Diário de Rafaela 1 – Capítulo 22 — Grito silencioso
Rafaela abriu os olhos devagar, sua cabeça doía, ouvia uma música baixinha, algo no rádio, não lembrava de onde estava, mas estava balançando, arregalou os olhos para tentar enxergar, estava no banco de trás de um carro, estava com uma uma mordaça na boca, as duas mãos amarradas para trás e os pés também, o carro se movimentava, tentou se levantar no banco e sentiu arder sua orelha esquerda.
— Já acordou? — A voz era conhecida
Rafaela se ajoelhou no banco do carro, olhou em volta, o veículo balançava muito estava escuro, ela não conseguia saber onde estava, nem quanto tempo ficou apagada
— Estamos chegando Rafa, fica de boa
Ela tentou falar, não conseguiu e deu um urro de ódio e terror
— Não dá pra te entender, deixa a gente chegar que eu tiro isso, era só pra você não dar trabalho, você é muito arisca mocinha — Patrick olhou para trás e sorriu simpático
O Coração de Rafaela bateu forte em terror
Ela pensou em diversas coisas, mas a principal era seu bebe, estava grávida, será que ele sabia disso? Será que ele reagiria bem a isso? ela havia jogado o celular no carro, estariam procurando por ela.
Tentou se mexer mas notou que os pés e as mãos estavam amarrados ao banco do carro, sentiu-se como um animal, aprisionado.
Não conseguia reagir, nem fazer nada, em vez disso passou a olhar para fora, tentar entender onde estava, mas estava escuro, só via plantas, capim alto, talvez cana de açucar, chovia muito e o carro derrapava. Então parou num solavanco fazendo com que ela caísse do banco no chão do carro
Patrick saiu do veículo e a deixou só por alguns minutos, voltou e abriu a porta do motorista empurrando o banco pra frente
— Só essa porta que abre — ele falou pegando Rafaela como se fosse uma boneca e cortando parte da corta que a prendia — Tive que tomar essa providência por que você é meio arisca né amor? — Riu como se a piada fosse engraçada
Rafaela chorava em desespero, não emitia sons e grunhidos, apenas prestava atenção, carro branco, um monza modelo antigo viu a placa “BXH-3014”
🕐🕑🕒DOIS ANOS ANTES🕐🕑🕒
— Esse carro era do meu pai, foi o primeiro carro que eu aprendi a dirigir Rafa, você vai aprender nele também! — Matheus explicou à Rafaela, era muito apegado à garota e uma espécie de mentor moral dela além de Padrinho.
— Mas é muito comprido, tenho medo! — Ela falou sentada no banco do motorista
— É igual a qualquer um Rafa, se você conseguir dirigir um carro, consegue todos — Matheus respondeu acalmando a garota.
A tarde foi tranquila, Rafa aprendeu o básico no campinho, ligar o carro, sair devagar, parar, fazer curvas, dar marcha ré e também os princípios básicos da troca de marchas, achou chato no começo, mas depois se interessou, a união das tarefas manuais com a máquina a fascinou em seguida.
Quando finalizaram Matheus a levou em casa, era fim de tarde já, Rafaela agradeceu e deu um abraço no padrinho dando um beijo molhado na bochecha dele
— Eca menina, tá cheio de cuspe! — Ele sempre reclamava dos beijos molhados dela
Rafaela riu, fazia questão de fazê-lo reclamar.
— Gostou do carro grande? — Matheus perguntou assim que ela abriu a porta
— Ah, achei legal, é bonito, que carro é esse? — Rafaela perguntou
— É um Monza, chamam de Tubarão — Matheus respondeu orgulhoso
— Tubarão branco! — Rafaela completou
— Isso! — Ele falou animado e empurrou ela de maneira falsamente grosseira — Agora vaza que eu vou pegar sua tia no trabalho
Quando saiu do carro rindo Matheus arrancou rua a fora e ela viu a traseira reta do carro antigo e a placa “BXH-3014”
🕐🕑🕒AGORA🕐🕑🕒
“Tubarão branco” — Rafaela pensou, isso não fazia sentido, tentou puxar da memória o que estava acontecendo, por que aquele carro estaria ali
🕐🕑🕒 Meses antes 🕐🕑🕒
— Oi padrinho! — Rafaela abraçou Matheus e deu um beijo molhado nele, mas ele não reclamou, parecia entristecido
— Oi Rafa — O Tom era monótono
Rafaela olhou para ele e limpou o beijo molhado que havia dado
— Que voz xoxinha é essa? — Ela falou preocupada
— Roubaram o tubarão — Matheus falou com os olhos enchendo de lágrimas
— Oh meu deus! — Rafaela o abraçou e o apertou — Já foi na polícia
— Fui, falaram que não vão procurar, esse tipo de carro é muito roubado para desmanche, e provavelmente foi uma encomenda, a essa hora já deve estar desmontado
Rafa olhou para ele e deu um beijo na bochecha, o abraçou de novo
— Sinto muito, posso fazer algo por você? — Ela falou sentindo a dor do Padrinho
— Pode não querida, vai passar
🕐🕑🕒 AGORA 🕐🕑🕒
“Foi roubado, uma encomenda”
Rafaela não sabia o que pensar, era uma mulher inteligente, além da curva normal, pensava muito
🕐🕑🕒 Anos antes 🕐🕑🕒
— O que eu disse Rafaela? — Marcel, o pai de Rafaela falava de forma severa com ela
— Para não ser grossa — Rafaela repetiu olhando para o chão
— Olha pra mim! — Ele ordenou, fazendo-a levantar os olhos para ele sentindo calafrios — Por que você bateu nela?
— Por que ela é chata! — Rafaela respondeu — Eu não suporto ela
— Rafa, você tem só doze anos, o que eu falo pra você sobre se controlar, ser polida e não ligar para o que os outros falam
— Mas pai, ela me chamou de cabelo de fuá! — Rafaela falou com as lágrimas descendo
— Seu cabelo é de fuá? — Marcel perguntou
— Não — Rafaela se ofendeu e respondeu magoada
— Só tem duas chances Rafa ou ela está certa ou ela está errada — Marcelo falou de forma sensata — Se ela estiver certa você não precisa ficar brava pois será a realidade, se ela estiver errada você não precisa ficar brava por que é mentira
— Mas pai, as meninas vão caçoar de mim — Rafaela falou em tom de súplica
— A violência é o último recurso do incopetente Rafaela, lembre-se disso, use a sua cabeça, não a sua força, a sua maior arma é seu cérebro, não seus punhos
🕐🕑🕒 AGORA 🕐🕑🕒
“Minha maior arma é meu cérebro” Rafaela pensou
Ela estava focada, precisava sobreviver, precisava rever todos, além dela, seu filho estava ali, precisava protegê-lo, precisava ficar bem e faria de tudo o que fosse necessário para sair dali.
