Danielle Trans, Evangélica – Capítulo 28 — Pretendente viável

Danielle Trans, Evangélica – Capítulo 28 — Pretendente viável

0
(0)

Danielle chegou no trabalho, o rosto vermelho, estava abalada quando se sentou, algumas pessoas já haviam chegado inclusive Fábio.

— Oi — Ele falou por cima da baia

Ela olhou para ele de lado, não queria encará-lo diretamente, tinha vergonha e sabia que todos viam seu rosto vermelho e seus olhos marejados, não respondeu.

Ele deu a volta pacientemente e sentou-se ao lado dela.

Fabio havia tido uma noite tranquila, havia chegado a beira do abismo, Danielle não tinha ideia daquilo, não imaginava que os pensamentos dele iriam tão longe, ele se sentou.

— Vocẽ ta bem? — Ele perguntou ao lado dela

Ela mexeu a cabeça de forma negativa e fungou pegando o lenço e limpando as lágrimas.

— Quer conversar? — Ele perguntou solícito

Ela olhou para frente, sabia que muitos a olhavam.

Se levantou e saiu caminhando para o corredor até o elevador, parou esperando Fabio, esperava que ele viesse.

— Não sei se era para eu ter vindo — Ele disse

— Era — Ela respondeu e apertou o botão do térreo — Toma um café comigo

No elevador haviam algumas pessoas, eles entraram e encostaram no fundo, lado a lado,as mãos se tocaram, Fabio tateou os dedos de Danielle, ela correspondeu, em seguida colocou a cabeça no ombro dele, limpando o nariz novamente com um lenço e dando um suspiro.

Chegaram ao café, pediram algo para beber e comer.

— O que aconteceu? — Fabio perguntou, imaginava que a conversa de ontem havia tido repercussões.

— Ontem foi um dia mais pesado do que eu poderia ter imaginado — Ela falou respirando fundo — Recebeu minha mensagem?

Ele sorriu brevemente

— Recebi — Ele falou tranquilo

— Eu sei que você não acredita nisso tá, mas foi Jesus que mandou eu te enviar uma palavra de carinho — Ela falou tocando a mão dele

— Você enviou só por que ele falou? — Fábio perguntou sentindo-se mal, parecia algo obrigado

— Não, eu tive a ideia de mandar, só não tinha certeza se era certo, mas ele disse que era sim, que você precisava daquilo, se eu gostasse de você eu deveria enviar — Ela falou — E eu enviei

— Então você gosta de mim? — Ele perguntou

— O que você acha? — Ela perguntou torcendo o canto da boca

— Eu não sei — Ele disse confuso

— Acabei de falar, mandei a mensagem por que eu gosto de você — Danielle falou balançando a cabeça negativamente — Ai Fábio, tem que dar uma melhorada nessa auto estima, é foda também — Repreendeu

Fábio se retraiu

— Foi muito importante sua mensagem, foi em uma hora oportuna — Ele falou pensativo — Mas me diz, por que você tá triste?

Ela tocou a mão dele, apertou os dedos e segurou

— Me conta, por que foi importante, eu senti no meu coração que era importante, que eu deveria fazer isso — Ela falou — Era verdade?

— Eu não quero mentir pra você Dani — Fabio disse sem rodeios — A nossa conversa de ontem me fez sofrer muito — Ele falou entristecido

Ela soltou o ar decepcionada e olhou para baixo

— Me perdoa, eu achei que era aquilo que você queria, a verdade, você parecia tanto querer saber, na minha cabeça de pastel eu achei que em algum momento saber de detalhes sórdidos seria — Ela pensou por um instante — Libertador, sei lá — Apertou a mão dele de novo — Eu vou ser mais cuidadosa, eu prometo, essas coisas não vão mais acontecer, prometo que nada vai ficar subentendido nunca mais.

— Obrigado — Ele disse pensativo sentindo-se feliz pelo toque constante da mão macia e fria dela.

— Mas por que foi importante, a mensagem te ajudou em algo? — Ela perguntou curiosa colocando o celular em cima da mesa.

