Danielle Trans, Evangélica – Capítulo 29 — Tirem as roupas
Danielle acordou pensando ser um dia comum, mas não era, nas primeiras horas do dia entrou em pânico, se deu conta de que iria encontrar um homem aparentemente muito rico e poderoso e ainda por cima experiente.
Não que ela tivesse pretensão alguma com ele ao menos nesse encontro pois estava disposta realmente a esperar Fausto voltar.
Tomou café da manhã rápido e correu para o salão de beleza, fez uma limpeza de pele, hidratou o cabelo e fez um penteado bonito, colocou unhas de gel e fez uma maquiagem profissional, pediu para ficar leve e bonito.
Comprou um vestido novo, algo que normalmente ela não compraria, mas seu sexto sentido apitou quando passou por ele.
Era uma peça simples e comportado, um pequeno decote V, ombros cobertos e braços expostos, o vestido era amarelo bem claro com pequenas flores diversas todas em tons de amarelo, laranja e vermelho claro, a cintura bem definida com um cinto que já vinha junto o fazia escorrer como um véu de seda até um pouco depois dos joelhos.
A vendedor sugeriu um sapato de salto que combinava com o vestido, Danielle levou também.
Estava aflita, não sabia o que esperar, normalmente um homem mais novo teria enviado mensagens confirmando ou dando mais informações ou até perguntando como ela estava, mas até ali nada.
O Carro de aplicativo a deixou na frente da empresa e ela pensou como aquilo havia sido aleatŕoio, ela havia ligado sem querer para alguém que ela nem se lembrava e ali estava ela, se questionava as vezes se Deus colocava essas pequenas aventuras em sua vida de propósito por algum motivo que ela não sabia.
— A vida é assim né? — Ela falou em um tom despreocupado, mas para si mesma
— Assim como? — A voz áspera de Paulo surgiu atrás dela
Ela se virou e sorriu, não o esperava, se atrapalhou e não sabia como cumprimentá-lo, ele se aproximou e deu-lhe um abraço.
O Perfume dele invadiu as narinas dela, era maravilhoso amadeirado e lembrava uma brisa na floresta, usava uma camisa Pólo com uma calça de sarja e tênis esporte, um blazer creme discreto, estava bonito, era um homem fisicamente idoso, mas a sua mente estava longe disso.
— Uau! — Ele disse — Que cheiro espetacular esse seu perfume, doce, suave! — Ele acrescentou
Ela sorriu contente.
— O seu também é ótimo — Ela disse sorridente
— Angel? — Ele perguntou curioso
Ela sorriu, ficou contente por ele ter reconhecido, aquele perfume era caro para os padrões de Danielle
— Sim, ele mesmo! — Ela sorriu satisfeita — Mas o seu eu não sei qual é, não conheço tantos perfumes assim.
— O meu é um Spiritueuse Double Vanille — Ele disse calmamente
Danielle piscou forte e balançou a cabeça levemente sem entender o que ele havia dito, soava como francês.
— Vai dizer que você não fala francês? — Ele disse com uma cara de quem não entendia o que havia dito
— Não — Ela falou sentindo-se inferiorizada por um instante
— Essa juventude, ninguém mais sabe francês — Falou revirando os olhos — Merde! — Falou de maneira afetada
Ela achou engraçado
— Isso eu entendi — Ela disse atenta
— Então não posso dizer que você não sabe Merda nenhuma! — Ele falou sorridente — Vamos lá, repita comigo
Ele fez um gesto com a mão que lembrava a batuta de um maestro
— Abajur — Ele disse
— Abajur! — Ela repetiu
— Croassant — Ele disse
— Croissant — Ela repetiu
— Ótimo, Vitrô, Sutiã e Lingerie — Ele disse
— Vitrô, Sutiã e Lingerie — Ela repetiu sorridente
— Viu, só, você fala francês perfeitamente — Ele disse dando um soquinho no braço dela
Danielle riu de novo, notou que estava parecendo muito receptiva a ele, a impressão que estava tendo dele depois do encontro no avião estava sendo completamente diferente, ele ainda era o mesmo homem invasivo e incisivo, mas ela parecia mais aberta.
Ele deu o braço para ela
— Mademoiselle? — Falou esperando ela pegar o no braço
Danielle pegou delicadamente com um ar de superioridade falso
— Você está maravilhosamente linda — Ele disse — Adorei tudo em você, conforme o esperado!
— Obrigada! — Danielle estava nas nuvens — Onde vamos? — Danielle perguntou enquanto caminhavam tranquilamente pela calçada guiados por Paulo.
— É perto, vamos caminhar por seis quilômetros — Ele disse simplório — Mas você vai adorar a escadaria, tem 400 metros de altura! — Ele falou maravilhado
— Sério? — Ela perguntou assustada
— Não, eu vi que você está de salto, isso seria desconfortável — Ele falou e a olhou sorridente
— Engraçadinho — Ela falou desdenhando
— Chegamos! — Ele disse olhando para uma barbearia antiga, tinham se deslocado uns vinte metros
Danielle olhou em volta
— Aqui? — Perguntou curiosa — Eu trabalho aqui, não tem restaurante aí
— Ah minha querida, o essêncial é invisível aos olhos, entenda que a conquista é algo muito maior do que ter uma coisa, é saber o que é e onde está essa coisa — Ele disse fazendo-a entrar na barbearia
Na infância Danielle era obrigada a ir na barbearia cortar o cabelo, viu um garoto pequeno cortar o cabelo, ele olhava para o espelho enquanto o barbeiro passava a navalha fazendo as costeletas, isso trouxe lembranças ruins, ela respirou fundo
— Tudo bem? — Ele perguntou — Calor?