— Vamos — Patrick a empurrou pelo caminho, Rafaela sentiu o pé atolar na lama, usava uma sapatilha jeans, uma calça jeans e uma camiseta preta comportada da banda de rock AC/DC
Ela olhou em volta, a chuva estava abrandando, era uma casa de concreto, velha, feia e mal cuidada, não havia sinais de casas vizinhas, parecia uma espécie de sítio
Patrick empurrou a porta e ela se abriu, na sala uma luz amarelada oscilava, no canto um colchão sujo com cobertores novos, uma geladeira velha, um sofá antigo e uma TV também antiga.
Ele a conduziu levemente para o sofá
— Senta aqui — Ele falou sendo delicado com ela, Rafaela obedeceu.
Observava cada detalhe da casa, móveis, escritas, lascas, cores, tudo o que fosse possível para identificar qualquer coisa que fosse
Patrick se abaixou na frente dela, como se ela fosse uma criança, apontou uma enorme faca enferrujada para ela, Rafaela arregalou os olhos
— Se você prometer ser boazinha eu vou te soltar, você promete? — Ele perguntou tocando nos joelhos dela
Ela fez que sim com a cabeça e as lágrimas desceram
Patrick colocou a faca no chão e pegou a corda, amarrou no pé de madeira do sofá velho, em seguida cortou as cordas que prendiam as mãos de Rafaela, ela tirou as mãos das costas, mas os pulsos continuavam com nós apertados, em seguida ele puxou a fita da boca dela
Rafaela puxou o ar com toda a força que tinha, seu nariz não funcionava bem, estava ofegante, respirou por quase um minuto tentando pensar no que faria, no que diria, no que poderia agir, mas a primeira pergunta foi automática
— Por que você está fazendo isso comigo? — Ela perguntou levantando o olhar para ele
— Eu só quero conversar com você amor, ninguém deixa — Patrick falou se levantando — Aí trouxe você aqui pra gente falar
— O que você quer conversar? — Ela perguntou incrédula
— Eu sei que a sua mãe, seu pai, irmão e até o seu padrinho não querem o nosso relacionamento, todas vezes que tento chegar em você alguém atrapalha, então esse foi o jeito que achei pra gente ficar junto
Ela olhou para ele assustada, o sorriso dele era estranho, travado, vez por outra tinha pequenos tiques nervosos piscando um dos olhos
Não recebendo resposta Patrick completou
— Eu só quero seu bem, você é a pessoa mais importante do mundo pra mim — Ele falou passando a mão na perna dela, nada pode ficar na frente do nosso amor
As lágrimas de Rafaela caíam, ele estava louco, parecia insano
— Eu vejo você! — Patrick falou pegando a mão dela dando um beijo — Como você me olha, como sonha comigo, como fica no ônibus pensando em mim, quando fica na aula suspirando, isso é amor, e eu sinto o mesmo que você
Ela engoliu seco
— Você, você — Ela gaguejou — Tem me espionado?
— Sim, mas em segredo, estive com você nas suas aulas, no trabalho, sabia que você me via e que sabia que eu estava lá, mas para o meu bem você não falava para ninguém!
O Peito de Rafaela doeu e ela concordou
— Que bom que você entendeu amor, ninguém podia saber, se não a policia ia vir te pegar
Patrick riu
— Exatamente! — Parecia satisfeito — Como eles podem achar que eu vou fazer algum mal para o amor da minha vida, ele se levantou indo para a cozinha.
Ela viu a calça dele, estava imunda, a roupa dele toda suja, o cheiro era forte e ela começava a sentir, suas mãos doíam
— Patrick, pode soltar aqui agora, ninguém está vendo a gente — Mostrou os pulsos
— Soltar? Não sei, não acho uma boa ideia — Ele respondeu sensato
— Você não confia em mim? — Rafaela perguntou fazendo cara de inocente
— Eu confio em você sim amor — Patrick se ajoelhou aos pés dela e beijou suas mãos — Mas não confio no que colocaram na sua cabeça, que eu era mal, que eu era ruim e queria te machucar
— Eu tenho problema nas mãos amor, isso tá doendo bastante, solta só esses, por favor, pode confiar em mim! — Rafaela falou suplicando
Patrick se levantou e olhou para ela, parecia desconfiado, bateu a faca na palma da mão e voltou pra cozinha, em seguida voltou com uma faca menor e sem ferrugem, abaixou-se e soltou os pulsos de Rafaela
Ela massageou as mãos e se lembrou de uma coisa
— Patrick, pode me dar água, por favor? — Rafaela perguntou sorrindo — Estou com muita sede
🕐🕑🕒 Anos antes 🕐🕑🕒
— São técnicas Rafa, algumas para fazer amigos e influenciar pessoas — O Psiquiatra de Rafaela era um homem inteligente, ela gostava de falar com ele, as sessões foram obrigadas pela escola para controle da Raiva de Rafaela
— Mas como posso fazer alguém que não gosta de mim gostar, mágica? — Ela perguntou quase como uma petulância
— Há uma técnica chamada efeito Benjamin Franklin — O tom de voz dele era grosso e constante, cativava Rafaela pela masculinidade, ela se interessou — Consiste em você pedir um pequeno favor, algo praticamente irrelevante para uma pessoa fazer para você, algo que ela seja incapaz de negar, algo pessoal, isso vai fazer com que ela pense que gosta mais de você do que realmente gosta
Rafaela se inclinou para ele
— Acene a cabeça levemente de forma positiva para mostrar que concorda, tente fazer amizade e chame a pessoa pelo nome dela, da forma que ela gosta, sorria, seja cordial.
— Você quer que eu seja falsa? — Rafaela perguntou petulante
— Falsa não, política Rafaela — O psiquiatra respondeu — Nem tudo é embate e não podemos fazer tudo o que queremos o tempo todo, muitas vezes precisamos nos tornas atores nas nossas vidas para que uma situação funcione
Rafaela pensou sem respondeu
— Engula sapos Rafaela, você está acostumada a reagir e a responder muito forte, engula alguns sapos de vez em quando para contornar a situação e fazer a coisa voltar para o seu lado, isso é inteligência emocional.
🕐🕑🕒 Agora 🕐🕑🕒
Patrick trouxe a água e entregou para ela, um copo de plástico
Rafaela sorriu da forma mais linda e generosa que conseguiu
— Obrigada! — Falou animada — Que horas são?