O Celular era um iPhone de ultimo modelo, brilhante na cor rosa, a tela gigante

— E esse celular? Você disse que não compraria um Apple por que achava caro — Fábio disse curioso

— Eu ganhei — Danielle disse e se arrependeu imediatamente — De um amigo

— Ele te deu um iPhone novo? — Fábio disse curioso

— Ele comprou e ia vender, aí… — Ela falou — Ele não tinha pra quem dar aí ficou comigo, depois de explico, mas não quero falar disso agora, me fala da mensagem por favor.

Fábio pareceu distante, coçou a barba por fazer.

— Depois do trabalho eu voltei pro fumódromo — Ele disse, sentei no corrimão

— Aquele corrimão range Fábio, é perigoso e se você cair? — Ela repreendeu e ficou olhando para ele, Fábio não disse nada, sustentou o olhar sério por alguns segundos a expressão dela mudou

Danielle tirou a mão dele, como se tivesse tomado um choque

— Ah não — Ela falou — Você tava lá pra… — Ela não teve coragem de falar

— Sim, eu tava — Ele disse

Os olhos dela ficaram vermelhos de novo, ela pegou o lenço e colocou no rosto, emitiu um chiado iniciando um choro descontrolado, chegou a engasgar

— Tudo bem, precisa de alguma ajuda? — Uma garçonete se aproximou ao vê-la naquele estado

— Não moça, é uma notícia triste — Fabio disse — Pode deixar

A Garçonete tocou o ombro de Danielle

— Eu estou ali tá, só chamar se precisar

Danielle fez que sim com a cabeça, não conseguia, falar, apenas chorava copiosamente tentando se controlar, isso durou quase cinco minutos até ela tomar fôlego e pegar um copo de água, bebeu, respirou fundo.

— Por que? Eu sou tão ruim assim que você queria me punir desse jeito? É isso? — Danielle perguntou tentando limpar as lágrimas — Sabe que isso é sem perdão Fábio, sabe que é uma das poucas coisas que te manda direto pro inferno? Sabe como eu ia ficar? Suas filhas, seus pais? — Ela falou parecendo desesperada, repentinamente deu um soco na mesa — Você é retardado!?

As pessoas que observavam olharam para eles apreensivos

— Eu não pensei muito — Fabio disse olhando para baixo, envergonhado

Sentiu o toque frio da mão dela parecendo procurar o calor da mão dele

— Olha pra mim — Danielle falou séria, o rosto retorcido — Nunca mais na vida você vai sequer pensar nisso entendeu?

— Entendi — Fabio disse

— Você tá me entendo, tá prestando atenção em mim Fabio? — Ela falou séria

— Estou — Fabio repetiu

— Se você tem um mínimo de consideração por mim e pela sua filha esse é um pensamento que nunca mais vai passar na sua cabeça, pensa nisso — Danielle disse

— Eu vou pensar — Ele disse triste

— E a minha mensagem te atingiu? — Ela perguntou ainda segundo a mão dele

— Direto aqui — Ele colocou a mão no peito — Eu achei que a nossa história havia acabado, mas você falou justamente que a nossa história não acabou

Ela pegou a outra mão ele, ficaram de mãos dadas por cima da mesa

— E não acabou mesmo, a gente não estaria aqui tomando esse café se você tivesse feito isso, ela teria acabado, mas ela não acabou — Danielle disse tentando sorrir, mas o rosto estava retorcido de dor e mágoa

— Eu não sei o que isso quer dizer Dani, sinceramente — Fabio disse — Você me confunde

Ela soltou as mãos dele, arrumou o cabelo e se arrumou na cadeira

— Fábio — Ela falou pensativa olhando pra ele — Eu sou confusa — Ela falou — Eu faço terapia, tento tocar a minha vida, tenho as minhas contradições, mas no geral eu não sou uma pessoa muito certa das ideias.