— Não, não, eu só… — Ela não queria falar nada sobre o sentimento — Tudo bem
Ele olhou para o barbeiro e do bolso da calça puxou um cartão, o barbeiro sorriu e foi até a parede no corredor ao fundo e a puxou. Como se fosse uma parede secreta de filmes antigos a parede deslizou mostrando um salão com mesas e um piano, Danielle abriu a boca, foi conduzida por Paulo para dentro, o lugar era amplo, colunas antigas condizentes com o prédio, mesas e cadeiras antigas, um balcão antigo, o ambiente era escuro e iluminado por luzes amarela
— O que achou? — Ele perguntou puxando-a levemente
Danielle não conseguia pensar direito e falou a primeira coisa que lhe veio à mente
— Puta que pariu! — Imediatamente bateu na própria boca — Desculpa Jesus!
Paulo franziu o cenho, achou graça
— Senhor Strauss, Senhora Montserrat — O homem falou ao se aproximar
Danielle sacudiu a cabeça e olhou para ele e depois para Paulo, mas não disse nada, foram guiados até uma mesa redonda, pequena quase em um canto protegido, Danielle ficou intrigada.
O garçom puxou a cadeira para ela e para Paulo se sentarem.
— Bonito o lugar? — Paulo perguntou e em seguida completou — Faço umas reuniões aqui as vezes, só para fechar o negócio pois é bem discreto
— Você sabe meu sobrenome por que? — Danielle perguntou cortando o assunto
— Como? — Ele perguntou aparentemente sem entender
— Danielle Montserrat, como você sabia meu nome? — Ela perguntou ajeitando o guardanapo nos joelhos
— Eu vi na ficha do aeroporto — Falou simplório — Vinho tinto ou branco? — Perguntou como se fosse algo sem importância
— Paulo — Danielle chamou a atenção dele com a voz sua e séria, sem expressão no rosto
— Você fica muito séria sem óculos — Ele disse querendo fazer uma graça, a expressão dela não havia mudado — Ok, estou ouvindo — Ele disse mudando a postura
— Eu não escrevi Danielle Montserrat na ficha do aeroporto Coloquei Danielle Silva — Ela disse com um ar severo
— Tá bom, eu não tenho boa memória, pedi para investigar você
— E o que mais você encontrou sobre mim? — Ela perguntou temendo que ele falasse sobre a sexualidade dela
Ele soltou o ar fazendo um barulho com os lábios
— O que eu descobri é que eu devo ter péssimos funcionários pois não acharam muita coisa sobre você, na internet você é praticamente um fantasma, então foi difícil, mas como eu tenho acesso aos dados na minha empresa de veículos eu tenho seu nome endereço e etc — Mas eu gostaria de reiterar que eu queria só saber seu nome mesmo e se você não me ligasse em alguns meses eu iria te procurar.
Ela tentou processar o que ele disse, era uma invasão considerável do espaço pessoal dela, ele completou
— Não fique assustada por favor, eu tenho uma tendência a ir atrás das pessoas que gosto, fiquei aliviado que você me ligou ontem, como você pode imaginar eu não posso perder muito tempo com relacionamentos platônicos
— Por que não pode perder tempo? — Danielle perguntou inocente
— Eu sou um homem velho Dani, não tenho muito tempo — Ele disse mostrando os cabelos brancos — Entende?
Ela mudou a expressão
— Entendo — Falou sem saber se era algo bom a se dizer mesmo
— Não fique chateada — Ele disse
— Não estou, só não gosto de ser espionada — Danielle disse — Se as informações sobre mim não estão disponíveis é que eu não quero que elas apareçam
— Eu queria até falar com você ir lá na minha empresa e dar uma palestra para o funcionários de como faz para esconder as informações tão bem, você é um fantasmo online e em tudo o que e lugar, seus dados não batem com nada — Ele disse simplório — Pelo menos foi isso que o meu analista financeiro disse. Então descobri pouca coisa, algo que não faz muito sentido.
— O que não faz sentido? — Ela perguntou curiosa
— Você tem um irmão chamado Matheus ou Moisés algo assim, em alguns cadastros ele aparece com seus dados — Ele disse sem parecer dar muita atenção a isso — Quando eu era pequeno meu nome foi registrado com uma letra a menos, eu não mexi nisso e até hoje tenho problemas com documentos errados.
— Entendi — Ela disse pensativa — Talvez você entenda isso depois — Ela disse, fez uma pausa dramática — E não.
— Não o que? — Ele perguntou surpreso
— Eu não bebo — Ela disse direta
— Não é beber, é vinho, Jesus bebia vinho também — Ele disse direto — E não é qualquer vinho é uma garrafa que eu tenho aqui que é caríssima
Ela abriu a boca para responder
— Vamos, experimente, se não gostar não precisa beber tudo, e uma experiência única, garanto! — Ele falou animado, sinalizou para o Garçom e falou algo que ela não entendeu.
— Beber vinho não é alcoolismo — Ele completou — Não é um pecado mesmo, é degustação
Ela não respondeu e ele continuou
— Você não parece ser uma garota que comete pecados — Ele disse analítico — Acertei
— Se eu disser que acertou eu vou estar pecando — Ela respondeu simplória
O garçom apareceu do lado deles trazendo junto duas taças e uma garrafa azulada
— Esse é um Brunello — Falou ao abrir a garrafa e servir os dois
— Balance-o e cheire — Paulo disse dando instruções ao mostrar como fazia à Danielle — beba só um pouquinho
Ela obedeceu imitando-o nos movimentos.
