratada? Vai saber o que iam fazer com ela? Vocês esperaram eu chegar e não fizeram porra nenhuma! — Falou esbravejando — Tive que vir eu do trabalho, o viado da familia, aquele que todo mundo rejeita por que é atribulado e vive no pecado — Danielle bateu no peito — Eu subi o morro e fui lá buscar minha sobrinha por que ninguém teve coragem de fazer isso e o preço foi dar o meu cu! — Falou em seguida olhou para o pai — É isso pai, eu dei o cu pros traficantes sim, ou fazia isso ou iam matar nós duas! — Falou irritada
Todos olhavam para ela assustado
— E muito fácil me criticar e me chamar de viado pelas costas, pensam que eu não sei? Mas isso tá prestes a acabar tá, isso vai parar, eu fiz por que ela é a única pessoa que me respeita e a única que me ama sem me julgar — Danielle estava nervosa
— Moisés — A mãe chamou
— Moisés porra nenhuma! — Gritou irritada, olhou em volta ofegante, babando e lágrimas descendo, sentou-se — Eu fiz o que tinha que fazer e faria de novo pra salvar ela, vocês deviam me agradecer, não me condenar.
Miriam abraçou Danielle
— Obrigada Tia — Falou dando um beijo nela
Todos viram a tratativa feminina que Miriam deu à “Moisés”
O pai olhou para Danielle com severidade por alguns minutos, Danielle olhou de volta sentia medo. Ele empurrou a cadeira e saiu sem falar nada.
Tomaram o café em silêncio, quando terminaram MIrian foi embora com os pais, Danielle a irmã e a mãe ficaram na mesa.
— Achei que ele ia te matar — Léia falou — Você deu a bunda! — Falou de forma engraçada
Danielle riu limpando as lágrimas
— Isso não é engraçado! — A mãe delas repreendeu — Isso não é coisa de Deus, mas dessa vez tenho certeza que ele vai perdoar você Moisés, por que você perdeu a sua virgindade sagrada de homem por amor a sua sobrinha.
Danielle olhou para Léia que tomava um copo de café e deu um solução, em seguida cuspiu o café de lado de forma engraçada, engasgando, Danielle também riu, mas sentia medo da reação da mãe
— Virgindade Sagrada — Repetiu em alto tom — Até parece!! — Léia falou sorridente
Danielle jogou o saco de pão na irmã
— Cala a boca! — Falou de longe
— Não foi sua primeira vez Moisés? — Tereza, a mãe de Danielle e Léia perguntou assustada
— Eu preciso ir trabalhar — Danielle se levantou, mas a mãe segurou ela pelo braço
— Você já deu alguma vez antes disso? — Tereza parecia amedrontada
— Mãe, isso não importa — Danielle disse — Preciso ir, me solta
— Importa sim Moisés — Tereza disse — Isso é pecado, eu não posso ter um filho pecador dentro da minha casa, Deus não aceita isso, seu pai não vai aceitar isso
— Ah mãe, sério? — Léia falou — Deixa ela ir
— Ela quem Léia? Você tá atribulada! — Tereza disse
Danielle soltou a mão e foi ao seu quarto se trocar. Sempre vestia uma roupa mais masculina, mas levava algo na mochila mais feminino, acessórios, maquiagem ou algo que dissesse claramente “Não sou um homem afeminado, sou uma mulher trans”.
A campainha tocou, ela não deu importância, procurou o telefone e lembrou-se que ele havia ficado na comunidade na festa, não tinha intenção nenhuma de ir atrás, havia dado como perdido
A porta do quarto se abriu
— Danielle? — Ouviu a voz da mãe
Olhou para a porta e a mãe trazia uma caixa de presente
Se aproximou e olhou para ela, estava escrito “Para Danielle ❤️”
Ela se aproximou e pegou a caixa.
— Quem é Danielle? — Tereza perguntou
— Você sabe quem é mãe — Danielle respondeu
— Moisés, você tá se prostituindo é? — Tereza perguntou
— Não mãe, pelo amor de Deus, eu não sou prostituta — Tereza disse
A mãe ficou atônita observando, Danielle pegou a mochila, jogou o pacote dentro e passou por ela apressada
— Tchau, vou trabalhar — Falou andando rápido.