Colocou a água na boca e deu um gole forte, então sentiu algo estranho, um gosto meio doce, engoliu um pouco
— Acho que essa água não está boa — Ela falou devolvendo o copo
— Deve ser o remédio que eu coloquei nela — Patrick respondeu pegando o copo
— Que remédio? — Rafaela perguntou assustada
— Um fraquinho, pra você dormir — Ele respondeu sorrindo — Amanhã vai ser outro dia
— Eu não posso tomar remédio! — Ela exclamou sem pensar no que ele poderia dizer, pensava só no seu filho
— Por que não? — Ele perguntou inocente — Você é alérgica a algum tipo?
— Sim — Ela respondeu
— Qual tipo? — Patrick perguntou curioso
— Pra dormir! — Ela falou afirmando o óbvio
— Você é alérgica à benzodiazepina? — Patrick perguntou assustado
— Sim, sim, muito alérgica, meu deus, eu vou começar perder o ar, meu ajuda, me leva pra um hospital! — Rafaela falou suplicando e forçando uma tosse
— Ah menos mal, não benzodiazepina — Patrick falou sorrindo e voltou para a cozinha
Rafaela ficou séria, parecia que ele não era tão insano assim, havia testado ela e feito com que ela caísse como uma patinha.
Quando ele voltou, sentou-se no chão olhando para ela com cara de bobo
— Tenho fome — Ela falou sincera — Que horas são?
— É tarde, bem tarde
— Patrick, querido, me dá alguma coisa pra eu comer, por favor — Rafaela pediu
— Eu não tenho nada pra você comer aqui Rafinha, minha rainha — Ele parou um pouco para pensar e falou contente — Rafinha ria com a rainha!
Rafaela sorriu também, mas estava desanimada
— Mas eu preciso muito comer, se não vou passar mal
— Ah, é por isso que você tá sempre comendo? Você é hipoglicêmica?
Patrick perguntou e antes que Rafaela respondesse a expressão dele mudou
— Ou você tá grávida — A pergunta parecia ofensiva por si só
— Isso, hipoglicêmica — Rafaela afirmou
— Ah bom, por que não dá pra engravidar sendo virgem né amor! — Patrick falou sorridente
— É, não dá — Rafaela falou percebendo que ele achava que ela era virgem e que esse parecia ser um pilar importante pra ele.
— Tá bom então, vou buscar algo pra você comer — Ele se levantou, voltou com uma capa de chuva
Rafaela piscou e sentiu como se tivesse areia em seus olhos, sentiu uma tontura e se lembrou da água, realmente tinha alguma coisa, uma lágrima caiu e ela o viu voltando
— Tem uma pizzaria ali no centro, volto rapidinho
— Centro de onde? — Rafaela perguntou sonolenta
— Mogi — Patrick falou e se arrependeu do que disse, se aproximou de Rafaela e deu um tapa com força na cara dela fazendo ela dar um solavanco no sofá e despertar do sono que vinha — Presta atenção, eu não sou louco nem idiota, não me testa! — Ele falou de forma ameaçadora — Eu vou tirar esse demonio que tem na sua cabeça e você vai voltar a me amar
Ela segurou o rosto com a mão, assustada, encostou no sofá e sentiu o corpo pesado, a respiração estava pesada, estava apagando mesmo com a adrenalina do tapa
— Vou tomar uma providência, espero que você entenda — Patrick falou se aproximando
Pegou a camiseta de Rafaela e a puxou
— Não! — Ela cruzou os braços para que ele não tirasse a camiseta dela
— Solta Rafa, confia e mim — Patrick falou severo
— Não! — Rafaela falou com voz de choro e sonolenta — Não encosta em mim! — Ela chorava de olhos fechados
Ela então sentiu algo gelado em sua barriga e abriu os olhos, a luz da lâmpada feriu sua vista e ela viu a faca menor rasgando sua camiseta e sentiu seus seios darem um solavanco, ele havia cortado também seu sutiã
Ela deu um berro e apagou
Estava quente
🕐🕑🕒 ANOS ANTES 🕐🕑🕒
— A Festa da vaca leiteira vai começar! — O rapaz animado clamou
— Rafa, tem certeza que quer participar disso? — Fernanda perguntou preocupada
Rafaela levantou a máscara, usava uma roupa completa de vaca, era de pelúcia, quente e com as tetas grandes e rosadas
— Claro, eu vou ganhar isso pra gente! — Rafaela falou animada
— Conhecem as regras vacas leiteiras! — O rapaz falou aos gritos — Temos aqui o recipiente com 50 mls, quem encher de leite fresco primeiro ganha, os fiscais vão com vocês, vocês tem trinta minutos — Levantou a mão e bateu num sino — Valendoooo
Seis pessoas vestidas de vaca saíram correndo ficava no terceiro andar nos apartamentos do campus da faculdade pública.
Rafaela foi acompanhada por uma garota, a fiscal e por Fernanda
— Ai Rafa, não acredito que você via ter coragem — Fernanda falou andando rápido com amiga fantasiada de vaca
— Para de falar meu nome Fê, puta que pariu — Rafaela falou preocupada
Rafaela olhou em volta e procurou por alguém, viu um grupo de meninos que já havia visto, eram os nerds do curso de ciencias da computacao, ela correu em direção a eles
Os meninos olhavam assustados, sabiam do que se tratava
— A Vaca leiteira — A Fiscal anunciou quando Rafaela se aproximou — Ela precisa da ajuda de vocês meninos, precisa de leite fresco
Os meninos se olharam, pareciam não entender ou não ter coragem para fazer algo
Rafaela levantou a máscara de vaca suficiente para verem sua boca
— Vai galera, me ajuda, vale uma puta grana! — Rafaela suplicou
Os meninos ficaram parados, sem reação e ela apontou
— Você bonitinho, vem aqui
Rafaela puxou um dos meninos, de óculos pela mão, estava próxima a uma quadra, próximo a alguns arbustos, ela entrou atrás dos arbustos com o garoto e apalpou o pau dele por cima da calça Jeans
— Vai, pau duro, preciso de leite — Ela se abaixou esperando, como não houve reação ela abriu o zíper dele e abaixou a calça revelando um pau de tamanho razoável e mole — Vamos — ela falou pegando no pau dele — Me ajuda
— Não é assim! — O Garoto falou nervoso tentando mexer no pau para que ele ficasse duro
Rafaela se levantou e puxou o zíper fazendo a fantasia sair, estava usando uma calcinha e um sutiã cor de rosa por baixo, desabotoou o sutiã mostrando os seios
— Vai! — Passou a mão no pau do garoto e ele deu sinal de vida,ficou duro, ela se levantou e abraçou ele roçando os peitos no peito dele — Isso, fica duro pra sua vaquinha!
Rafaela olhou para trás e gritou para os outros
— Aqui ta quase, já vem o próximo — Ela se abaixou e pegou no pau do garoto, começando a masturbá-lo com força
Levantou a máscara e abocanhou
— Vai gatinho, goza pra mim vai — ela falou sem revelar o rosto para ele.