O gosto era bom, um pouco doce, o gosto do álcool mesmo não a agradava, pensou se podia tomar álcool com o tanto de remédios que tomava diariamente, mas nunca havia ouvido que fazia mal. Imaginou que talvez o álcool com a dose de estradiol injetável daquela manhã fizesse nascer um braço nas costas, ela sorriu com esse pensamento.
— Bom? — ele perguntou curioso com o sorriso dela
— É gostoso — Ela respondeu desfazendo o sorriso levemente — Não é algo que eu beba diariamente, mas isso está particularmente agradável
— Claro que está — Ele disse sorridente — É um dos melhores do mundo eu amo esse — Pensou um pouco — Você é educada né? “Particularmente” — Ele disse fazendo aspas na palavra
Ela sorriu receptiva
— O que vamos pedir para acompanhá-lo, creio que tenha algo que combine com ele — Ela disse sabendo que certos tipos de vinhos ornavam com certo tipo de comida
Ele deu de ombros
— Eu não tenho essas bobagens, venho aqui por que o macarrão é incrível, topa? — Ele disse animado
— Amo macarrão! — Ela disse animada — Mas você podia ter me avisado, aí eu vinha com um vestido vermelho
Ele sorriu
— Ótimo, vou te dar uma experiência que é a mais próxima de um orgasmo possível! — Ele disse chamando o garçom ao levantar a mão discretamente — Melhor que isso só… — Pensou tentando encontrar as palavras para substituir um orgasmo
— Só um orgasmo mesmo! — Ela disse sorridente — Daqueles bem fortes!
— Isso — Ele apontou para ela e parou por alguns segundos, pensou no que ela havia dito e abaixou o tom da voz — Isso.
Pediu a comida, espaguete com molho, Danielle conferiu o celular rapidamente, colocou-o no modo silencioso e o enfiou na lateral da coxa embaixo da cadeira, tinha mania de ficar quase sentada em cima do celular mesmo no trabalho.
Conversaram sobre assuntos diversos, ele não era invasivo em nenhum ponto, se interessou pelo trabalho dela, falou de carros que ele tinha de como começou a empresa, o tempo passou rápido a conversa estava tão boa que Danielle sequer verificou o celular nenhuma vez, se esqueceu dele.
— Você é diferente das mulheres da sua geração — Ele disse passando um pedaço de pão no prato para aproveitar o molho
— Eu sou bem diferente das mulheres no geral — Ela disse pensativa, mas voltou a atenção ao comentário — Mas por que você diz isso?
— Por que você não fica o tempo todo com o celular na mão, conferiu ele só uma vez, eu acho isso particularmente irritante, tenho uma neta mais nova que você e ela simplesmente não presta atenção em nada — Ele falou pensativo — É aquela epidemia de TDAH, todo mundo tem essa merda
— Eu tenho idade pra ser sua neta então? — Ela perguntou maliciosa
— Tem idade pra ser minha filha, neta eu não sei, acho que não — Ele falou pensativo — Mas você pode ser o que você quiser pra mim
Ela riu, mas não respondeu, era engraçado e interessante ser galanteada por ele.
— E esse mistério todo? — Ele falou se debruçando na mesa e apoiando o queixo nas costas das mãos, um gesto que poderia facilmente ser apontado como algo homossexual, mas que ele transformou em uma pose máscula — Você é bem dificil de ler, acho que não entendi um ponto em você, mas assim que eu entender tudo vai fazer sentido, sinto que você é como uma equação, quando eu achar o valr do X tudo se resolve.
Ela se arrumou na cadeira preocupada
— Eu não sou tudo isso, você está me supervalorizando, vai se decepcionar quando descobrir que eu sou… — Ela pensou um pouco e escolheu cuidadosamente as palavras — Uma pessoa comum para os dias de hoje
Ele cerrou os olhos
— Você nunca fala o que tem que falar, sempre dá uma volta, sempre escolhe as palavras — Ele falou analisando ela como quem aperta os olhos para ver algo pequeno — Porque suas frases são ensaiadas, o que eu não estou vendo que devia ver Danielle?
— Nada Paulo, não tem nada para ver aqui, só o que eu posso te contar — Ela disse — Você tá vendo coisas, só.
— Agora uma pergunta bem pessoal — Ele disse se arrumando na cadeira — Se você não quiser responder está tudo bem, mas antes de eu fazer saiba que eu posso te ajudar se você precisar
— Do que está falando? — Ela perguntou curiosa
— Vocẽ é vítima de alguma violência física, talvez violência doméstica?
Ela ergueu as sobrancelhas, não esperava aquele tipo de pergunta, lembrou-se que foi sim durante muito tempo, mas não mais, foi responder, mas gaguejou
— É, eu, é…é, não — Respondeu nervosa sem conseguir formular a resposta, um homem como Paulo entenderia aquilo facilmente.
Ele colocou a mão em cima da mão dela
— Tá tudo bem, aqui é um lugar seguro, eu sou um pessoa totalmente externa a tudo que você conhece, eu posso te ajudar por que estou de fora disso tudo, pode confiar em mim — Ele disse carinhoso
— Não tem nada acontecendo — Ela disse — Não mais.
— Entendo, eu não vou insistir — Ele disse — Você tem que saber que eu posso te ajudar, mas só se você quiser.
— Por que você acha que eu sou vítima de violência doméstica? — Ela perguntou curiosa — Posso saber qual foi a conclusão da sua análise? Foram seus funcionários que fizeram essa análise para você?