Foi até o ponto de ônibus que já estava vindo, correu e entrou, conseguiu se sentar, abriu o pacote
“Oi Princesa, você esqueceu seu celular, peguei ele pra você, queria me desculpar por ontem e me acertar com você, me liga e o número anotado – Assinado Fernando”
Era uma mensagem de Bóse.
Alguns dias se passaram, o assunto não voltou mais à tona na casa deles, no trabalho e recebeu uma mensagem no celular, era Bóse, quando ela viu o nome que havia anotado na agenda ela tremeu de medo, achou que ele a esqueceria de alguma forma.
“Preciso falar com você” — A mensagem era curta e objetiva
Estava no horário de almoço, não respondeu a mensagem ligou direto para ele, não costumava fazer isso.
O Celular tocou quatro vezes, ela quase desistiu
— Olha a princesa ligou mesmo — A voz grossa quase como um veludo disse de forma sorridente do outro lado da linha
— Oi — Danielle disse tentando ser mais feminina ainda — Quer falar comigo? — Perguntou parecendo dispersa
— Quero sim, eu queria saber se você quer sair comigo, sei lá, pra gente conversar sobre aquilo, para eu me desculpar por aquela barbaridade
— Não precisa se preocupar, tudo está resolvido, você não tem divida nenhuma comigo, só eu com você — Danielle disse
— Se está em dívida comigo eu vou cobrar então — Bóse disse sério
Ela espertou apreensiva, não sabia o que dizer, ele completou
— Sábado eu vou te buscar na sua casa pra gente ir comer num lugar bacana, fechou? — Ele disse e em seguida completou — Você me deve!
Ela riu
— Combinado, que horas? — Ela perguntou
— Aaaahhhh, umas 18:00 pode ser? — Ele perguntou curioso
— Pode sim! — Ela respondeu animada, mas querendo conter a animação.
Desligaram o telefone, não se falaram mais.
Danielle não quis admitir, mas ficou ansiosa, foi naquele mesmo dia e comprou uma roupa nova, tudo novo o mais feminino possivel.
No dia seguinte após o trabalho comprou mais outra roupa pois não queria que seus pais a vissem saindo daquele jeito, daria briga
Na sexta-feira comprou mais uma roupa, não sabia o que fazer.
No sábado próximo do horario ela estava apreensiva. Ela já havia feito o cabelo e as unhas estrategicamente não pintou de cor alguma para não chamar a atenção da familia, mas estavam cumpridas e bonitas.
Optou por um macacão preto com um decote comportado, colocou seu sutiã com bojo, e colocou as proteções para se sentir confortavel com seu sexo, se maquiou e olhou no espelho.
Estava bonita, feminina, linda, respirou fundo e juntou as mãos
— Jesus, me ajuda, faça com que eu seja invisível e não me vejam, que a violẽncia não me enxergue, que o amor do senhor me cubra hoje a noite por que eu preciso ser feliz eu preciso disso para mim, eu preciso viver.
Sentiu uma emoção, uma comoção, se controlou para não chorar, não queria borrar a maquiagem, sentiu um calor, uma luz intensa batendo direto no seu rosto como se fosse a luz do Sol.
“Chego em cinco minutos ” — Recebeu a mensagem e Bóse no celular, respondeu com um simples “OK”
Colocou a bolsa feminia que havia pagado centenas de reais a tiracolo, segurou a maçaneta da porta.
— Jesus está comigo — Falou respirando com dificuldade, suas pernas tremiam, sua mão estava gelada
Girou a maçaneta e abriu a porta, deu de cara com seu pai, ele trazia amendoins e um refrigerante na mão, olhou para ela nos olhos, eram quase na mesma altura quando ela usava salto.
— Moisés? — A Mãe falou ao vê-la
Danielle fechou os olhos, pensou em Jesus, pediu ajuda
— Mãe, o chefe do tráfico, o dono da boca quer sair comigo, ele quer se desculpar pelo que aconteceu, eu vou com ele para que ninguém fique em perigo
O pai a observava com curiosidade
— Vem Valdir, vai começar — Alguém gritou da sala
O pai de Danielle deu as costas e saiu, haviam outros homens assistindo alguma coisa na TV, provavelmente era futebol, os homens da igreja secretamente amavam isso.