Sentiu a presença de outras pessoas se aproximando, eram os outros garotos
— Vai turma, pau pra fora, eu não posso chupar depois que estiver de boca cheia — Rafaela falou — Colabora que eu dou pra vocês depois — Rafaela prometeu, mas não tinha intenção de cumprir isso, era só para incentivar.
Estimulou mais o primeiro garoto e logo ele anunciou o gozo, Fernanda olhava de longe e a garota que era Fiscal olhava de perto, conferindo
O garoto de sinal de que ia gozar, Rafaela abocanhou e chupou com vontade de forma molhada até que sentiu, o semem dele, quente e salgado na boca, ela segurou cara gota em sau boca e se virou para o garoto do lado que já estava com o pau pra fora se masturbando, ela repetiu o processo de punheta mas sem chupar pois a boca estava cheia de porra.
Esse garoto era maior que os outros, estava mais acima do peso e quando gozou o jato foi forte e volumoso na boca de Rafaela, atingindo a garganta dela e fazendo-a engasgar e tossir.
Ela levantou a cabeça para não perder nada, mas foi inevitável o semem escorrer por sua boca e pescoço, ela se abaixou rápido para extrair mais semen do outro garoto, começou a punhetá-lo e penis ja estava duro, notou então fernanda
— Não vai dar tempo, vamos — Ela tocava no penis do rapaz e beijava enquanto o masturbava
Rafaela abriu a boca e ele espirrou porra dentro da boca dela gotejando em seguida, a boca estava cheia, não conseguia respirar direito, sentia ânsia e ainda havia um garoto
— Mais um pra garantir, Fernanda falou — Puxou Rafaela pelo cabelo devagar — Pega aqui!
O garoto demorou mais para gozar, mais que o normal, e Rafaela estava ansiosa então ele anunciou o gozo, mas foi pouco, apenas poucas gotas, Rafaela ficou brava, se levantou e deu o sutiã para Fernanda, vestiu a roupa de vaca e voltou com as bochechas cheias para o apartamento
Uma das meninas subia as escadas também, vestida de Vaca. Rafaela acelerou com a boca cheia e chegou no apartamento
— Outra vaca! — O Rapaz anunciou sobre risos e comemorações das pessoas que bebiam e dançavam no apartamento
Rafaela cuspiu no pote toda a porra, ainda estava branca, com baba, um fio de semen fresco ligou seus lábios ao potinho
— passou de 50 ml! — O rapaz anunciou — Temos uma vaca leiteiraaaaa!
Rafaela respirou fundo, sentia-se sufocada, o gosto de água sanitária salgada na boca era estranho
🕐🕑🕒 AGORA 🕐🕑🕒
O Gosto de água sanitária na boca era estranho, sentia-se sufocada, Rafaela sentiu a luz atingir seus olhos e tentou enxergar, um gosto estranho na boca, tentou se levantar mas estava desequilibrada, puxou ar e algo veio ao seu pulmão, tossiu sem se controlar, cuspindo e quase vomitando, sua boca estava bloqueada por uma fita adesiva
Quando parou olhou em volta, estava nua, deitada no colchão sujo da sala, o sol iluminava a sala, estava quente, ambas as mãos amarradas nas costas e uma das pernas acorrentada na parede.
Conseguiu se ajoelhar e em seguida se levantar, olhou em volta e não havia nada, tentou olhar pela janela, havia vidros quebrados e táboas cobrindo as falhas.
Poucos segundos depois o carro branco parou na porta, ela viu a placa, era Patrick, viu ele chegar e vir em direção à casa, viu um pedaço de vidro cumprido na janela, estava fora do seu alcance.
Patrick entrou
— Ah, princesa já acordou — Ele trazia um cobertor e uma sacola — Vai que faz frio né no nosso ninho né! — Patrick falou animado — Você está bem?
Ele olhava para Rafaela de cima em baixo, ela apenas olhava de volta com olhar desafiador.
— Ah é! — Ele falou sorrindo e se aproximando de Rafaela arrancando a fita em sua boca
Assim que a fita saiu ardeu, e ela falou
— Você me estuprou? — Ela falou ofegante
— Não, eu jamais faria isso
Ela cuspiu
— E esse gosto estranho? — Rafaela perguntou
— Não sei do que você está falando — Patrick sorriu
— Me solta Patrick, por favor, isso não vai dar certo — Ela falou preocupada — Vão me achar e vão machucar você
— Eu sempre imaginei como você era de verdade — Ele apontou para o corpo dela
Rafaela se sentou e se encolheu no colchão sujo, estava nua, exposta
— Não tenha vergonha meu amor, você não tem nada que eu já não tenha visto! — Patrick falou sorridente — Adorei você ficar lisinha pra mim, sempre achei que você era assim sabia? — Perguntou parecendo alegre
Ela estava ofegante, sentia ódio, queria gritar e explodir ele
— Onde estamos? — Ela perguntou
— Numa casa — Ele respondeu o óbvio tirando coisas da sacola
— Onde? — Ela perguntou — Onde fica essa casa?
— Por que você quer saber? — Ele perguntou desconfiado
— Não posso saber onde é o nosso ninho de amor? — Rafaela tentou entrar na insanidade dele — A gente vai lembrar disso no futuro, né?
Ele ficou surpreso
— Vai sim — Sorriu e se aproximou — Posso te pedir uma coisa?
— Pode sim! — Ela respondeu se levantando, mostrando o corpo nú para ele, imaginou que ele havia tocado nela durante seu sono — O que você quer?
— Podemos terminar aquele beijo que começamos no shopping? — Patrick perguntou sorridente
— Claro amor — Ela respondeu se aproximando, mas assim que ele se inclinou Rafaela se afastou — Amor, minhas mãos estão doendo muito, pode soltar antes? aí eu posso tocar em você
— Não posso te soltar, eles ainda estão na sua cabeça! — Ele respondeu sôfrego
— Eu tenho problema nas mãos, isso tá me causando muita dor
— Que problemas você tem? — Patrick perguntou — Você nunca me falou disso
Rafaela abriu a boca para falar e ele interrompeu
— Sua mãe tem problema nas mãos, você está mentindo pra mim? — Patrick falou bravo
— Não, não estou, descobri recentemente, meu nam…amigo que é médico fez os exames em mim e descobriu que herdei os problemas degenerativos da minha mãe nas mãos e os do meu pai nos ouvidos
— Seu pai está ficando surdo certo? — Patrick perguntou preocupado
— Está sim, e eu também vou ficar surda e provavelmente vou perder as mãos — Rafaela dramatizou — Não é um tipo de sofrimento que eu quero pra você
— Amor, não fale assim, vamos dar um jeito — Patrick falou se aproximando e tentando beijá-la, mas ela se afastou de novo
— Sério, tá doendo muito — Ela se virou de costas mostrando as mãos
Patrick pegou o nó e começou a desfazer, devagar, sem pressa, Rafaela imaginou se eles estavam muito bem amarrados, assim que ele soltou seus braços formigam, estava realmente doendo muito.