Ele pegou a mão dela e puxou os dedos fazendo-a abrir a mão
— Seus dedos da mão esquerda foram quebrados, são tortos — Ele observou cuidadoso
Ela tirou a mão dele, estava assustada
— Seu nariz foi refeito, ele não é natural — Completou olhando a reação de espanto dela — Tudo isso parece um pouco antigo, mas essa lateral do rosto em recuperação sugere que você levou uma pancada no rosto recentemente — Ele fechou os olhos — E isso me dói, por que quero te ajudar
— Não foi uma pancada, foi uma cirurgia — Ela respondeu direta
— Do que? — Ele perguntou curioso — Foi uma cirurgia corretiva?
Ela abaixou a cabeça, pegou o vinho e deu uma golada secando a taça, o Garçom imediatamente se aproximou e encheu novamente. Ela olhou para Paulo, olhou para a taça e tomou novamente, sentiu queimar ao descer na garganta.
Respirou fundo
— Isso parece bem dolorido para você — Paulo disse — Não a cirurgia, digo, o sentimento e eu respeito seu momento, se quiser mudamos de assunto, me desculpe
A taça estava cheia de novo, ela a ergueu e a contemplou, era bonita, o líquido vermelho era forte
— A quanto tempo estamos aqui? — Ela perguntou pensantiva
Ele olhou no relógio de ouro no pulso
— Umas quatro horas, você tem algum compromisso? — Ele perguntou curioso
Lágrimas brotaram dos olhos dela, ela piscou e uma desceu pela bochecha, ela levantou os dedos compridos e com unhas negras foscas bonitas e limpou a bochecha
— Vamos mudar de assunto Danielle, desculpe — Ele disse entregando o lenço a ela
— Foi corretiva sim — Ela disse sentindo o calor do álcool e pegando o lenço
— Alguém te machucou no rosto? — Ele perguntou
Ela fez que sim com a cabeça
— Quem? — Ele perguntou
Ela olhou e apontou para cima
— Foi Deus, ele me machucou, me fez um monstro — Ela falou sem se importar com as lágrimas que já brotavam
—Entendo, está tudo bem querida — Ele disse — Está tudo bem — Ele pegou a taça de vinho da mão dela e a depositou em seu lado, afastando-a — Está tudo certo — Empurrou a taça de água para ela — Beba um gole de água, você não é acostumada com vinho.
Ela obedeceu, olhou para a taça de água, cristalina, viu seu reflexo a ergueu e contemplou sua imagem distorcida pela água e a curva da taça.
— Eu sou bonita? — Ela perguntou para ele demonstrando sua fragilidade com sua auto estima
Ele deu uma risada
— Rá! — Falou sem se conter — Que tipo de pergunta é essa? Você é uma das mulheres mais maravilhosas que eu já vi, tanto na aparência como na sua mente — Ele apontou para a cabeça de Danielle — E é essa última parte que importa de verdade
Ela parecia entristecida
— Nem sempre foi assim — Ela disse — Eu era um monstro a até pouco tempo atrás
— Um monstro? — Ele perguntou — Isso está me aparecendo mais com uma síndrome do vira latas ou síndrome do impostor
— Síndrome do impostor — Ela repetiu — Perfeito, é isso que eu sou, eu sou um impostor!
— Uma impostora no caso — Ele corrigiu
Ela olhou séria para ele, tinha muita tristeza no olhar. Ouviu um barulho ao longe, o restaurante já estava lotado àquela hora, todas mesas ocupadas em sua maioria por casais, a maioria de homens e mulheres muito bonitos e bem, vestidos, o barulho ficou mais alto, parecia uma gritaria.
Danielle achou estranho, conhecia uma confusão quando acontecia
— Está acontecendo algo — Ela falou virando-se para trás
— Deve ser algo na rua — Ele falou tentando olhar por cima dela
— Não, estamos longe da rua, alguém tá falando muito alto — Ela disse e ouviram um estrondo
Paulo e os outros clientes olharam intrigados para a porta.
— Fica calm… — Paulo ia falar, mas notou Danielle ao longe indo em direção ao banheiro a passos acelerados, não caminhava em uma linha reta, parecia tonta pelo vinho, imaginou que ela precisava ir ao banheiro e simplesmente foi.
A porta secreta por onde haviam entrado foi derrubada com pontapés, em segundos homens de capuz armados com armas grandes entraram
— Todo mundo quieto, ninguém faz um barulho — Um dos homens disse — Tá tudo dominado, ninguém pega no celular entenderam! — O homem disse, outros cinco homens passaram por ele e se espalharam pelo salão.
Paulo ficou quieto, esperava que Danielle fugisse pelo banheiro, esperava que ela por ser magra passasse em alguma janela.
Os bandidos demoraram alguns segundos e passaram recolhendo os aparelhos de celular, bolsas, joias e dinheiro
O homem cutucou Paulo com a arma
— Celular e carteira — Ao lado dele uma outra pessoa menor, visivelmente uma mulher tinha um saco preto grande, Paulo depositou o celular e a carteira
— E esse relógio aí tio, manda pra dentro — O bandido mascarado falou — Tá sózinho aqui? — Ela perguntou
— Pois é — Paulo deu de ombros tentando indicar de forma ambígua que estava só.