— Você não pode fazer isso — Tereza disse para a filha — Moisés isso é falta de Juízo
— Mãe, meu nome é Danielle — Ela disse — Não me chama de Moisés por favor
— Você tá atribulada só pode — Tereza a tratou no feminino e isso deu satisfação em Danielle
— Eu preciso fazer isso, preciso falar com ele, para que não ache que a gente prejudicou o negócio deles, o que a miriam fez foi perigoso demais, mexeu com gente muito ruim
— E ele é ruim também? — Tereza perguntou apreensiva
— Ele é o chefe dos ruins mãe — Danielle disse
Ouviram uma buzina
— Eu não tenho muita escolha, preciso ir — Danielle disse
— Espera — Tereza disse e se aproximou, com o dedo acertou o batom de Danielle no canto da boca — Vai com Deus.
Danielle sorriu, mas não falou nada, deu as costas e saiu caminhando até a porta.
Um carro importado grande, preto com rodas grandes a esperava. Bóse saiu do carro e veio até ela, deu-lhe um beijo na bochecha e abriu a porta para ela entrar.
Era um gesto simples, mas que Danielle não esqueceria jamais
— Boa noite, vou cuidar bem da sua filha! — Bóse falou para Dona Tereza que olhava no portão com os olhos assustados — Devolvo ela em segurança, prometo
Ele entrou no carro
— Onde vamos? — Danielle perguntou curiosa
— Você está maravilhosa — Ele falou beijando a mão dela
— Obrigada — Ela agradeceu corando imediatamente
Conversam descontraídos a viagem toda, nada sobre o assunto que haviam passado.
Chegaram em um restaurante caro, Danielle sempre via, mas não tinha pretensões com ele, entraram e a conversa fluiu, Fernando Bóse era realmente um homem incrível, rico, inteligente, encantador
— Eu tenho mesmo que me desculpar sobre o Claudinho — Bóse falou tomando vinho — Ele realmente é descontrolado, tenho planos para ele, preciso resolver esse tipo de coisa, sua sobrinha está bem?
— Ela está sim, ela se envolveu com ele, ficou encantada pelo esteriótipo do bandido malvadão — Danielle disse
— So ela? — Bóse disse quase num desafio
Danielle bebeu o vinho também sem responder, ele riu divertido
Conversaram sobre muitas coisas até que Danielle disse algo que nem ela esperava
— Você é muito inteligente e interessante, rico e tem dezenas aos seus pés, mas por que tem interesse em pessoas como eu? — Achou que talvez fosse o vinho falando por ela mesma
— Pessoas bonitas? — Ele perguntou dissimulando
— Mulheres Transexuais — Danielle disse direta
— Tirando o elefante da sala né — Bóse disse, coçou a cabeça — Olha, na verdade eu não sei, só sei que me agrada bastante essa ambiguidade, esse mistério
— Você é travequeiro? — Danielle perguntou sendo afetada pela bebida novamente
Ele riu
— O que é isso? — Perguntou sem entender
— A minha vida toda eu sempre tentei me manter distante do tipo “Travequeiro” — Fez aspas com os dedos — Caras que tem fetiches em Mulheres Transexuais como eu, principalmente quando não estamos prontas
— Você não esta pronta? — Bóse perguntou curioso
— Não, de forma alguma, é só olhar — Ela disse — Tenho muito pra mexer ainda
— Tipo o que? Peito? — Ele perguntou curioso
Ela lembrou que ele havia visto ela nua, haviam transado, ela não queria que fosse daquele jeito
— Desculpa — Ele disse em seguida — Aquele nosso encontro me revelou muito de você, a gente pode fingir que não existiu
— Não, ta tudo bem — Ela respondeu, mas não estava. Respirou fundo — Eu quero por peito sim, mas quero fazer a cirurgia de feminizaçao facial, pescoço, talvez cordas vocais, outros procedimentos estéticos como laser e talvez uma outra coisa
— Você vai cortar fora? — Ele perguntou se referindo ao pau dela
Danielle ficou envergonhada
— Peguei pesado né, desculpa — Ele disse rindo e com vergonha — Nâo vou mais beber — Empurrou o vinho
— Não sei — Ela respondeu — Eu não sei sobre isso
Ficaram se olhando de forma constrangedora.
— Bem, está ficando tarde — Bóse disse — Acho que a gente já conversou bastante, eu tenho que te devolver em casa por que sua mae parecia assustada com a filhinha dela saindo
Danielle se mostrou decepcionada
— Ela tava é assustada por me ver de mulher — Danielle disse sentindo o peso da bebida, devagar empurrou a taça de vinho para longe de si
— Você não fica assim o tempo todo? — Bóse perguntou surpreso
— Só não fico dentro de casa, senão — Ela pensou um pouco — Enfim… não é legal
— Entendo, familia evangélica né, preconceituosa pra caralho — Ele disse se compadecendo
— Sim — Ela respondeu.