Ele se aproximou para beijá-la e ela deixou, a língua dele invadiu a boca dela, Rafaela sentiu asco
🕐🕑🕒 ANOS ANTES 🕐🕑🕒
— Você precisa ter certeza de que vai conseguir passar, se não você vai se perder, acelera e vai — Matheus o padrinho de Rafaela
— Rafaela olhou para a direita, viu o caminhão acelerando e se atrapalhou, acelerou pisando até o fundo
— Deixa Rafa, não vai dar, não vai dar! — Matheus reclamou e Rafaela acelerou o máximo que pôde
O carro à sua frente pisou no freio e ela também pisou fazendo o carro derrapar e fazer um barulho de pneus cantando na estrada, buzinas e xingamentos em volta.
Quando pararam o carro Rafaela chorou, Matheus a puxou para o Colo
— Rafa, esse tipo de coisa é de vida ou morte, você precisa ter certeza quando for fazer algo assim, você tem que se antecipar, o caminhão não ia deixar você passar, então você teria que ter se antecipado, tinha que deixar ele achar que você não queria entrar
— Mas se ele sabia que eu ia entrar por que não deixou? — Rafaela perguntou confusa
— Tem pessoas que são idiotas assim mesmo por uma série de fatores — Ele afagou a cabeça dela — Você precisa ganhar confiança, e enganar se for necessário para isso, deixe ele achar que você não quer o que quer.
Rafaela entendeu depois que ela ser mulher influenciou muito no fato
Ela olhou para ele ouvindo cada palavra
🕐🕑🕒 AGORA 🕐🕑🕒
“Você precisa ganhar confiança, e enganar se for necessário para isso, deixe ele achar que você não quer o que quer.”
Rafaela o abraçou e sentiu a pequena faca no bolso de trás dele, era um faca sem ponta ou sem fio, algo inofensivo, ela fez o beijo durar mais até ter certeza, então lembrou do padrinho, desfez o beijo
— Melhor você guardar isso amor — Ela mostrou para Patrick
Ele arregalou os olhos e agarrou a mão dela tirando a faca com força e medo
— Não precisa ser violento, eu quero que você pegue, que confie em mim — Ela falou com a cara de coitada
Ele colocou a faca na pia e abraçou ela
— Desculpa, eu não quero te machucar, eu confio em você! — Ele beijou o cabelo dela
— Pode me devolver minhas roupas? — Rafaela falou sorridente — Elas são tão bonitinhas!
— Não posso, eu coloquei fogo — Patrick falou sem pensar
— Por que? e se a gente quiser sair pra namorar? — Rafaela desconversou
— A gente pode namorar aqui! — Patrick falou
Ela se calou, a conversa estava indo para um lado que ela não queria
— Pode tirar isso? — Ela apontou para a corrente amarrada ao tornozelo e travada com um cadeado
— Só depois que eles não estiverem mais na sua cabeça — Ele falou beijando-a nos lábios e limpando os olhos dela que provavelmente ainda estavam sujos
Ela tentou manter a calma, tinha muito ódio
— Você avisou minha mãe onde eu estou? — Rafaela perguntou
— Não, ela não iria entender, e eu não a conheço — Patrick falou
— Ela é bem inteligente meu amor, se você falar que é por amor ela entende sim! — Rafaela falou amorosa
— Eu vou pensar
O telefone dele tocou, e ele olhou para a tela
— Preciso atender
Saiu pela porta e ela ficou olhando pela janela, foi para dentro do carro e atendeu
Assim que ele começou a falar Rafaela encheu os pulmões e gritou com toda força
— Socorrooooooooooo — O grito foi tamanho que machucou sua garganta e sua cabeça doeu
Patrick não olhou então ela deu outro berro, dessa vez fino, sem palavra alguma, apenas um berro, ele continuou falando no telefone e ela sentiu a garganta coçar
Ficou olhando para fora até que ele parou de falar no telefone e veio até ela, estava ofegante
— Preciso ir, tenho que trabalhar, volto daqui a pouco — Ele falou parecendo atribulado
— Vai me deixar aqui sozinha? E se vier alguém? Eu tô sem roupa
— Não vai vir ninguém, ninguém sabe que esse lugar existe, só vão vir colher — Apontou para fora — daqui a uns seis meses e até lá a gente já vai estar em casa — Ele pegou a sacola e colocou no chão — Tem comida na sacola pra você
Saiu pela porta e entrou no carro saindo em disparada.
Rafaela olhou em volta, estava só, sem saber o que fazer, queria chorar e se desesperar, sempre funcionava, alguém sempre a ajudava, mas agora estava sozinha.
Será que alguém estava procurando por ela? Alguém tinha como encontrá-la?
Ela sabia que a partir daquele momento todas as suas energias teria que ser gastas em apenas um problema “Como sair dali”
Sua barriga roncou, ela sentiu fome, segurou sua barriga, seu bebe
— Calma, a gente vai comer! — Falava como se fosse uma criança, descobriu que assim se sentia melhor
Puxou a sacola e viu um pé de alface grande, tirou-o de cima e viu o que tinha embaixo, latas, latas de legumes, de feijoada, ervilha, olhou em volta
— Como eu vou abrir essa merda? — Falou preocupada
Comeu todo o alface, precisava de algo para se alimentar. Descobriu que batendo a lata na quina na pia velha elas se abriram, comeu as cenouras em conserva, tinha uma lata em mãos, metal, se aproximou da corrente e passou a ponta do metal na corrente, roçou
— Não vai funcionar — Seguiu a corrente até a parede, era um gancho fincado na parede, a parede era meio velha e úmida, Rafaela raspou a lata amassada na parede como se fosse uma faca, e os pedaços da parede caíram em pó.
Começou então o trabalho frenético de raspar a lata na parede para que o gancho da parede se soltasse, ela notou que o sol começava a se pôr, havia comido mais duas latas e sentia que estava cada vez mais perto de se libertar.