Sem pestanejar Paulo tirou o relógio e colocou no saco preto
— Oh caralho, tem gente no banheiro, vocês não viram no banheiro porra! — Um dos homens gritou e dois deles foram correndo imediatamente
Da porta do banheiro saiu Danielle, usava fones de ouvido com fio, com cara de inocente, colocou a mão no peito, parecia bêbada
— O que é isso? — Parecia não entender do que se tratava
— Aí mina, ta locona? Não ouviu o comando? — O homem falou ao apontar a arma pra ela
— Que comando? — Falou tirando os fones de ouvido e levantando as mãos assustada
O homem puxou a bolsa dela e olhou dentro, pegou o telefone em que o fone estava ligado, Colocou o som no ouvido
— Quem ta falando nessa porra? — Apontou a arma pra Danielle
Ela ergueu as mãos
— É um vídeo, é um vídeo — Apontou o dedo na tela e desbloqueou o aparelho mostrando um vídeo sobre espaço e estrelas, ela pausou e o som parou.
O homem a empurrou
— Vai pro seu lugar — Falou com brutalidade jogando a bolsa dela com as coisas dentro para a mulher com o saco.
Danielle andou até a mesa, o rosto em pânico, sentou-se aflita, Paulo olhava preocupado
Ela olhou para ele
— Isso não é uma coisa sua é? Por favor — Ela disse preocupada
— Não, não é nada meu, por favor fique calma — Ele disse parecendo nervoso segurando as duas mãos dela por cima da mesa
— Calma, vai ficar tudo bem, só fiquem calmos — A mulher falou para Danielle, também mascarada — Dá suas coisas
— Já dei tudo — Danielle disse
A mulher olhou em volta e foi pra outra mesa recolher mais coisas.
— Tá tudo bem — Paulo disse
— Eu estou calma Paulo, Você está bem? — Ela perguntou, ele era um homem idoso, ela olhou em volta os homens armados estavam espalhados entre as mesas, as pessoas apreensivas
Ele segurou as mãos dela por cima da mesa, num gesto delicado o toque quente fez ela se sentir reconfortada, alguém estava querendo cuidar dela em um momento de tensão, normalmente ela era a vítima, quase ninguém a ajudava
Ela sorriu apertando as mãos dele em retribuição
— Estou sim — Ele respondeu — fique tranquilo comigo — Falou sorrindo de forma sutil — obrigada por se preocupar.
Um homem subiu em uma cadeira do outro lado do salão e assobiou alto chamando a atenção de todos no salão.
— Ninguém tenta ser herói hoje, se todo mundo ficar quietinho — Gritou um homem erguendo uma arma — Tudo vai dar certo, e só ficar de boa — Ele disse olhando em volta — Mas se tiver algum heróis aqui já me avisa logo que eu passo fogo e a gente acaba logo, tem herói aqui?
Olhou em volta e ninguém se manifestou.
— Outra pergunta, algum príncipe ou princesa está armado só esperando para dar o bote?
Ninguém se manifestou
— Por que a gente vai revistar todo mundo agora e quem tiver armado tá fudido, só levantar a mão e se entregar e fica tudo certo — Ele fez um X acima do coração e deu para ver a boca dele sorrindo pelo recorte da máscara — Eu juro!
Danielle sentiu Paulo apertar as mãos dela, ficou preocupada, ele olhava em volta aflito, olhou para ela e abaixou a cabeça em seguida ele levantou as duas mãos.
Dois homens se aproximaram apontando as armas para ele
O homem que fez a pergunta veio correndo e se aproximou.
— Tu é polícia? — Perguntou desconfiado
— Não, eu pratico tiro esportivo, tenho porte — Paulo disse — Posso pegar?
— Não — O homem se aproximou — Onde tá?
— Na cintura — Paulo disse
— Mão pra cima e levanta devagar— O homem falou enquanto o outro homem levantava o blazer de Paulo e pegava a arma
Danielle piscou forte, se perguntava como não tinha visto aquilo, era enorme
— Ótimo, falou com ar triunfante — Cutucou Paulo — Só essa mesmo né? Não tá com graça não né?
— Só essa — Paulo disse sério.
O homem deu as costas e falou para os outros homens
— De olho no Vô aí e na neta dele — Falou em tom de deboche.
Os homens continuaram andando e saqueando todos os clientes enquanto alguns que haviam entrado na cozinha e saíram com alguns funcionários rendidos com a mão na cabeça colocando todos sentados em um canto.
Foram de mesa em mesa pedindo para se levantarem e irem para o canto.
Foram até o canto do restaurante onde já havia um punhado de pessoas assustadas e se sentaram encostados na parede.
As pessoas se olhavam assustadas
— Não conseguiu né ? — Uma mulher petulante falou pra Danielle
— O que ? — Danielle franziu o cenho
— Fugir, na entrada era térreo, mas nos fundos é mais alto — A mulher disse com um ar desafiante.
Danielle mediu a mulher, com um vestido azul fino maravilhoso.
— Não tentei fugir, são três andares até o chão por trás, e se for igual o prédio do lado tem mais três níveis de estacionamento subterrâneo — Danielle falou abraçando os joelhos de olho nos bandidos
— Eles vão matar a gente — Um dos homens disse, aparentemente em pânico
— Não vão! — Danielle disse séria — Vieram atrás de dinheiro, joias e mais algo. — Ela olhou em volta — Levaram o pessoal que trabalha no restaurante la pro fundo, deve ter cofre ou algo assim
— Você não tentou fugir? Achei que ia tentar sair pela janela — Paulo disse baixinho ao lado dela
— Não, eu sabia que não ia dar — Ela falou baixinho e o abraçou num gesto carinhoso para falar no ouvido dele — Aí chamei a polícia e deixei meu outro aparelho de telefone no banheiro ligado, escondido e saí, espero que aquele lance de rastreio seja verdadeiro
Paulo piscou assustado e a apertou no abraço
— Danielle e seus mistérios — Ele falou fascinado — O que é você é garota?
Ela desfez o abraço e sorriu levemente, ainda estava preocupada, a voz alta de um homem a assustou.