A conta chegou, Danielle se ofereceu para dividir, mas ele recusou, ela sabia que ele recusaria, mas tinha que se oferecer para não parecer interesseira.
Entraram no carro
— E aí — Ele disse pra ela — Foi boa a janta?
— Foi ótima, obrigadinha — Falou sorridente
— Vale um beijinho pelo menos? — Bóse disse
Ela sorriu, corou novamente e se inclinou pra ele
— Super vale — Falou animada
O Beijo foi bom, ele era paciente, as mãos logo apertaram as coxas de Danielle e a barriga, subiram e ela o segurou
— Pronto — Interrompeu o beijo — Beijo dado — Falou sorridente como se contasse uma piada
— E agora? — Ele perguntou
— Agora o que? — Ela perguntou para ele
— Te levo pra casa ou vamos pra outro lugar? — Ele perguntou
— Olha — Danielle disse pegando na mão dele, sentiu-se tonta, não era acostumada a beber, mas sentia-se bêbada — Pode ser a bebida falando por mim, eu nao sou acostumada a beber
— Eu percebi, você tá falando mole — Bòse disse
— Tô é? — Ela riu de forma exagerada, ele a beijou de novo, dessa vez de forma mais quente
— E o que a bebida vai falar por você? — Bóse perguntou curioso
— Eu to doidinha pra pular nessa sua pica! — Ela falou apertando o pau dele por cima da calça
Ele respirou fundo e ligou o carro sorridente.
Começou a ir em direção a algum lugar
Danielle abriu a calça dele
— Deixa eu ver, to com saudade — Conseguiu tirar o pau dele para fora, estava duro, não era nenhum colosso, mas era bonito — Que lindo, tá molhadinho já! — Falou abocanhando, Bóse gemeu
Ela continuou a chupá-lo devagar e gemendo, ele acariciava a cabeça dela, embicou o carro em um motel que Danielle não viu
— Identidade — A moça da recepção perguntou, Danielle pegou a bolsa
— Não precisa — Bóse disse
Ela viu quando ele colocou dinheiro no balcão
— Não para, tá muito bom — Ele disse para ela, Danielle continuou
O carro parou na garagem do quarto
Eles saíram e foram para o quarto, ele agarrou ela de forma voraz
— Gostosa do caralho! — Ele falou mordendo o pescoço dela e puxando o zíper do macacão e revelando o sutia rendado rosa e preto de Danielle. — Que lingerie bonita — Ele disse beijando o pescoço e o peito dela
— Comprei só pra você — Ela disse
— Se é minha eu vou levar embora — Ele disse — Prêmio
Ela riu
Ele continuou a puxar e tirou todo o macacão, viu a calcinha dela combinando, deu um beijo no abdomem dela e desceu pelo umbigo e beiojou a calcinha
— Você é muito gostosa Dani — Ele falou ofegante
Ela o empurrou
— Minha vez! — Tirou a roupa dele e repetiu o gesto, beijou e mordiscou o pescoço dele, desceu pelo peito forte beijando e lambendo, o abdomem era forte, ela dedilhou os gominhos — Delicia de barriguinha tanquinho — Ela falou
Ele riu animado
Se agarraram ao beijos de novo, ele soltou o sutiã dela e puxou a calcinha, Danielle removeu o adesivo que usava para se proteger de forma que ele não visse.
Estavam ajoelhados de frente um pra o outro, ambos de pau duro, eram quase do mesmo tamanho, ele olhou pra baixo e pegou no pau dela
— Bonito — Ele disse animado e ofegante
Ela pegou no dele
— O seu também é — Falou beijando-o na boca enquanto um masturbava o outro
Danielle pegou os dois paus e expôs a cabeça, estavam molhados, esfregou um no outro suavemente, com a pele do próprio pênis cobriu o pênis de Bóse e o masturbou dentro dela.
— Que legal — Ele falou enebriado — Nunca tinha feito isso
— Comigo tudo é exclusivo — Danielle disse animada
Ele sorriu e a empurrou para a cama.