— Você é muito mais sã do que todas as pessoas que eu conheço — Fábio disse elogiando

— As vezes eu acho que não sou uma boa compania sabe, eu faço mal pras pessoas

— É o tal do campo de mágoas e frustrações que voce falou? — Ele perguntou lembrando-se da conversa do dia anterior

Ela sorriu por ele ter prestado atenção

— É, é isso, mas eu não tenho controle disso, eu não sei como não magoar as pessoas, mas parece que eu sempre acabo magoando, a melhor solução parece estar simplesmente longe de todos

— Se afastar não é uma boa solução, sozinho ninguém se desenvolve, civilizações isoladas de contato tende à pré estória — Fabio disse sábio

Ela olhou para ele, refletiu sobre o conhecimento, sorriu, gostava de citações inteligente

— Pois é — Respondeu pensativa, ficou quita por um instante, tomou um gole de café, uma foto da cidade de São Paulo de da década de 1920 chamou a atenção dela, colocou a xícara na mesa e esticou a mao tocando a mao de Fábio novamente, ficaram em silencio de mãos dadas. — Eu gosto de você, bastante — Ela disse depois de muito tempo — Eu gosto de estar com você, gosto da sua compania — Pensou um pouco e sorriu — Seu humor e tão sarcástico e você tem uma pegada meio dark que me atrai

— Esse sou eu — Fábio disse

— O que você gosta em mim? — Danielle disse — O que você viu em mim? — Ela apoiou o cotovelo na mesa e o queixo na palma da mão enquanto mordiscava o dedo mindinho.

— Sem contar isso? — Ele fez um gesto como se apontasse o visual dela da cabeça aos pés

— Não é isso, por que eu era feia quando a gente ficou a primeira vez — Danielle falou em desdém

— Você nunca foi feia, eu sempre achei você linda, mesmo de Moisés — Fábio disse simplista

Ela soltou o ar do Nariz e colocou o dedo na boca

— Viadinho — Falou baixinho quase como uma chacota

Ele riu

— Eu to falando sério — Ele disse — Eu ficava vendo você e ficava sei la — Falou pensativo

— Sei lá o que? — Ela perguntou curiosa — Com tesão em mim de minininho?

— Não, ficava confuso — Ele disse — Eu via você e me via te beijando, abraçando, namorando — Falou pensativo — Isso era bem pesado pra mim

Ela piscou devagar olhando para ele

— Caramba, não imaginava que me viam assim — Ela falou

— Muita gente sempre te cobiçou e agora ainda mais né — Fabio disse

— Agora eu to bonita de rosto né? Pareço uma mulher de verdade — Danielle disse — Ficou bom?

— Não importa, pra mim tanto faz — Ele apertou a mão dela, em seguida a mão deslizou e entrelaçou os dedos com ela.

Danielle lembrou do que ele disse, que fazia aquilo com as filhas, que representava a conexão deles, mas ela se lembrou também que havia feito aquele mesmo gesto com Fausto e representava algo sexual, sentiu o seu sexo responder, fechou as pernas apertando-se discretamente com força com a mão sem que Fabio percebesse.

— Mas você gostou de mim por nada? De graça? — Ela disse — Por que eu não gostei de você não, sempre te achei meio estranho, só naqueles dias que a gente ficou junto que eu comecei a ver algo e na boa, eu só queria diversão, depois foi diferente claro, mas no começo era diversão mesmo. — Ela falou sincera sentindo o toque dele.

Danielle ainda estava triste, mas queria se conectar com ele, estava com medo do que ele podia fazer, mas não queria pensar muito nisso, lembrou-se da terapia de mais cedo, não queria que ele perguntasse, não queria falar sobre aquilo

— A gente ta aqui a bastante tempo já — Fabio disse olhando o relogio

— Quer voltar? — Ela disse soltando a mão — Acho que ta bom já

— Por mim eu ficava aqui o dia todo — Ele disse

Ela sorriu e pegou a mão dele

— Obrigada por ficar aqui comigo — Ela disse — Aqui eu digo é nesse mundo tá, não me deixa, por favor

— Não me deixa você — Fábio disse — Eu te amo, eu preciso de você

Aquilo atingiu ela como um raio. Ela queria amá-lo, queria corresponder, queria estar completamente apaixonada. Pensou que poderia falar “Eu também te amo”, mas não seria verdade, um relacionamento fundamentado em uma mentira seria como uma viga em um balde de areia

Ela sorriu

— Obrigada, eu vou respeitar seu sentimento, eu peço que você me dê a chance de pensar sobre ele, só me dê meu espaço e meu tempo para entender isso — Danielle disse