— Todo mundo levanta! — Um dos homens disse severo
Todos se levantaram imediatamente
— Façam fila e vão um por um lá pro fundo e fiquem no canto.
O casal que estava mais próximo foi primeiro, era um quartinho, só dava para ver a porta e umas caixas dentro
— Tirem toda a roupa — O homem disse
— Que? Isso é um absurdo! — O homem na fila disse irritado — Me recuso!
Antes de falar mais algo levou um chute nas costas e outros dois o encostaram na parede com a arma na cabeça
— Pelado aí gordinho, você e a gostosa que tá com você — Apontou para a mulher que o acompanhavam que era muito bonita
Ela não pestanejou, soltou o vestido azul comprido e em segundos estava de calcinha e sutiã também azuis combinando.
O homem tirou a roupa e ficou de cueca
— Vai gordinho, tenho o tempo todo não, mostra essa merda aí logo — Ele apontou a arma para o homem que ficou nu em seguida apontou pra mulher — Você também bonitona, pelada, vamo!
Ela olhou para ele, para a fila, para o homem que viera com ela, mas ninguém disse nada, pessoas desviaram o olhar, ela tirou o sutiã, os seios brancos e perfeitos dela saltaram apontando para cima, Danielle reparou nas cicatrizes sutis do silicone na base do seio, tirou a calcinha revelando que era completamente depilada, usava meias Transparente ⅜, mas não as tirou
— Vai entra! — O homem disse pegando as roupas e colocando em cima da mesa — Peladinha hein gordinho, se deu bem! — O homem com a arma falou ao empurrar o homem nu para dentro da sala.
O casal entrou assustado.
Danielle andou para trás se se deslocando devagar para o último lugar da fila, parecia em pânico
— Fudeu, fudeu, fudeu — Danielle falou baixinho
Paulo ouviu e segurou a mão dela, estava gelada e suada
— Calma, nada vai acontecer — Ele disse — E só pra ninguém ir atrás deles
— Eu sei — Danielle disse aflita — Eu sei, eu sei— Ela repetia as palavras num comportamento frenético que não combinava com ela. — É pra polícia perder tempo quando chegar e eles já tiverem ido embora
— Então se acalme — Jaja eles saem e nos vestimos
— Eu não vou tirar a minha roupa! — Ela falou nervosa — Nem fudendo!
— Dani, tá tudo bem, ninguém vai olhar Pra você — Paulo tentou tranquilizá-la
Ela riu nervosa, parecia uma doida
— Vão sim — Falou assustada — Ah se vão!
— Você é linda, mas todo mundo tá tão nervoso que ninguém vai ver, se você quiser pode ficar atrás de mim escondida — Paulo a puxou para perto dele
Ela olhou para ele curiosa, estava roendo as unhas de gel, as pessoas andavam e tiravam a roupa, Paulo já se preparava.
— Você não tem outra arma aí não? — Ela perguntou pra ele — Se tiver me dá, por favor.
— Você está em pânico — Paulo disse sério — Se acalme!
Ela respirava alto e olhava freneticamente em todas as direções, arrancou uma das unhas com os dentes
— Danielle — Paulo segurou e sacudiu pelos ombros — Calma, seja aquela mulher de minutos atrás, nada vai acontecer se mantermos a calma, são só roupas, você por acaso é virgem?
Danielle juntou as mãos e começou a orar ignorando Paulo
— Senhor, me ajuda, por favor, não me deixa tua serva passar por isso, eu imploro, ajuda sua serva mais devota, não deixa isso acontecer que eu não vou suportar essa humilhação — Ela falava já chorando, as lágrimas escorrendo no rosto — Eu preciso de você meu senhor, me ajuda.
Paulo a abraçou
— O que foi aí? — O homem com a arma perguntou
— Ela ta nervosa, só isso — Paulo disse
— Oh gatinha, fica de boa, vai dar nada não — O cara falou se aproximando
— Eu não posso tirar a roupa moço! — Ela falou em tom de súplica para o homem — Por favor, me ajuda!
Já se aproximavam da porta quando viu a morena de cabelos cacheados nua, o corpo incrível, a bunda arrebitada, dois pequenos furinhos na cintura acima das nádegas, algo que Danielle achava lindo nos corpos das mulheres voluptuosas.
— Porra, mais uma sem pelo, vocês ricas tem nojo de pêlo é? — O homem armado na porta falou indignado — As gostosas, as véia, tudo sem pelo, caraio! — Falou admirado.
O homem olhou para Paulo de longe
— Vai, adianta aí, piroca pra fora Vô!
— Vamos Dani, é rápido, isso não vai dar problema — Paulo disse tirando a cueca e ficando nu — Viu, estou nu já, não tem problema.
Ela o mediu de cima embaixo, o corpo de um homem velho, mas em forma, peludo, cabelos brancos no peito, braços e pernas, na região pubiana os pelos aparados na maquina, o penis de um tamanho normal, a cabeça exposta por uma circuncisão mas diminuído pela situação estressante.
Ela coçou o pescoço com força deixando a pele vermelha.
— Vai gostosa, peito pra fora — O homem falou pra ela a empurrando pra frente — Quero ver aí, tu é rosa, certeza!
Outro homem atrás dele riu
— Não moço, por favor, eu não posso tirar a roupa, por favor, eu sou evangélica, eu não posso — Ela falou com lágrimas já borrando sua maquiagem — Eu sou crente, eu não posso!
— Ih fia, deus já viu, dá nada não vai, mostra aí que eu quero ver mesmo — Falou apontando a arma pra ela
— Não, por favor, não faça isso comigo, pelo amor de Deus!