Beijaram-se novamente, ela deitada e ele em cima, ela pegou a bolsinha e tirou um tubo de Gel, camisinha e deu pra ele.
Bóse colocou a camisinha nele mesmo imediatamente, tiou o tudo da mão dela e melou o dedo com gel passando no proprio pau e dedilhando o anus de Danielle, com habilidade ele enfiou o dedo devagar, parecia ter experiencia, estava colocando mais gel lubrificante dentro dela.
Então ele se abaixou e abocanhou o pau dela
Danielle gemeu, não esperava isso, ele acariciou o saco dela com cuidado, o boquete era quente e molhado, Danielle então sentiu um tranco no peito
— Espera, não não — Ela tentou empurrar ele, o pau pulsou e ela não conseguiu se segurar — AAaaaahhhh — Gemeu descontrolada
Estava goazando, a bebida havia facilitado aquilo, a primeira gazada de Danielle era sempre facil, mas normalmente vinha com um pau entrando em seu bumbum, nao com um boquete, sentiu espasmos pelo corpo enquanto gozava, sentiu a lingua dele e a boca quente, quando olhou ele estava olhando para ela com o pau dentro da boca, sem sinal algum de porra.
Ele tirou a boca e engoliu
— Gala grossa hein Dani — Ele falou admirado
Ela ficou envergonhada, ninguém tinha falado aquilo para ela
— Posso? — Ele perguntou — Ou tem que esperar um pouco? — Ele parecia saber como as mulheres transexuais funcionam, Danielle estava aflita
— Manda bala vai! — Falou animada
Ele colocou o pau na porta do cuzinho dela, pulsava e piscava descontrolado e entrou devagar, ela gemeu e sentiu seu pau pulsar de novo, jorrando mais semem dessa vez caindo em sua propria barriga.
Ele deu risada
— Gostosa do caramba, vou pegar você pra mim! — Ele falou animado enquanto inicava o movimento de entrar e sair dela — Vou casar com você
Ela ouvia aquilo e se animava
— Coisa linda! — Ele falava comendo ela com vontade
Danielle sorria animada, era incrível ver alguém tão apaixonado por ela mesmo que só naquele instante.
Ambos se olhavam nos olhos e sorriam pareciam um casal apaixonado a anos, o sincronismo era incrivel, o pau dele parecia ser feito exclusivamente para ela
– Você é perfeita demais, nossa – Ele falou animado
– Isso tá bom demais, não para por favor! – Danielle falou em súplica.
Ele pegou nas canelas dela e a dez girar
– De quatro – Ele ordenou
Sem perder tempo Danielle ficou de quatro e empinou a bunda.
Ele passou a mão devagar e apertou, em seguida deu um beijo no bumbum dela.
– Bumbum gostoso, é guloso também? – Ele suspirou
Ela fez que sim com a cabeça de forma dengosa.
– Deixa eu ver então – Ele falou colocando o pau de uma vez dentro dela
– Filho da puta! – Ela falou alto
– Tá doendo? – Ele perguntou
– Tá! – Ela falou gemendo
– Quer que pare? – Ele perguntou
Ela começou a jogar o corpo contra ele fazendo ele meter nela.
Ele riu e deu um tapa na bunda dela
– Safada – Falou animado
– Eu sou crente! – Ela falou arrebitando a bunda recebendo ele dentro dela
– Crente safada – Ele disse animado – Crente vagabunda igual a sua sobrinha, sua familia só tem puta!
– Eu sou a mais vagabunda de todas! – Danielle se surpreendeu com a propria fala
– E? Por que? – Ele perguntou sorridente e curioso
– Por que eu dou o cu pra traficante gostoso – Falou sentindo a pressão de Bóse
Ele riu animado
Meteram por quase cinco minutos, Danielle rebolava e se deliciava até que ele avisou que ia gozar,
– Não para, tá muito gostoso – Danielle gemeu
Bóse começou a gemer e a tremer, Danielle virou-se e o empurrou, sentou em cima dele com o pau dentro e rebolou da melhor forma que podia, não era muito experiente, mas sabia fazer gozar só com o rebolado.
– Ai Dani, eu quero colocar dentro de você, deixar minha marca em você, marcar meu território.
Ele gemeu alto ao mesmo tempo que o celular dele tocou.