Ouviu o carro chegando, a luz iluminando o quarto escuro, pegou uma das latas amassadas e colocou dentro do colchão velho, arrastou o colchão para próximo do pó que saiu da parede e o cobriu
Quando Patrick entrou ela estava deitada olhando para cima
— Tudo bem amor? Como foi hoje? — Patrick perguntou animado
— Um saco, eu não tenho nada pra ler ou pra fazer, tive que ler o rótulo das latas e eu preciso ir ao banheiro urgente! — Ela falou
— Ah, não tem banheiro! — Ele falou triste
— E como eu vou fazer? — Ela perguntou indignada
Ele foi até o outro cômodo e buscou um balde de plástico
— Tem isso! — Falou animado
Ela queria brigar com ele,dizer que não faria nada naquilo, mas não queria contrariá-lo, queria que ele confiasse nela, que ficasse contente
— Nossa amor, que ideia incrível, como eu não pensei nisso antes!? — Ela falou animada pegando o balde — Agora vai pra lá, não quero que você olhe
Ele concordou foi para o outro cômodo
— Me chama quando voltar, trago água para você se levar
Rafaela fez as necessidades e o chamou, ele trouxe um balde com água e sabão, ela se lavou e se secou com uma toalha suja que ele forneceu
— Quero água para beber — Rafaela pediu
— Ah sim! — Ele falou animado e correu até o carro
Trouxe um fardo com várias garrafas de água pequena e de uma pra ela
— Pode beber essa!
Rafaela pegou e bebeu, sentiu uma picada no braço e se assustou
— O que foi isso? — Ela falou deixando a água cair em seus seios
— Só uma picadinha
— Não fica me dando remédio caralho — Ela falou irritada — Eu tô — Ela se deteve
— Tá o que? — Ele perguntou
— Com sono — Ela falou — Não preciso de remédio pra dormir
— Ah, desculpe — Ele falou arrependido — Posso dormir com você?
— Pode sim amor — Rafaela falou sedutora
Ele deitou no colchão, Rafaela se deitou de costas para ele
— Pode me abraçar — Ela falou sedutora, queria ganhar a confiança dele, precisava antes soltar sua perna
Rafaela adormeceu, acordou com o sol esquentando seu rosto novamente, sentiu Patrick atrás dela, ele se esfregava nela devagar, ela fingiu não ver o que ele fazia, ele passou a mão na bunda dela e apertou
— O que você tá fazendo? — Ela perguntou assustando-o
— Ah, nada, só vendo se você tá acordada — Ele falou sínico
Rafaela se ajoelhou, ele estava excitado, ela tentou não olhar
Ele se levantou e saiu, ela viu o celular dele, pegou o aparelho na hora e ligou 190, assim que terminou de discar Patrick voltou, Rafaela colocou o celular embaixo da cama, aberto, era um modelo de flip
Esperou mentalmente que alguém atendesse
— Patrick, por que você me sequestrou? — Rafaela falou num tom alto — E me trouxe aqui para Mogi no meio dessa plantação?
— Pra te proteger Rafa, pra eles saírem da sua cabeça, pra gente ficar junto! — Patrick se explicou
— Me fala uma coisa, por que o carro do meu padrinho ta com você? — Rafaela perguntou num tom alto
— Por que você tá gritando? — Patrick perguntou
— Desculpe, é que meu problema na orelha as vezes me faz ficar meio surda — Ela falou cutucando o ouvido — O Dr. Carlos Horowitz do hospital Santa Rosa me deu esse diagnóstico, ele disse “Rafaela Khalil” você tem surdez progressiva
Patrick olhava admirado
— O Carro Patrick, placa BXH-3014 — Ela perguntou apontando pra fora — Era do meu padrinho, foi roubado, você que roubou? — Ela perguntou
— Não, eu não roubei — Ele falou também num tom alto de voz — Eu peguei, por que eu sabia que você gostava dele
— Você não pode pegar as coisas das pessoas assim Patrick isso é errado — Rafaela apontou para ele
Patrick se aproximou, parecia envergonhado
— Desculpe amor — A cabeça baixa
Rafaela o abraçou, ele estava pisando bem no lugar onde estava o aparelho de celular.
— A gente pode transar? — Patrick perguntou
— O que? como assim? — Rafaela se afastou — Eu eu, ela gaguejou e ele riu
— Amor, não precisa ter vergonha, eu também sou virgem, estou me guardando pra você e sei que você também está se guardando pra mim.
Rafaela o puxou para cima do colchão, ele tirou o pé do celular
— Você viu meu celular? — Patrick perguntou e Rafaela o agarrou, beijando-o na boca — Vem amor! — Ela falou decidida a fazer ele esquecer o celular
Patrick a agarrou, as mãos tocaram o corpo de Rafaela, desceram pelas costas, cintura e agarraram a bunda, assim que apertou ela sentiu um arrepio no corpo, sentiu tesão e por sentir tesão sentiu ódio, agarrou Patrick e o apertou com a intenção de sufocá-lo, mas não tinha força suficiente, desistiu.
Patrick era grande, mais alto que Rafaela, parecia ser forte, ele então arrancou a própria camiseta, não tinha um físico completamente definido, mas era bonito, braços bem torneados, abdômen lisinho e definido
Ele olhou em volta, ela entendeu que ele procurava o celular
— Quero você! — Rafaela falou desabotoando o cinto dele e abaixando o zíper
Em segundos ele estava nu, o penis grosso, largo, branco como ele todo e com a cabeça cor de rosa molhada de tesão, fez ele se sentar no colchão.
Rafaela sentiu asco, mas precisava fazer aquilo, precisava distraí-lo, sentou no colo dele e deu os seios no rosto dele
— Chupa aqui — O pau dele batia na barriga dela enquanto ele mamava os seios dela
Sem perceber os olhos dela encheram-se de lágrimas, ela ela começou a chorar, limpou com os pulsos quando percebeu as lágrimas, não queria que ele visse
Com o pé ela começou a tentar empurrar o celular enquanto ele se deliciava com os seios dela, o barulho da corrente podia chamar a atenção dele
— Isso, chupa, sempre sonhei com isso, chupa meu amor, chupa gostoso, é tudo seu — Rafaela usou todo seu ímpeto de atrás
Então conseguiu, empurrou o celular mas a tela estava apagada, não sabia em qual momento tinham desligado, não sabia o quanto tinham ouvido.
A tela do celular se acendeu, Rafaela viu escrito “190”, tentou apertar com o pé e não conseguiu, se esticou mais e pegou o celular com a mão e apertou o botão de atender.
— Isso amor, isso, adorei a sua ideia — Rafaela falou num tom alto — Me trazer aqui pro meio desse matagal em Mogi, nessa casa abandonada e me manter presa acorrentada realmente está me dando um tesão
— Eu sabia que você ia aprender! — Ele falou satisfeito
— Continua mandando vai! — Ela falou fazendo ele continuar chupando seus seios
— Eu amo esse monza branco, lembro da placa dele, BXH-3014, era do meu padrinho! — Rafaela falou
— Patrick apenas concordou
— Isso Patrick, me come! — Ela falou sentindo-se mal — Desculpa eu falar alto assim amor, lá no hospital Santa Rosa o Dr Horowitz falou que eu vou perder a audição tá! — Ela enfatizou
— O que você tá falando? — Patrick parou de chupar os peitos dela — Por que está repetindo isso?