Outro homem apontou a arma para ela num gesto violento
— To brincando não patricinha do caralho, tira essa porra logo! — Falou severo.
— Vamos Dani, eu te ajudo — Paulo disse paciente tocando no vestido dela
— Não! — Ela deu um berro chamando a atenção dos bandidos
— Vou dar um tiro na sua cara sua filha da puta — Homem falou nervoso
— Dani, calma — Paulo disse preocupado — Ela vai tirar, espera um pouco
— Vou tirar porra nenhuma, atira então filho puta — Ela gritou — Se é macho atira!
O homem trincou os dentes e colocou a arma na cabeça de Danielle, outro homem colocou a arma no pescoço de Paulo, ela fechou os olhos esperando o impacto.
— Você vai lá pra dentro velho pelado — Guiou Paulo com força pois ele resistiu
— Não resiste Dani, por favor, eu cuido de você, vem aqui! — Paulo disse entrando na sala.
— O que tá pegando aí? — Um homem saiu da cozinha, aparentemente era o chefe
— A patricinha não quer tirar a roupa aqui, ta de escândalo
Ele apontou a arma para ela e engatinhou.
— Tira a roupa patricinha do caralho, tá escondendo o que? — Ele falou irritado
— Eu sou evangélica moço, não posso — Falou chorando.
— Evangelica o caralho, num lugar de rico da porra desse, tomar no cu branquinha, tira essa porra agora senao vou rasgar tudo essa merda aí
— Ela que tá com o véio — Um outro homem falou
— Ah, tá me tirando, tá saindo com o véio da lancha? duvido que você seja evangélica — Falou em tom de deboche
— Eu juro, não posso tirar a roupa, por favor — Danielle suplicou
— Você tem, tem dez segundos senão vai ser pior
— Por favor, nao faz isso comigo — Danielle disse chorando — Pelo amor de Deus
Sentiu uma mão no seu pescoço, o homem puxou o vestido com violência fazendo um rasgo expondo sua lingerie, Danielle gritou e se protegeu batendo as costas em uma estante de pratos
— Para caralho, tá loco? — Ouviu uma voz feminina se aproximar e empurrar o homem, era a garota que passou recolhendo os aparelhos — Ela vai tirar, deixa que eu ajudo
Foi para trás de Danielle e puxou o zíper devagar
O chefe deu as costas
— Se eu voltar aqui e ela estiver vestida é fogo em vocês duas, avisei — Saiu pisando duro e voltou para a cozinha
— Moça, não posso ficar sem roupa, por favor — Danielle implorou — Eles não podem me ver, me ajuda
— Não tem jeito, tem que ficar, a mina ali tá de chico e tirou, você tira também. — A mulher falou explicando a situação
— Não é isso— Danielle falou deixando o vestido cair.
Usava um conjunto preto transparente por baixo.
— Lingerie bonita! — A mulher disse aparentemente tentando tranquiliza-la — Fica de boa, vai ser rapidinho, já estamos indo embora
Danielle tirou o sutiã tremendo, usava meias calças com desenho de morcegos diversos e uma calcinha shortinho comportada.
Os seios dela eram diminutos, bicos grandes e cor de rosa apontando para cima, os homens encapuzados olhavam curiosos
— Aí, rosinha, falei! — Um dos homens disse — Maravilha!
— Cala a boca retardado! — A mulher disse severa
— Já tá bom moça — Danielle disse — Deixa eu ir assim, por Deus.
— Você é bonita meu, fica com vergonha não — Falou e empurrou Danielle para a sala devagar
— Tira tudo — o Homem armado
— Assim ta bom — Danielle disse preocupada
— Deixa ela — A mulher disse — Assim tá bom
— Deixa não, puta escândalo, vai ficar pelada sim, todo mundo ficou, morre não, vamo lá filha, calcinha no chão.
Danielle tremeu, olhou pro homem severo procurou ajuda no olhar da mulher mas não encontrou.
Respirou fundo e tirou o shortinho revelando seu penis flácido, enorme para os padrões dos homens que tiraram as roupas antes dela
— Eita porra! — O homem armado disse — Olha isso! — Falou rindo confuso
A mulher se assustou brevemente, se aproximou e empurrou Danielle com delicadeza para dentro da sala para que os outros homens não vissem.
— Tá bom, vai — Fez ela entrar na sala, os outros bandidos não viram
Ela entrou na sala tropeçando, todos olhando para o penis dela, ela colocou as duas mãos e se encolheu no canto oposto da sala onde todos estavam, encostou-se na parede gelada e viu a expressão de horror de Paulo, deslizou para o chão sozinha, chorando.
Menos de um minuto depois ouviram barulhos.
— Perdeu perdeu! — Ouviram uma explosão, estrondo, tiros e gritos
— Fodeu! — O homem da porta gritou e correu atirando para algum lugar no salão.
— Pro chão! — Danielle gritou para todos e se jogou imediatamente no chão para se proteger das balas. Todos obedecerem.
Foram alguns minutos de tiros, gritos e confusão e então silêncio total até que alguns homens da polícia apareceram na porta da sala.
— Polícia — O Homem anunciou ao entrar pela porta empunhando a arma seguido por outros dois — Tem alguém machucado? — o Policial Militar gritou olhando todos no chão. — Tem algum dos bandidos infiltrado aqui com vocês?
Ninguém estava machucado, não havia bandido ali.
— Fiquem aí! — ele mostrou a palma da mão .
Em alguns segundos entrou trazendo peças de roupas que eles usavam
— Vistam-se, mas não saiam daqui!