Fábio fez uma cara que ela não esperava, era como uma decepção

— Não fica decepcionado por favor, eu estou sendo sincera, nesse momento eu não consigo corresponder ao seu amor, mas não é por você, eu te acho maravilhoso, mas eu nao consigo amar ninguém ainda, eu estou machucada “Fá” — Havia chamado ele por um apelido muito íntimo que só chamava em momentos de intimidade total — Só deixa meu coraçãozinho se curar

Ele sorriu

— Eu deixo Dani — Ele disse sorridente — Vamos subir?

— Vamos — Ela se levantou

— Eu pago — Ele disse pegando a carteira

— Oxê, é bom mesmo, homem que não paga pra mulher eu descarto — Falou fingindo soberba e dando as costas.

A semana correu normal, mais animado que o comum, Dani passou a chamar Fábio de “Fá” e mesmo com olhares dos outros programadores ela não ligou, o constrangimento passou rápido, ele passou a chamá-la exclusivamente de Dani, mas isso era algo natural para o nome dela.

Almoçaram juntos e tomaram café juntos, conversaram bastante, no fim da sexta-feira Fábio se aproximou

— E aí, vamos dar um rolê hoje? — Fábio disse sorridente

Danielle digitava rapido, resolvia um problema compenetrada

— Pra onde você quer me levar Fá? — Ela falou sem olhar pra ele

— Sei lá, um barzinho, uma balada, algum lugar pra ficar so nós e conversar — Ele disse pretensioso

Ela parou de digitar e olhou pra ele

— Só nós dois? — Ela perguntou curiosa 

— Sim, dar uma namorada, talvez — Fábio disse — Se você quiser

Ela entortou a boca, levantou-se

— Cafézinho antes de fechar o dia? — Falou indo em direção ao café, Fábio veio atrás.

Não havia ninguém na sala, naquela hora todos estava se preparando para sair, ela esperou ele se aproximar

— Eu não posso — Ela disse parecendo decepcionada

— Ah, tudo bem, amanhã então? — Ele contornou

— Não, eu não posso sair pra ficar sozinha com você — Ela disse pensativa

— Por que não? — Ele disse malicioso — Eu não mordo

Ela sorriu

— Morde sim, mas o fato é que eu tenho um laço pra desfazer, não dá pra sair com você e me relacionando com outro homem — Ela explicou

— Então você está namorando com ele? — Fábio perguntou — Eu achei que não estivesse

— Não namorando, mas a gente tá ficando — Danielle explicou

— Mas a gente também tava ficando e você saiu com ele — Fábio disse sem entender

— Mas ele me pediu exclusividade, ele disse que queria namorar comigo, que gostaria de ter um relacionamento fixo comigo — Danielle disse sem demonstrar surpresa

— Ué, mas eu também quero — Fábio disse — Eu me casaria com você

— Mas ele disse isso primeiro, eu achei que você quisesse so diversão, você não deixou claro isso pra mim, ele foi mais direto, chegou a falar em casamento

— Ele te pediu em casamento? — Fábio perguntou chocado

— Não, a gente conversou e ele falou de namoro, não foi um pedido de namoro, mas ficou acordado que a gente estava iniciando algo — Danielle disse

Viu a cara de Fábio, chocado

Ela cerrou os punhos e pisou no chão com força

— Que droga, por que voce pergunta as coisas e depois fica com cara de cu? — Ela falou nervosa — Aí eu fico me sentindo a escrota que destrói corações, puta que pariu — Falou chateada, bateu de leve na boca e levantou os dedos num gesto de pedido de desculpas à Jesus.

Ela respirou fundo

— Eu tinha esperança — Fábio disse entristecido

— Tinha? — Danielle perguntou — Perdeu já? — Pareceu confusa

— Você vai terminar com ele? — Fábio perguntou

— Não sei — Ela disse sem pensar muito — Você quer que eu termine?