Rafaela pegou no pau dele e puxou a cabeça para fora
— Que lindoooo — Ela falou tentando tirar o foco
— Cadê meu celular! — Ele falou virando o corpo para trás e encontrou o celular no mesmo lugar de antes, fechado, ao lado do tênis velho.
Ele olhou para o celular e depois para ela, passou a mão na buceta dela, os dedos rústicos e grosseiros
— Ei ei, calma — Rafaela se afastou — Assim você me machuca
— Desculpa — Ele a puxou — Vem aqui
— Não sei, tenho medo — Rafaela falou assustada
— Medo de que? eu to aqui, te protegendo! — Patrick falou amoroso
— Eu não sei amor, não quero perder a virgindade aqui, quero num lugar bonito, num hotel, com piscina, ambos de banho tomado, cheirosos, isso aqui não é o que eu sonhei
Ele pegou no próprio pau, estava duro, pulsando
— Mas agora olha como eu to! — Ele falou decepcionado
— Ah, mas isso eu resolvo pra você rapidinho — Rafaela pegou no pau dele e começou a masturbar, estava bem duro, a mão dela quase não dava a volta nele
Deve ter feito uns dez movimentos e ele urrou de tesão, a porra atingiu Rafaela no queixo, ela se esquivou dos proximos Jatos, mas ele direcionou para ela, sendo atingida nos seios, barriga e coxas
Ela ficou olhando para ele, Patrick estava satisfeito, ofegante, abriu os olhos e olhou pra ela com cara de bobo
— Gozou amor? — A pergunta dele parecia estranha, infantil
— Ah sim, muito, foi incrível! — Ela falou dissimulada — Gozei muito
— Desculpe que sua primeira vez não foi do jeito que você queria, a segunda vai ser num lugar melhor
Ela ficou pasma
— Tudo bem, foi mágico, ainda bem que foi com você! Ela afirmou sorridente.
— Eu preciso trabalhar — Ele falou se levantando
Ela ficou observando ele vestir a roupa e ir para o outro cômodo, voltou em seguida e pegou o balde que estava no outro canto e desapareceu, ela não podia vê-lo.
Esperou uns segundos e pegou o celular dele, assim que o pegou Patrick apareceu
— O que você está fazendo?
— Eu ia falar que achei seu celular amor, que você tava procurando, tava aqui do nosso lado, no nosso ninho.
Ele pegou o celular e saiu do cômodo.
Rafaela tremia, quase foi pega.
Deixou que ele saísse para trabalhar ou para qualquer lugar que fosse
— vou trabalhar amor, volto mais cedo hoje
Beijou Rafaela nos lábios, ela cuspiu assim que ele saiu.
Voltou a trabalhar com a lata para raspar a parede, depois de quase uma hora de trabalho sem parar sua barriga roncou de novo, teve a impressão de ter sentido a criança chutar.
— Desculpa meu amor, a mamãe tem que fazer isso pro nosso bem, vamos ter comidinha pra gente quando chegar em casa, a mamãe promete
Ela conversava com sua barriga imaginando que era uma criança e que podia ouvir.
— Você vai adorar chocolate, eu adoro meio amargo sabe, ah e pipoca, pipoca é incrível, é um negocinho cor de laranja bem duro que você coloca no fogo e ele fica branco e fofinho e você pode comer.
Rafaela não desistia, sentia que estava próximo de conseguir, o lugar era silencioso, ela ouviu então helicópteros ao longe, queria sair correndo para olhar, os barulhos eram distantes, ela não conseguia sinalizar ou avisar que estava ali.
Logo os barulhos ficaram mais baixos e desaparecem ao longe
— Estão me procurando — Ela falou sorridente — Tão procurando a gente bebê!
Voltou a trabalhar na parede, agora com mais força, raspava e sentia a parede se desfazer, dava trancos tentando arrancar o pedaço da parede.
— A força é tipo uma magia — Explicou para o bebê — Mas é meio tecnologia, só algumas pessoas sentem ela, é Starwars, um dos filmes prediletos da mamãe, e você vai adorar também aposto!
A corrente estava mais frouxa, balançava mais, Rafaela ouviu um barulho ao longe, carro, acelerou o processo, poderia ser a polícia, mas também poderia ser Patrick
— Se a mamãe fosse uma Jedi, ela conseguiria proteger você e todo mundo de coisa ruim — Começou a chorar — E isso aqui não estaria acontecendo
Firmou os dois pé na parede e segurou a corrente com as duas mãos, colocou toda a força que tinha
— Soooolllltaaaaa caralhoooooo — No meio da sua frase foi arremessada para trás parte da parede e da corrente arrebentaram e a acertaram-na no rosto.
Rafaela caiu para trás distante da parede, longe do colchão mas ainda com a tranca no tornozelo e a corrente pendurada.
O barulho do carro chegou mais perto.
Ela se levantou, estava tonta, sentia fome e dor pela pancada, foi até o outro quarto, achou uma faca grande, enferrujada.
Foi até onde estava e viu o carro branco parando, Patrick parecia apressado, entrou com uma sacola na mão.
— Eu trouxe roupas, se veste, vamos sair! — Ele falou esbaforido e voltando a olhar na janela, de costas pra Rafaela
Ela não podia perder a chance, silenciosamente se levantou, pegou o facão e ergueu acima da cabeça, colocou toda força que tinha, tudo o que precisava naquele golpe
O Facão desceu rápido, enferrujado
No último segundo Patrick viu o vulto e tentou desviar, mas era tarde. Rafaela tinha mirado na cabeça, mas o movimento dele fez com que ela o acertasse no ombro fazendo a faca entrar e ele soltar um berro de dor.
Ela puxou a faca mas não conseguiu, estava presa, era como uma espada presa na pedra
— Vagabunda!! — Patrick gritou segurando o cabo da faca e acertando um chute violento na barriga de Rafaela
A dor foi tamanha que ela se dobrou e caiu de joelhos, demorou quase cinco segundos para retomar a si, segurou a ponta da corrente, um pedaço de entulho pesado e bateu na cabeça de Patrick, ele colocou a mão, mas o impacto fez ele cair no chão desequilibrado.
Rafaela pegou o pedaço do entulho e saiu com a corrente agarrada ao seu pés, cada passo o movimento do metal forçava sua pele, parecia que ia arrancar, correu e entrou no carro.
Sentou no banco do motorista, colocou a pedra no banco do passageiro e passou a mão na chave
— Cadê? — Falou desesperada ao não encontrar, passou a mão no painel embaixo e haviam fios, tomou um choque
— Rafaela! — Patrick vinha de dentro da casa com o corpo ensanguentado e o facão na mão — Rafaela
Ela tentou ligar o carro com os fios, como havia visto nos filmes, escolheu uns e deu curto, ouviu um barulho do motor virar, apertou a trava da porta, precisava manter a calma
— Rafaela!!! — Patrick gritou do outro lado o vidro fechado — Abre isso! — Esmurrava o vidro com um dos braços — Abre agora sua vagabunda mentirosa!