– Vem, me da tudo! – Danielle disse
– Uuuuuhhhh – Ele gemeu e as mãos se entrelaçaram, o corpo dele tinha espasmos de gozo
– Aaahhh – Danielle gemeu
Ele abriu os olhos e a viu, ela se masturbava e gozava na barriga dele, também tremia de olhos fechados o pau dele pulsando no cu dela, a cada pulsada ela gozava mais.
Ele ficou olhando para ela sorrindo, ambos se encarando, ele olhou para o celular e foi em direção a ele
— Eu vou me apaixonar por você assim Dani, não fode gostoso desse jeito que você me quebra! — Ele falou animado
Ela ficou cheia de orgulho e se jogou cansada na cama
— Alo — Ele falou no telefone e a expressao do rosto delu mudou para seria — Quando?
Ouviu algo que falavam, Danielle conseguia ouvir a voz de alguém, parecia gritar ou falar muito alto, ouviu barulhos no fundo
— O que houve? — Ela perguntou assustada
Ele pediu silencio pra ela, falou por mais alguns minutos
— Caralho! — Falou levantando e procurando as roupas
— O que houve? — Ela perguntou
— Pegaram a gente — Falou preocupado procurando as roupas — Puta que pariu!
— Calma querido — Danielle foi até ele — O que houve?
— Os vermes estão entrando lá e estourando a boca, preciso ir lá, vai dar merda, é tocaia, tava ligado já, só nao sabia que ia ser hoje, bando de sanguessugas – Ele vestiu a camiseta – Paguei a prenda e esses filhos da puta vieram mesmo assim, bando de caeniceiros
Danielle se levantou e colocou a calcinha
— Não não — Bòse falou sério — A lingerie é minha, você disse, é meu presente! — Ela ficou surpresa, ele estava sério, ela deu para ele e vestiu o macacão sem nada por baixo, o pênis ainda duro
— Dani — Ele falou ao terminar de se vestir — Não vem comigo, vai ser perigoso — Pegou a carteira e puxou duas notas de cem dando pranrla — Pega um taxi, nada de aplicativo, pega um taxi e volta pra casa entendeu?
— Entendi — Ela respondeu apreensiva – Eu tenho dinheiro, nao precisa
– Eu to mandando – Ele colocou o dinheiro no decote dela
Danielle sentiu um arrepio, era ultrajante ser mandada assim, mas era delicioso um macho desse calibre mandando nela.
—Espera vinte minutos quando eu sair e pede pra chamar um taxi na recepção — Ele falou calçando o sapato – Vai direto pra sua casa e fica lá.
— Onde você vai? — Ela falou
— Vou lá ver a merda que ta dando — Falou preocupado
— Mas é perigoso, espera eles irem embora — Danielle disse — Fica aqui comigo!
Ele olhou pra ela, sorriu
— Amei você — Abraçou ela — Queria muito ficar, faz assim, eu volto — Ele disse carinhoso
— Promete? — Ela falou já afetada sentimentalmente
— Volto só se você se prometer casar comigo — Ele disse animado — E a gente criar um monte de filho
Ela olhou ofegante para ele, sorriu
— Tá bom seu doido — Falou animada com a possibilidade imaginária de ter uma familia – Volta pra mim e eu caso com você de vestido Branco.
Ele deu um beijo na boca dela, foi muito quente e se despediram
– Promessa é divida
*** Dias Atuais ***
Danielle chorou alto, descontrolada, fazia muito tempo que não lembrava daquela história, havia guardado dentro do seu íntimo.
— E o que aconteceu? — Priscilla deu outro lenço para Danielle que chorava descontroladamente
— Ele morreu aquela noite, vi noticias no jornal, ele e todos os seguranças, até tal do Claudinho
— Os problemas com o crime então foram “resolvidos” — Priscilla fez um movimento de aspas com as mãos
— Foram ao custo de um pedaço do meu coração — Danielle disse chorando copiosamente
— Eu sinto muito — Priscilla se levantou e se abaixou ao lado dela a abraçando
Danielle tentou se recompor
– Eu ia me casar, ter uma familia – Danielle falou aumentando o choro, eu ia ser feliz!
– Você acha que isso era verdade? Ele iria sustentar isso? – Priscilla perguntou analítica.
– Ele nunca mentiu pra mim, eu nunca vou ter um homem que me assume assim.
– Você tem esse sonho? Se casar, ter filhos e uma família?
– Jesus vai me dar uma família, tenho fé – Danielle disse
— Vamos encerrar por aqui, Dani, isso foi demais pra você.
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