— Quero — Fabio disse

— Parece que você já desistiu, não sinto firmeza — Danielle disse preocupada

Ele a agarrou e deu um beijo nos lábios, ela aceitou inicialmente e o abraçou sentindo seu corpo, em seguida o empurrou

— Para, seu louco, assim não! — Ela falou repreendendo, mas havia gostado da atitude — Você emagreceu?

— Eu faço qualquer coisa para ter você pra mim — Ele disse olhando pra ela — Eu estou fazendo academia

Ela entortou a cabeça, ela havia sugerido a ele que cuidasse do peso e da saude, isso estava sendo feito.

— Eu to fudida mesmo né? — Ela falou — Não precisa de nenhum sacrificio, só seja você e respeita meu tempo, mas fico contente de você estar se cuidando, vai ficar mais gatinho.

— E ele está respeitando seu tempo? — Fábio perguntou curioso

— Tive uma breve conversa com ele sobre isso, mas está sim, ele respeita bastante meu espaço

— Eu não respeito ne? — Fábio disse pensativo — Isso me faz pior

— Você é você, ele é ele, nem melhor nem pior, só diferentes — Danielle disse — Você tem que ser você mesmo ué

Ele ficou pensativo

— Só não me agarra assim em lugar publico, por que tem câmera o RH pode pesar na nossa, ok? — Danielle disse

— Desculpe — Fabio disse — Só vou te agarrar quando ninguém puder ver

Ela sorriu

— Preciso fechar umas coisas antes de ir tá, mas hoje eu vou pra minha casinha, fazer uma pipoquinha com bastante manteiga e comer deitada com creme no rosto e o cabelo cheiroso

— Programão hein — Ele disse em deboche

— Meu momento, eu disse, to tentando pensar mais em mim, ter meus momentos e hoje a miriam não vai estar lá, normalmente ela fica tão colada em mim que nem bater punheta eu consigo — Falou debochada querendo causar uma reação nele

— Você faz isso? — Ele perguntou curioso

— Ué, por que não faria? Você não faz? — Ela perguntou 

— Não! — Ele disse sarcástico

Ela riu

— Tá bom, entendi — Deu as costas — Vamos voltar

Ela sentiu ele pegar no pulso dela, se aproximou do ouvido dela e disse

— Você vai ser minha — Fabio disse e passou por ela

Danielle sorriu

Chegou em casa a noite, comprou um refrigerante zero, pipoca e tomou um banho demorado, quente, lavou o cabelo e fez pipoca com bastante manteiga como havia prometido, colocou um filme de ficção científica para ver e assistir enquanto acertava suas unhas, puxou sua mochila do trabalho e resolveu dar uma limpada jogou as coisas na cama, viu um cartão azul escrito “Paulo Strauss”, olhou para ele e pensou, haviam se passado algumas semanas.

Devia ter ligado para ele, pois havia prometido, era tarde, pegou o celular, cadastrou o telefone dele

“Amanhã eu ligo” pensou, jogou o celular de lado, pausou o filme, precisava ir ao banheiro

“Alô, alô?” ouviu uma voz baixinha? olhou em volta alguém falava algo, olhou para o celular “Chamada em curso 00:01:20” arregalou os olhos segurou o celular na mão e apertou o botão de desligar.

Olhou no histórico, havia ligado para Paulo

— Ai cacete! — Falou colocando a mão na boca

Em seguindos o celular tocou, ela respirou fundo e atendeu

— Alô — Ela falou ao atender

— Oi, boa noite, meu nome é Paulo Strauss, recebi uma ligação desse número agora, quem esta falando? — A voz grossa e áspera dele era nítida, falava todas as palavras, um homem explicado e inteligente

Ela demorou alguns segundos para falar

— Alô? — Ele perguntou — Alguém aí?

— É… — Ela gaguejou — Oi Paulo sou eu, a Danielle, falamos no avião

Ele demorou alguns segundos

— Ah, sim, a garota do segredo, sobrinha do Ariel — Ele disse animado

Ela ficou feliz por ele ter se lembrado do tio dela.