Paulo procurou suas roupas, era de uma grife exclusiva, achou rápido e se vestiu, procurou em volta e nao achou Danielle, fez uma busca pela sala e ela estava encostada no canto abraçada com o vestido florido rasgado, chorando desconsolada
Ele se abaixou e parou ao lado dela.
Ela olhou para ele e voltou a esconder o rosto.
— Esse era o mistério? — Ele falou pensativo — Isso até que faz sentido de certa forma. — Tentou ser engraçado
Ela levantou a cabeça
— Não precisa falar comigo — Ela limpou as lágrimas e meteu o vestido por cima da cabeça cobrindo rápido seu corpo
— Quem é Danielle Montserrat? — Um policial perguntou
Ela se levantou limpando as lágrimas e arrumando o cabelo bagunçado.
— Sou eu — Ela levantou a mão
— O delegado precisa falar com você, pode vir aqui?
Ela foi em direção a ele
Paulo segurou a mão dela
— Eu vou com você — Ele disse preocupado
Ela soltou a mão
— Não precisa, você descobriu o mistério, já teve o que queria, eu devo ser nojenta pra você, não preciso da sua compaixão — Ela disse fungando o nariz esperando ele responder por dois segundos, ele não disse nada.
Ela saiu da sala sem esperar mais, foi conversar com o delegado e lá explicou o que fez, mostrou no banheiro onde estava o celular, pegou sua bolsa de volta.
Ao voltar para o salão Paulo a aguardava.
— Vamos conversar — Paulo disse se aproximando, trazia algo na mão
— Eu vi sua cara quando entendeu o que eu era, não precisa insistir nisso. — Danielle disse — Eu já tô acostumada, se você sair agora não vai ter dano pra ninguém, eu já to acostumada com essas coisas pra mim é um dia comum.
Ele mostrou o objeto, era um botom que ela não conseguiu distinguir o que estava escrito, ele pegou a parte do vestido dela rasgado que mostrava a pele em seu peito desprotegido e prendeu o pano
Aquele gesto simples de cuidado fez o coração de Danielle se aquecer brevemente, mas ela lutou contra qualquer esperança, combinou consigo mesma que sempre lutaria e nunca teria esperanças.
— Eu sabia que a zona leste era violenta, mas esse tipo de coisa é comum? Caramba! — Paulo falou tentando soar engraçado
Danielle não sorriu, parecia amarga, sentia vergonha, culpa, se odiava por ser daquele jeito.
— Obrigada pelo momento de luxo, foi muito bom o papo, mas é isso, eu sou só uma gata borralheira mesmo — Ela passou por ele e parou — Ou um gato vira-latas, sei lá — Continuou a andar.
Sentiu a mão dele na barriga dela
Danielle parou
Ele se aproximou e a abraçou. Ela retribuiu o abraço e chorou, ficaram assim por alguns segundos, ele desfez o abraço e pegou na mão dela.
— Vamos para a delegacia, a gente vai conversando. — Ele disse delicado
Danielle estava abalada, triste e com o orgulho ferido. As pessoas não trataram ela com diferença, mas com certeza contariam para todos que ela era um traveco, ficou pensando que seria o desfecho engraçado nas histórias em festas de família quando contassem para outros sobre o assalto, respirou fundo e soltou o ar dos pulmões como se pesasse 1 tonelada.
Sentiu o braço de Paulo em seu ombro, o carro da polícia balançava e o banco de plástico era duro e desconfortável.
Na delegacia todos deram o depoimento, próximo das 23 horas eles foram liberados, não tiveram oportunidade de conversar a sós
— Pra onde vamos? — Paulo disse com ar cansado
— Pra casa, quero dormir e esquecer esse dia maldito — Ela respondeu pegando o celular
— A gente precisa conversar sobre o que houve, não tivemos um momento a sós — Ele disse
— Não tem muito pra falar, você descobriu meu segredo, sou um traveco, acabou o mistério — Danielle falou cansada tocando a tela do aparelho
— Traveco, isso é ofensivo, não é? — Paulo perguntou curioso
— É sim — Danielle respondeu como se não fosse nada, mas era bem ofensivo, tateava o celular para pedir um transporte por aplicativo
— Qual o certo? — Paulo perguntou curioso
Ela olhou para ele atenta, ele era um mistério para ela, ela não sabia o que pensar. Imaginou que um homem daquela idade iria se afastar imediatamente, mas ele estava surpreendendo-a.
— Mulher transexual — Danielle disse exausta
— Vamos ao meu apartamento, lá você toma um banho e descansa — Paulo disse solícito
— Não — Danielle respondeu seca
— Deixa eu te levar então — Ele disse preocupado — você é não está bem
— Estou sim, não se preocupe. — Ela respondeu ríspida. — O que eu mais quis evitar aconteceu, quais são os planos para o pós apocalipse? Não se tem opção.
Paulo pegou o telefone
— To aqui já — Falou enquanto a pessoa do outro lado dizia algo — Ótimo, venha — Desligou o telefone
— Não chame um aplicativo— Paulo disse — Eu te levo
— Você está exausto, dá pra ver na sua cara — Um carro preto grande parou na frente deles, um que Danielle não conhecia, mas parecia um tanque de guerra. — Não está em condições de dirigir.
Paulo pegou na maçaneta puxando a porta para abri-la
— Meu motorista leva, não eu — Paulo Falou mostrando-a o interior do veículo iluminado por leds sutis e bancos caramelo com chocolate.
Ela olhou para o aplicativo “Procurando motorista parceiro” apertou o botão de cancelar e entrou no carro no banco de trás, Paulo entrou junto.
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