Rafaela sentiu cólicas, a dor era imensa
— Calma meu amor, a mamãe vai tirar a gente dessa, confia, vai dar certo.
Tentava fazer faíscas mas nada fazia efeito, os fios não funcionavam, precisava entender o esquema de ligação, deveria ser simples uma faísca no lugar certo mandaria um sinal…
Antes de concluir o pensamento o vídro explodiu, Patrick arrebentou e segurou ela pelos cabelos
Rafaela gritou de susto e desespero, pegou o pedaço de entulho com a corrente e fez uma espécie de machado acertando o braço de Patrick, fazendo-o largar Rafaela, ela acertou o ombro ferido dele com o entulho fazendo com que ele chorava de dor.
Ela passou a mão nos fios novamente, desesperada mas nada aconteceu, pegou o entulho e bateu na janela do passageiro com força, precisou de duas porradas para o vidro arrebentar de vez, ela pulou pela janela se cortando e se machucando na corrente, entulho e vidros
Ouviu e novo o barulho dos helicópteros
Olhou para cima exausta, seu corpo estava sujo, suado, machucado
Acenou para a aeronaves não sabia se eles a viam, mas conseguiu ver a cor, eram dois, cinza, branco com detalhes vermelho
Resolveu correr pela estrada, Patrick apareceu na frente dela apontando uma arma
— Acabou Patrick! — Ela falou — Para com isso, apontou pra cima — Acharam a gente.
— Não acabou nada, fizeram a sua cabeça, você me ama e eu te amo, ninguém vai tirar você de mim
— Você precisa de ajuda querido, e eu também, para com isso — Rafaela partiu para uma abordagem amigável no meio do absurdo que estava vivendo — Por favor, me deixa.
— Você tá com o demônio, eu posso tirar de você, é só ficar mais tempo aqui
— Para com isso, se entrega, se você fizer isso agora nada de ruim vai acontecer com você nem comigo
O barulho dos helicópteros estavam mais altos, Rafaela agora ouvia sirenes, não pode evitar de dar um sorriso de satisfação.
— Ninguém vai tirar você de mim — Patrick falou apontando a arma pra ela
— Se você me matar eu tbm não vou ser sua! — Rafaela tentou dialogar
— O demônio tá na carne, o pastor me falou isso, se eu tirar a carne sobra só a alma e no paraíso a gente fica junto
— Eu garanto que se você me matar eu não vou querer ficar com você no paraíso
— Por que?
— Porque eu quero viver! — Rafaela estava gritando
O barulho e o vento dos helicópteros eram evidentes
Patrick começou a se aproximar
— Se você correr eu atiro! — Patrick falou resoluto
— Eu não vou correr, quero te ajudar, vamos conversar
— Não! — Ele berrou — fiquei mais de quatro anos atrás de você e você com esse demônio e não queria falar comigo e eu só queria falar com você!
— O que você queria falar? Fala? — Rafaela tentava manter distância, as sirenes estavam próximas, ela podia ver o reflexo das luzes.
— Eu te amo, você vai ser minha pra sempre, só não sabe disso ainda — Ele falou chorando em desespero
— Não é assim que funciona, eu não sou sua propriedade e de ninguém
— Eu te amo Rafaela, eu quero casar com você, te amo deixe a primeira vez que falamos, que ouvi sua voz
— E por que você mentiu pra mim, por que não mandou as suas fotos? Por que não foi você mesmo
— Você não teria gostado! — Ele falou chorando
— Você não sabe, eu acho você bonito, mas não suportei a mentira, se tivesse se mostrado tudo seria diferente
Patrick deu um berro de desespero e dor
— Solta a arma! — Um homem armado e com vários acessórios apareceu — Coloca no chão devagar — Ele apontava para Patrick
Outros policiais grandes e bem armados apareceram e em silêncio apontaram a arma para ele.
Rafaela olhava nos olhos, não sentia raiva, sentia pena, empatia, ele estava perdido e ela se sentia culpada, talvez pudesse ter resolvido isso no primeiro dia dessa confusão toda.
— Rafaela, anda para trás devagar — Ouviu uma voz feminina desconhecida, provavelmente uma policial.
Ela arrastou os pés, havia soltado o pedaço de entulho.
— Não se afasta — Patrick estava com a arma apontada para ela, então, num movimento rápido ele deu dois passos à frente e puxou o gatilho com a pior das intenções.
Rafaela viu o mundo em câmera lenta, o tambor girando, o fogo saindo de dentro do cano da arma e vindo em sua direção, era muito rápido, selvagem e violento demais para ela desviar.
Pensou em fechar os olhos mas só conseguiu quando sentiu o impacto da arma na sua cabeça jogando-a para trás com violência.
O som desapareceu.
Ironicamente o tempo de queda para Rafaela não foi o mesmo tempo que todos observaram, ela caiu por dias, meses e anos.
Durante a queda, ela riu, chorou e se lembrou… mãe, pai, irmão, noivo, um possível irmã, amigos, faculdade… padrinho…
Seu corpo maltratado encontrou o chão, mas era diferente, macio, com cheiro de algo limpo sentiu então uma descarga elétrica em seu corpo e despertou.
Sentou-de uma só vez
Era um hospital, havia alguém junto dela, ela conhecia o lugar, trabalhava ali.
Tocou o rosto, estava enfaixado, não conseguia ouvir nada, passou a mão no rosto, sentiu os ferimentos e chorou de desespero.
Cutucou a pessoa que estava ao lado da cama, era alguém careca, o topo da cabeça reluzente.
Quando tocou a cabeça um rosto se levantou, ela conhecia bem, era sua ex melhor amiga, Amanda, o rosto era estranho, Paladino e inchado
— Onde eu tô! — Rafaela ouviu a própria voz num volume muito baixo
Amanda abriu a boca e falou algo, Rafaela não entendeu.
Rafaela colocou a mão na barriga
— E o meu bebê? — A expressão de Rafael era de Pânico, ao toque havia sentido um vazio, algo estava errado ali.
Amanda fez uma careta triste e balançou a cabeça negativamente.
Rafaela conseguiu ler os lábios de Amanda:
“Aborto expontâneo”
Levou apenas um segundo para que a informação atingisse o cérebro de Rafaela para em seguida despedaçar por completo seu coração, Rafaela deu um berro de desespero em que todos do hospital, e quiçá do quarteirão, puderam ouvir, exceto ela mesma.
Publicar comentário