— Eu mesma — Ela se ajeitou na cama para ficar mais confortável, notou que se sentia bem falando com ele

— E por que me ligou essa hora menina? Não sabe que é hora de velho estar dormindo? — Ele falou animado

Ela riu

— Me desculpa, eu anotei seu telefone e ia ligar amanhã, mas liguei sem querer — Ela falou explicando — Obra do acaso, não queria te importunar

— Não existe acaso, tudo é Deus agindo para juntar as peças no enorme jogo do universo — Ele disse filosófico

— Nossa, amém! — Ela respondeu impressionada

— Ligou pra me chamar para sair? Saiba que eu sou difícil — Ele disse convencido

Ela riu

— Te liguei por que eu prometi que iria ligar e eu cumpro minhas promessas — Danielle disse descontraída

— Olha, bom saber, eu tenho um bom olho para pessoas de bem, foi bom ler você fiquei pensando em você depois que você se foi

Danielle ficou em silêncio, ficou imaginando no que ele estava pensando

— Ah, não desse jeito que você esta imaginando — Ele riu — Fiquei pensando como você é misteriosa

— Eu não sou misteriosa, so que você não me conhece ainda — Danielle disse

— Amanhã você me conta pessoalmente — Ele disse direto

— Oi? — Ela perguntou sorridente

— Ai você me conta todo o seu mistério no nosso almoço que vai ser… — Esperou um pouco parecia procurar em algo — Eu ainda uso agenda de papel, um minuto — Ele disse arrancando risos dela — Aqui 13 horas amanhã, sábado almoço com Madame Mistério

— Madame Mistério sou eu? — Danielle perguntou

— Sim! — Ele respondeu parecendo anotar algo — Já estava anotado aqui, eu juro

Ela riu de novo, ele era expontâneo e cara de pau a fazia sentir-se bem

— Se a madame mistério fosse mesmo onde seria? — Danielle perguntou

— Olha pelo que eu vi, se eu pagar de machista e disse que vou mandar um carro te buscar você vai ficar bem brava comigo por que você é bem independente, acertei? — Ele disse

— Em partes sim — Ela respondeu

— Eu posso te buscar aí onde você mora — Ele disse, aí fica mais fácil — Ele disse sendo direto de novo

— Não, eu não quero que você venha aqui — Ela disse também direta

— Hmm, ninguém pode me ver? — Ele disse pensativo

Ela riu alto

— Não, é que aqui é Guaianazes é bem feio, não quero que você veja que eu sou uma Maria do Bairro — Ela disse sorridente

— Entendi, eu vou ser o cara rico que tira você da pobreza? — Ele disse — Também assisto novela mexicana

Ela riu 

— Danielle, queria ficar falando com você a noite toda, mas infelizmente tenho um compromisso agora, está de pé nosso encontro? — Ele disse — Não vou aceitar não como resposta e eu posso ser bem chato hein, melhor já resolver isso

Ela riu de novo

— Esta sim, onde te encontro? — Ela disse receptiva

— Pode ser no seu lugar de trabalho mesmo — Ele disse — No centro, né?

— Sim, como você sabe onde eu trabalho? — Ela perguntou desconfiada

— Ah, sim, eu sei de tudo, amanhã eu te conto e a propósito, sua mobília nova fica linda vista pela janela da sala! — Ele falou parecendo psicopata

Danielle olhou em volta e se deu conta de que não tinha uma sala e que não tinha janela para fora, deu uma gargalhada alta

— Combinado, boa noite Paulo — Falou animada

— Boa noite Maria do Bairro — Ele disse e desligou

Desligou e ficou pensando, como aquele homem era incisivo, delicado e agressivo, era estranho porque ele fazia uma conversa parecer tão íntima sem ser invasivo demais, pensou que ele era um galanteador e que provavelmente deveria ter tido muitas mulheres a vida toda e pensou que se ele fosse mais jovem certamente seria um pretendente viável.

O que você achou dessa capítulo?

Clique nas estrelas

Razoável 0 / 5. Número de votos: 0

Dê a sua opinião, o que achou?

Rafaela Khalil é Brasileira, maior de idade, Casada. Escritora de romances eróticos ferventes, é autora de mais de vinte obras e mais de cem mil leitores ao longo do tempo. São dez livros publicados na Amazon e grupos de apoio. Nesse blog você tem acesso a maioria do conteúdo exclusivo.

Publicar comentário